segunda-feira, dezembro 22

...Eu não sabia que tudo ia dar certo hoje (agora não vai dar mais só porque eu disse que estava dando), porque eu tive dias em tudo deu muito errado. Nem sabia que ia ter tempo sobrando para ficar aqui vendo o tempo passar. Tudo isso para dizer que, se eu soubesse, ao invés de existir este post que não quer dizer, existiria uma foto aqui agora.
A grande merda de ficar muito tempo sem escrever é que quando a gente senta para escrever, tem tanta coisa pra sair, que tudo sai condensado, não desenvolvido como seria bonito de desenvolver.
O grande barato é que ficam sugestões a serem desenvolvidas.

Signos

Faziam anos que eu não lançava mão do "Seu Futuro Astrológico" com fins de pesquisa.
Tinha esquecido como era divertido isso!!!

O que me lembra que tenho que correr na banca de jornais para comprar aquelas revisitinhas vagabundas de previsões para o ano que tanto me confortam!

Pode parecer besteira. Muita gente acha.
Eu, eu acredito em muita coisa que ninguém acredita.
Acredito e assumo todas as características do signo de Câncer, entendo perfeitamente as consequências da minha lua em Libra, fico pasma ao constatar que as minhas melhores amigas - a exceção de umazinha só - são todas virginianas, reconheço cada traço escorpiano da minha filhota (uma relação deveras interessante esta nossa câncer x escorpião), pago meus pecados com todos os arianos espalhados pela minha família mais próxima. Não pude deixar de pensar "putz, tô perdida".
Não entendo tudo. Entendo menos que muita gente.
Mas, super acredito.

Lindo e triste (Nua)

...Essa coisa de ter passado um bom tempo do meu ano dedicada aos contos de fadas - lendo, estudando, pesquisando, entendendo - provavelmente me deixou um pouco (mais) pirada.
Depois daquele dia em que questionei que direito tinha eu de segurar a criança para que ela não saísse voando na ventania, impedindo que, assim, ela pudesse ter aventuras fantásticas, dei para ter as mesmas fantasias em torno do ralo da banheira.
Eu explico.
Todas as vezes em que ela toma banho de banheira eu brinco que ela tem que tomar cuidado para não ir pelo ralo. Logicamente, eu sei que isso não é possível. No início ela tinha até bastante medo disso acontecer de verdade, mas o medo foi embora e deu lugar à curiosidade pelo dito ralo. Hoje, a diversão é ver a água indo embora, pôr o dedo lá. E eu brinco: "Então tá bom, boa viagem, quando voltar me conta tudo, tá?".
E então lá fui eu...
E se ela fosse mesmo? E se isso fosse possível?
A cada banho eu penso nisso.
Dava uma história...

...Assim como "A Mulher Que Vendeu o Natal".
O título não é meu - deram pra mim.
É a história que eu estou vivendo agora.

Essa e as outras...

Períodos de descontrole têm isso.
A última vez que me lembro de ter um enredo pessoal tão cheio de tramas paralelas foi quando fui parar na Bahia. Ao mesmo tempo existiam muitas histórias acontecendo. É uma administração difícil.
Tenho me lembrado constantemente de uma pessoa que conheci há uns anos atrás que me disse que eu estava perdida. Ando me achado um pouco perdida.
Não que coisas ótimas não estejam ocorrendo. Estão.
Amigos de longe, amigos de perto, felicidade bombante em contraste com tantas outras coisas. Não posso reclamar, ainda que ande sentindo cada dia mais a saudade de ter um bicho de estimação que durma comigo e me aqueça nas noites mais vazias, ainda que tente compensar o que eu sinto ou deixo de sentir com plantas novas e barris de cerveja.
Cancerianos.
A gente gosta de rotina. Gosta de saber aonde vai. O que vai fazer.
É um período de espera. Não muitos dias. Menos de um mês.
Mas, o quê que a gente faz quando tá esperando?
Pra que lado a gente segue?
Como se preenche isso?
Como a gente escolhe direita, esquerda ou no meio?
Ou não escolhe?
Detesto não saber. Ter que esperar para resolver as coisas da minha vida. Só saber que existe uma viagem, existe uma volta e que aí, sim, vou poder andar, decidir, fazer, produzir, esperar. Tranquila.
Não posso reclamar, mas este fim de ano está um fim de ano.
Engraçado. Bonito. Cheio de encontros.
Mas, ainda assim, um fim de ano.

Outro dia quase chorei depois de um passeio com a minha filha.
Bati os olhos numa vitrine - coisa raríssima - e...
"Olha, filha, quantas camisolas lindas!!!"
"Mãe, você já tem uma camisola de oncinha."
"Eu sei, mas eu quero outra, o quê que tem?"
(Ando numa fase terrível. De repente oncinhas me parecem o que há em termos de estampa, dourados passaram a existir entre as minhas coisas e nos tons em que pinto as unhas, meu desejo ancestral de possuir um par de tamancos com plumas voltou com força total e conjuntos de lingerie com detalhes floridos e laços que eu não possuo passam a ter lugar na cobiça. Uma coisa assustadora, mas eu estou adorando cada minuto.)
"Tá bom, quando eu receber meu dinheiro, eu vejo pra você. Calma, tá?"
(Eu falo assim com ela.)

Mais tarde, meu pai resolveu fazer uma visita e deu umas moedas para a Olívia, que no mesmo instante me olhou e disse: "Pronto, mãe, agora eu tenho dinheiros para comprar a sua camisola de presente de natal".
Lindo e triste, né?

Tô assim, achando tudo lindo e triste.

De noite é pior.
Até porque, meu silêncio, que é meu e eu amo, é um silêncio completo..
Lindo e triste.

Os beijos.
Os encontros.
Tudo dura somente o que tem durar.
Me agarro às pessoas querendo que elas não me deixem, não vão embora. Uma coisa quase antropofágica.
Todas.
Você, você e você também.
Tudo muito lindo e muito triste.

Eu queria que fosse fácil explicar, que fosse fácil entender.
Não anda mais cabendo tanta beleza e tanta tristeza no meu coração.

quarta-feira, dezembro 17

Desculpa, eu ando mau humorada ao extremo com o final de ano.
Nada me anima e eu só penso em viajar e começar a arrumar a minha vida na volta.
Ou seja, até pelo descanso eu tô passando batida.

Às vezes...

...Basta pouco para ser feliz.

Como o incrível supermercado incrível da minha rua resolver voltar a funcionar e eu poder, finalmente, ter uma porção de coisinhas gostosas à minha disposição e poder voltar a cozinhar de verdade por causa disso;
Como ver a felicidade da sua filha com a eminente chegada do Papai Noel e olhos brilhando cada vez que ela beija a árvore de Natal;
Como ter de novo Tv a cabo em casa e poder ver um seriado legal - ou esnobar o seriado legal por escolha própria.

...também basta pouco para ser infeliz.

Como não conseguir parar de se preocupar em ter que arrumar um emprego e pensar em grana;
Como aquela sua calça limite chegar ao limite da sua cintura, o que prenuncia um mês de janeiro de muitas privações gastronômicas;
Como o pensamento que também não abanadona de que a vida acontece lá fora e eu estou perdendo alguma coisa quando fico em casa nos finais de semana;
Como a mania que eu tenho de não conseguir segurar a língua dentro da boca de vez em quando que me faz dizer coisas pras pessoas que as normas de conduta humana não aconselham...

segunda-feira, dezembro 15

Férias?

Teoricamente, elas começaram.
Isso significa que estarei mais longe do que o habitual deste ambiente virtual, logo, paciência.
Eu continuo anotando as minhas coisas, mas, como saí de casa baratinada, como de hábito, esqueci em cima da mesa.
Desde que começaram as férias já ajeitei coisas na minha casa, na casa da minha mãe, fiz as famigeradas compras de Natal...
Estas me dão a felicidade de escolher coisas legais para todas as pessoas que me aturam durante o ano, mas me dão uma deprêzinha básica ao vislumbrar o efeito arrasador que tiveram na minha conta bancária. E ainda vai existir uma nova reunião familiar em casa, para meu desespero de mulher limpadora e dona de casa em busca da perfeição.
Ainda estou correndo, correndo, correndo e com algumas considerações nada edificantes a fazer, mas vai tudo ficar pra outro dia.
...Era só pra dar alguma satisfação. :)

terça-feira, dezembro 2

Recaída da Velhinha. :D


Quando estou na pior, fico tipo a Lily Allen. Adoro desabafar no meu diário virtual, escrever músicas mandando recados para namorados, ex-namorados, faço a maluca e saio pelada na rua e me sinto derrotada facilmente. Tenho que sair dessa, gente!

Qual celebridade você é quando está na pior?






Hahahahahahahaha
A-mei!!!

Lista de tarefas

- Matrícula no colégio - Ok.
- Viagem de Ano-novo - Ok.
- Presente de Natal da Licas - Ok.
- Trabalho de Filosofia - Ok.
- Monitoria - Acabou.

Falta

- Cama nova da Licas montada.
- Tv da mamãe consertada.
- Chamar o técnico da Máquina de lavar para assinar o óbito.
- Levar o edredom pra lavar.
- Comprar minha sapatilha fashion nova.
- Esperar a NET.

Dormir 3 dias seguidos.

Sonhar com um capacho novo, plantar novas plantas, dar um jeito nas velhas, arrumar uma roupa pro reveillon, ver uniforme novo da criança, tomar coragem para recolher material para o exame dela, ver presente pelo menos para a mamãe e para as tias, faxinar lugares desagradáveis e empoeirados da casa, segurar a onda para conseguir colocar uma fechadura nova e comprar um creminho para os pés. Se der, comprar lembrancinhas para as amigas que tanto merecem.

Depois dormir mais 3 dias seguidos.

Tô exausta...

quinta-feira, novembro 27

(Eu ia publicar um post com dancinha da felicidade por hoje ser o último dia pelo próximo mês e meio or so em que eu tive que acordar as 6 da manhã para estar em algum lugar. Aí lembrei que segunda-feira - SE-GUN-DA-FEI-RA - ainda tem mais um desses dias. Chuif.)

quarta-feira, novembro 26

Suspense

Minha próxima investida ia ser isso aí.
Tá. Tem gosto de drops (ergah e seja lá qual for este gosto). Tá. Linha jovem.
Mas eu fui uma jovenzinha tão feliz carregando essas caixinhas por aí!!!
(Ando com mania de caixinha, cara, acabei de me tocar!)
E hoje sou uma velhinha que vive com a boca descascando porque todas as outras do mundo a-do-ram ar-condicionado e eu vivo minha vida a sofrer...
Mas...
...E o medo agora?
...Também...
...Quem precisa conhecer o Saramago, né?
Né?

Delete

...E, neste exato momento, meu professor entra em sala dizendo que eu poderia estar na ABL dando mãozinha pro Saramago...

...A semana começou tão bem!
Tão cheia de esperanças e dancinhas de felicidade!

Mesmo fedendo a birita sem ter biritado e com um pouco de muito ódio no coração, a vida continua bonitinha, o fim de ano não é malvado, tudo vai dar certo e eu vou fingir que o dia de hoje não existiu, certo?

>>>NEXT!!!

O Cheiro do Mimo

...Ainda fui me fazer o mimo de comprar um desodorante novo...
Eu tenho loucura por cosméticos - perfumes, shampoos, sabonetes - com cheiro de rosas. No meu aniversário descobri a lojinha da Mahogany, que tem várias rosas diferentes, mas, não é coisa pra comprar toda hora; ainda mais estando desempregada; então, eu fui fazendo lista das coisas que eu queria.
O desodorante eu achei que podia ser uma boa idéia, ainda por cima custava o mesmo que o desodorante que eu já usava. E comprei. Toda feliz.
Então hoje, o dia do lencinho, fui eu usar o meu novo mimo pela primeira vez. Eu ando merecendo mimos.
Eis que, no meio da aula - a que eu dou assistência - comecei a sentir um cheio de chopp, cerveja, sei lá... Passei a aula toda bolada, mas tudo bem.
Fui em casa, tomei banho, almocei e... no ônibus, lá veio o cheiro de novo.
Cheguei na faculdade de volta e... o cheiro de novo.
Aí me toquei que o cheiro era meu!
Era do meu desodorante!
Passei a visualizar concretamente o que aquele cheiro poderia se tornar quando eu saísse pra dançar, ou tivesse que passar dias inteiros na rua. Visualizei concretamente o abalo que o cheiro teria na minha reputação - ainda mais agora que eu ando bombando.
Ainda tenho que esperar mais umas duas ou três horas para que eu possa entrar debaixo de um chuveiro e me livrar deste cheiro mortal. E ainda vou ter que comprar um desodorante novo.
Nunca um mimo deu tão errado na minha vida...
Porque as pessoas não respondem meus e-mails justo nos dias que eu mais preciso que elas respondam?

Porque eu agora só penso em finais de semana, finais de semana, finais de semana?

Espírito de porco

Penúltimo dia de monitoria.
Última quarta-feira que eu precisei acordar antes das 6 da manhã pelo próximo mês e meio, dois.
Dane-se.
Abortei o banho.
Três dias que eu já uso o macacão para ir à faculdade porque sinto frio, está chovendo, minhas pernas estão cabeludas e ele é confortável. às 6 horas da manhã, a pessoa precisa de conforto.
O cabelo estava sujo, mas, poxa, resolvi me valer do truque do lencinho na cabeça.
Eis que, neste momento minha pequena filha adentra o banheiro e desanda numa gargalhada.
- Mãe, você está parecendo uma cinderela!!!
- Gostou, filha?
- Achei engraçado!!! TODO MUNDO na rua vai achar engraçado!!!
E continuou rindo da minha cara com toda a vontade...

terça-feira, novembro 25

A-D-O-R-OOOOOOOO!!!



Como eu estou atrasada e não tenho mais TV a cabo, ontem me joguei.
Cheguei na locadora, dei de cara com a 3ª temporada, recém-chegada lá, me esperando e encarei direto os 5 primeiros episódios!
Quero mais!!! Quero mais!!!
Talvez eu nem saia de casa esse final de semana...
(HAHAHAHAHAHA)

segunda-feira, novembro 24

Ip Ip Hurra!!!

I've got my mojo back!!!

segunda-feira, novembro 17

Vivificação do humor

Marte em sextil com Lua natal
DE: 17/11 , 20h40ATÉ: 30/11 , 8h
Bom humor e boa disposição social tendem a ser a tônica do período que vai dos dias 17/11 e 30/11 para você, Renata. Marte estará formando um ângulo estimulante e harmonioso à sua Lua de nascimento, e isso costuma dar uma dinamizada à vida emocional do indivíduo. Cores mais leves passam a tonificar o seu emocional, e este não é apenas um momento socialmente interessante como, sobretudo, tende a ser uma fase de reações emocionais positivas.
É curioso observar, Renata, como muitas vezes passamos dias, às vezes até meses e anos mergulhados numa chateação ou ressentimento. Remoemos aquilo, até que de repente - bum! - a coisa passa. Em geral, são nos ciclos positivos de Marte com a Lua que a pessoa simplesmente "espana a poeira" e se livra de emoções chatas que não lhe servem mais. E este momento, para você, é agora!
Daí a importância de, neste momento, conhecer gente nova, permitir-se trocar emoções com os outros, fazer coisas que lhe dão prazer. É um bom momento para o intercâmbio de sentimentos, para a expressão das emoções, sobretudo com as pessoas mais íntimas, da família, os amigos mais chegados, ou os amores.

Vamos combinar que eu estou mesmo precisada de um trânsito desses...

quinta-feira, novembro 13

Show de lógica

- Tá chovendo, mãe!
- É, filha, São Pedro tá maluco!
- Porque?
- Porque ele não resolve se chove, faz sol...

Mais tarde...

- Mãe, o quê que você tá fazendo?
- Tirando o esmalte.
- Porque?
- Porque descascou e ficou feio, mas eu ainda não resolvi se vou pintar de novo.
- Que nem o pai do céu...
- Hein?!?
- Que nem o pai do céu que ainda não resolveu se chove, faz sol...
- Hahahahaha Que nem São Pedro, filha.
- Que mora com o pai do céu, ué!

Tá certo.

quarta-feira, novembro 12

Mea Culpa

Eu não posso reclamar.
No dia em que eu tomo um cano, vou direto ver um filme sobre relacionamentos.
Hoje, resolvi ler o blog do Romário.
Deu aperto no coração.
É muita vontade de ser infeliz mesmo.
Credo.

(Acho que o remedinho tá fazendo efeito...)

terça-feira, novembro 11

Todo ano

A nossa casa é a única que eu saiba que já tem sua árvore de Natal montada - tirando as dos shoppings - que recebe todos os dias beijos de bom dia, boa noite e até logo da minha filha, que já está encantada, enfeitiçada e esperando pelo bom velhinho com todas as suas forças.

Por outro lado, mal sabe ela que a sua mamãezinha linda já se transformou nesse cara aí debaixo, como é de praxe. A árvore se monta, mamãe muda de figura. Todo ano. Todo ano. Todo ano.
Já tô achando tudo uma merda, com o pescoço duro, resolvi que comprar pratinho de papai noel é o caralho e por aí vamos até o ano novo...


Lei do descontrole

Deveriam criar leis que proibissem mulheres em descontrole de comprar cervejas para beber enquanto ficam vendo filme de mulherzinha numa noite em que - teoricamente - levaram um cano.
O resultado poderia ter sido desastroso.
Graças a Deus, foram só três ou quatro mensagens não muito malcriadas e nenhuma menção ao que realmente anda me incomodando, porque não ia pegar bem.
Definitivamente.
Agora, imagina se eu tivesse internet em casa?
Este blog ia ter um dos posts mais deprimidos e deprimentes de sua não tão longa assim vida; várias pessoas receberiam e-mails bêbados com coisas que a gente não deve dizer ainda, mais ou nunca; fora o aluguel de terceiros e quartos via msn.
Um surto desses pode acabar com muita coisa na vida da pessoa - ou complicar bastante.
O e-mail foi substituído por um caderno que ganhou uma carta que não vai ser mandada, o post foi ruminado pela casa, o aluguel não houve e a saudade eu engoli. As mensagens foram inevitáveis e incontroláveis, mas isso dá pra ajeitar depois, eu acho.
A gente devia a ser obrigada a usar uma espécie de pulseirinha do humor que fizesse as pessoas saberem de saída a quantas anda seu humor e qual o perigo que você representa para a sociedade em determinado dia ou época, assim, por mais destrutiva que você esteja, eles iam te obrigar a não fazer cagadas monumentais - além de te lembrar que comprar um bom calmante na farmácia geralmente sai mais barato que comprar todas as outras coisas que você acaba comprando em dias de descontrole; sejam elas chocolates ou sapatos novos.

segunda-feira, novembro 10

Eu não quero saber como foi o show do R.E.M., tá?

Porque eu passei a minha tarde de sábado debaixo de um sol africano esperando "Papai Noel" descer de rapel lá de cima do shopping enquanto quatro babacas que se auto entitulavam "Hannah Montana Cover" davam umas sacudidas em cima de um palquinho merda no meio da rua enrolando a plebe.
Um dos momentos mais deprimentes da minha vida e um dos mais felizes da minha filha.

Porque eu agora sou uma mulher responsável que tem que guardar dinheiro pra matricular a filha no colégio e não pode mais gastar dinheiro em nada divertido para si própria.

E porque eu tô tentando abstrair, mas, na verdade, estou cheia de ódio no coração.

Ok?!

quarta-feira, novembro 5

Trava intelectual

...Porquê, com dez mil caralhinhos, eu fui inventar de namorar o Bettelheim? Bem feito pra mim que agora tenho que usar o cara em dois trabalhos monstros e não consigo terminar de ler o livro!!!

Fim de Ano - A Saga Recomeça ou Sofrimento Parental

Ano.
Período de 12 meses.
Assim que você se acostuma a ele, ele chega ao fim.
E fim de ano é foda.

Principalmente para quem tem filhos.

Primeiro vem o Dia das Crianças.
Data comercial; mas mãe nenhuma vai negar presente pra criança só por causa disso, certo? No meu caso, que tento ensinar que brinquedos caros são presentes feitos para ocasiões especiais, significa uma grande despesa.
Despesa que eu faço quase 100% feliz, porque eu tenho certeza de que a minha filha super merece acordar ou chegar no dia 12 de outubro e encontrar um dos brinquedos que ela tanto cobiça durante o ano embrulhado, para ela, dela.
Agora, 15 dias depois desta alegre data, nasceu a minha criança.
E aniversários devem ser sempre comemorados – ainda mais quando são da minha fabulosa e amada filha!
Agradeço cada dia de vida dela, mas a virada de mais um ano é literalmente uma coisa emblemática.
Ainda porque eu sou completamente apaixonada por ela e tenho certeza de que ela merece, procuro fazer tudo que eu posso para que a data seja inesquecível e deliciosa para ela. Festa, só de dois em dois anos porque a aporrinhação é imensa, depois porque um festão custa uma fortuna da qual eu não disponho.
Mesmo assim, qualquer festinha para meia dúzia de três ou quatro da família e alguns amigos, significa trabalho e novas despesas. Fora que nessa ela super se deu bem, já que, 15 dias depois de ter ganho um presentão, vai ganhar outros tantos.
Depois que tudo isso passou este ano – e eu digo tudo isso porque o planejamento, a pesquisa de preços, as compras, a poupança; tudo; começa bem antes dos eventos propriamente ditos e cansam bastante – eu suspirei e achei que ia ter algum tempo de descanso. Que poderia desopilar o corpo e a mente por algum tempo.
Ledo engano.
A mente anda muito ocupada com leituras nada intelectuais enquanto deveria estar construindo grandes paradoxos psicológicos para duas matérias que estão firmemente empacadas devido ao estado quase catastrófico em que ficaram os neurônios depois de tantas aventuras e preocupações.
O corpo anda recebendo passadas generosas de gel para pernas cansadas, porque eu não tenho mais 16 anos e fazer tudo que eu faço não é mole.
A mente anda tentando convencer o corpo de que açúcar é malvado, açúcar é ruim, chocolates são coisa do demônio, mas o corpo ainda não se convenceu disso, para minha infelicidade.
E ainda tem a carência, a crise de abstinência... Mas, não vou entrar nesse campo.
O tempo que eu tive, foi de uma semana para ficar dando voltas atrás do meu próprio rabo, que passou rápido demais, e, quando me dei conta, já é novembro.
Além dos lojistas me fazerem a grande contribuição de arrumar as lojas, os shoppings, a vida, para o Natal – a fantástica data simbólica do nascimento de Jesus Cristo lá em tempos distantes, em um lugar muito, muito distante, que hoje é comemorada em reuniões absolutamente excitantes em família; reuniões estas que, aviso, é de meu costume reclamar sobre freneticamente, mas depois adorar cada minuto delas, por mais qualquer nota que elas possam ser – que não só ainda demora mais de um mês para acontecer, como faz com que a minha pequena volte à carga dos pedidos de presentes como se não houvesse amanhã e ela não tivesse acabado de ganhar mais uma porrada de brinquedos novos. Assim, já sou eu uma mãe preocupada em guardar dinheiro para comprar símbolos do natal cristão para enfeitar a nossa casa, presentes não só para a pequena ambiciosa, como para o resto da família e um ou dois amigos mais sortudos.
A simples visão de um Papai Noel já está me deixando com torcicolo.

Como se não bastasse tudo isso, já é novembro.
O que também significa que eu estou em cima do laço para escolher uma nova escola para a estrela do meu lar.

Quando eu escolhi a primeira escola, existia tempo livre e hábil.
Pude percorrer coisa de quase 10 até me decidir pela que melhor cuidaria do meu bebezinho – que é o que ela era naquela época.
E foram 3 anos muito felizes.
Ela fez amizades, eu fiz amizades, senti muito carinho da escola em geral com ela, que é uma criança ,até aqui, muito bem orientada e feliz.

Mas, os anos passaram; nós nos mudamos, meu tempo – nosso tempo – é, cada vez mais, um artigo de luxo, a faculdade está quase no fim e um emprego é mais do que prioridade já há algum tempo, o colégio antigo é caro, fica longe de casa, a minha coluna está ficando em frangalhos e eu estou sempre exausta, e então, um novo colégio é necessário.
Cai por terra o meu desejo de não ficar mudando de colégio demais como foi comigo, me dá dói a possibilidade de pegar gosto pela coisa e fazer dela uma pessoa incapaz de estabelecer vínculos duradouros nas pessoas, mas a coluna ainda dói mais.

O primeiro passo é a apelação lógica da coisa: precisamos de algo que seja mais perto de casa e não deixe a desejar no conjunto de coisas que a escola atual oferece a ela.
E foi com esta idéia na cabeça que eu fui visitar a primeira escola esta semana.
Fiz questão de levar Madame Florzinha comigo para que ela também visse o ambiente e eu pudesse observar como ela ia se comportar dentro dele. E esta primeira nova escola me encantou!
Acabou sendo muito mais do que eu esperava, mesmo tendo ouvindo boas recomendações e tudo mais. O único problema é que mesmo o horário integral não cobre todas as horas que preciso e imagino que precisarei ficar fora de casa.

Para tirar a prova e poder ter um contraponto qualquer, ontem fui visitar a segunda escola que fica praticamente na porta da minha casa.
Dessa, que tem várias unidades e um nome bastante conhecido, eu esperava mais. Achei o espaço pequeno, ruim mesmo. Impliquei até com o atendimento que recebi por lá. Mas, esta tem um horário que cobre todos os meus supostos horários.

A questão é que, se eu puser ela na escola maravilha, muito provavelmente vou precisar pôr alguém dentro da minha casa, nem que seja só para buscar ela no colégio e dar o jantar. Sempre torci muito o meu nariz para empregadas e babás. O trabalho é meu. Eu que faço. Eu que sou a mãe. Não só é muito difícil arrumar alguém em que você possa confiar a guarda momentânea da sua criança, como eu também, quando criança, passei maus bocados com empregadas e afins. E ainda tem o detalhe que esta pessoa vai precisar ser paga por isso – o que significa mais uma despesa – e ainda vai ter que comer, usar a minha luz, meu telefone – o que também significam mais despesas. Uma pessoa dentro de casa pode muito facilmente passar de um luxo ou uma ajuda a uma coisa muito dispendiosa e difícil.
Fora o estrago que algumas horas por dia com a pessoa errada podem vir a fazer na edução suíça que eu tento dar à criança. Lavagem cerebral é uma coisa que super dá certo.
E aí, existe um colégio cujo o espaço não é uma grande maravilha, mas que tem um bom nome e a esperança de que, se ela continuar, uma casa maior e mais arejada que esta no futuro. Que o horário integral, puxado, cobre todas as horas que eu teoricamente precisarei – visto que a intenção é arrumar um emprego no próximo ano – o que significa que as minhas despesas fixas, que já não são pequenas e felizes, não aumentem tanto e eu não tenha que conviver com uma outra pessoa dentro da minha casa, pra comer, gastar, cuidar da minha filha e, ainda por cima, sem sexo!

E isso tudo sem falar naquela coisa que se chama matrícula, que é uma fortuna, que obviamente eu não disponho porque todas as contas são feitas na ponta do lápis e nunca sobra. Em quase 10 meses comandando um lar, é com muito pesar que observo que não consegui juntar um mísero centavo para despesas bisonhas feito esta. Já antevejo a compra de material e uniforme e o tempo que ainda vai levar para ajeitar algumas coisas de casa que eu queria e precisava.

De repente, ontem, me vi numa encruzilhada.
Sem saber o que fazer pela primeira vez em anos.
Tive que pedir ajuda pra mamãe, porque a criança diz que gostou dos dois lugares e nem tem a bondade de escolher para que eu possa dizer que foi ela que quis.
É muito difícil e doído escolher a quens você vai entregar a sua filha enquanto você termina de estudar porque não foi esperta o suficiente para fazer isso no tempo devido e agora precisa muito para poder arrumar um emprego maneiro que dê alguma grana e tenta começar a exercitar o binômio estuda&trabalha – ao qual você não tem lá muita certeza se vai sobreviver e já desencadeia uma enxurrada de sentimentos de culpa e saudade que só as mães têm quando precisam escolher e fazer coisas como essas. Uma solução vai ter.
Foda vai ser chegar nela.

E, quando o torcicolo atacar sem piedade, eu sempre posso pensar no Natal.
Hehe

sexta-feira, outubro 31

Meus belos neurônios estão pedindo arrego.

quarta-feira, outubro 29

I'm Batman!!!


(...É que hoje eu tô boba de dar dó... Hihihi)

Uma lembrança

Eu não sou uma garota muito chegada em primeiras vezes.
Não me lembro do primeiro livro do Stephen King que eu li, do primeiro disco que eu comprei, do meu primeiro porre... E essas lembranças esquecidas são parte, definitivamente, do que eu gosto hoje, da minha história e de como eu me tornei quem eu sou (eu e todo mundo).
Por isso é tão especial quando, de repente, eu consigo me lembrar de alguma delas.
Assim que eu acabei de ler o livro aí do lado sobre as mitologias africanas, passeando numa livraria qualquer de um lugar qualquer, namorando todos aqueles livros todos que as pessoas escrevem e que eu cobiço diariamente, me deparei com um volume de “Tenda dos Milagres”, do Jorge Amado.
O lance é que eu nunca li nada do Jorge Amado – e eu gostava do cara, achava simpático e quase tudo que eu já sabia de Bahia foi tendo ele como professor. É uma lacuna da minha longa lista. Conheço a maioria das histórias pelo relato de outras pessoas ou pelas versões cinematográficas ou televisivas que foram feitas.
E quando eu me deparei com “Tenda dos Milagres”, lembrei.
Lembrei que foi por causa da adaptação dessa história que eu vi pela primeira vez, na tv, um orixá. Um terreiro. Aquelas danças, com aquelas pessoas paramentadas de saias e contas, que cantavam, entravam em transe. E aquele povo que acreditava naquelas coisas.
Pra mim, era um conto de fadas novo.
Foi a partir desse romance que eu nunca li que eu passei a pesquisar mais sobre o assunto, que eu fui procurar aquilo em alguns dos lugares onde eu andei. Nunca foi minha intenção me juntar àquele povo, mas ver aquilo acontecer, me maravilhar com aquele espetáculo que eu passei a achar tão bonito.
Porque é bonito pra caramba.
Foi ali que eu quis saber quem eram aqueles personagens, qual era a etiqueta, quais eram as suas histórias. Dali, tirei várias superstições e conheci várias coisas.
Estou longe de ser Phd no assunto – ainda tenho muito a aprender; mas me deu uma alegria imensa lembrar de onde saiu essa parte do meu gosto por essa história, essa cultura, que eu não lembrava.

Um domingo qualquer

Domingo.
Chovia.
Olho pro chão e vejo os meus pés, enfiados dentro do meu único par de all stars (hoje é converse, né?), que eu só fui comprar depois dos 30 anos, que me dão uma falsa sensação de juventude e que são os meus tênis de chuva, visto que também são os sapatos mais resistentes que eu tenho. Enfim, os tênis.
Os tênis estavam desamarrados. Faziam alguns dias que eles teimavam em desamarrar e me deixar andando na rua com cadarços que iam balançando de um lado para o outro, seguindo o meu ritmo de caminhada. Além de soltos, estavam molhados.
Tudo estava molhado, porque eu não acredito em guarda-chuvas.
Enquanto eles balançavam, também caía pela ponta do meu nariz uma grossa gota de chuva.
Por alguns minutos, andei por aí me sentindo e me lembrando como era ser uma menininha melequenta.

Saindo da chuva, emergi no metrô.
Assim como eu estava molhada e começando a ficar com frio, o metrô naquela tarde era igualmente frio.
Como não havia sol, não existiam aquelas enormes famílias que pegam o trem de Deus sabe lá aonde, paramentados com o melhor de moda praia e cadeirinhas e barraquinhas e sacolas e lanches e crianças e toda uma sorte de coisas debaixo dos braços para ir à praia na Zona Sul, que é chique, ao invés de ir tomar um bom sol na laje - que, na minha opinião é muito mais higiênico já que não tem areia com cocô de cachorro, mar cheio de cocô de gente, enfim, sem cocô, saca?
Como não havia sol, não existiam nem as famílias de papai-mamãe-filhinho que vão passear na rua, visitar a vovó, ir à festinhas.
Naquela noite, eu havia recebido a visita de duas avós falecidas nos meus sonhos. Eu ando tendo um sonhos esquisitos. E nem sempre me lembro de entrar na internet para ver o quê exatamente eles significam. Como o assunto era justamente o aniversário de uma delas, que, no sonho estava personificada na outra, minha primeira análise leiga foi que o meu inconsciente andava totalmente dominado pelo tema aniversário - tão dominado que até em sonho essa praga anual de aniversário/ festa insistia em me perseguir.
Inconsciente, consciente, tudo estava voltado pelo tema; não fosse a certeza que começou a me assaltar de que, aos 31 anos, finalmente aconteceu comigo de inventar de me apaixonar por um professor - coisa que eu nunca imaginava que ainda fosse acontecer comigo. É muito louco essa coisa de endeusar uma pessoa que você definitivamente não pode nem pegar e se esforçar feito uma alucinada para que a pessoa fique absolutamente encantada com a sua inteligência e carisma. Não poder perder uma aula sequer, saber tudo de cor e só pensar nisso em todo e qualquer tempo livre que você possa ter na vida. Procurar na rua, esperando encontrar, esbarrar. O tipo de situação que te deixa na dúvida se é falta de roupa pra lavar no tanque, falta de um cacho novo que te coma de verdade, essas coisas...
Como não havia sol, só existiam uma meia dúzia de pessoas perdidas. A maioria como eu, perdida, sozinha, com frio, usando umas caras não muito satisfeitas com a vida. Esta, a principal diferença entre nós: me vi bastante satisfeita em estar praticamente sozinha naquela enorme estação de pedra, naquele dia feio de domingo. Tem dias em que ser uma menininha de cadarços desamarrados num mundo grande e vazio é tudo que uma pessoa pode querer.

Rolo de rir!!!

Num daqueles gloriosos dias em que fui exercer a minha cidadania forçada, estávamos eu e minha filha na casa da minha mãe esperando ela chegar. Enquanto isso, resolvemos nos aproveitar das boas graças da Tv a cabo - que inexiste na nossa casa. Estava começando a passar num dos canais infantis "O Corcunda de Notredame", que a pequena se sentou animadíssima para assistir.
Alguns minutos depois, vovó chega em casa é imediatamente saudada com:
"- Olha, vovó: o côcunda de mac donalds!!!".

terça-feira, outubro 28

Ufa!

Depois de uma semana extremamente frenética, organizando duas festas de criança e preparando tudo para sermos uma dupla de dama de honra e madrinha impecáveis - dentro do possível - num casamento, onde tive vários piripaques físicos porque tudo virou muita coisa pruma mulher só, apesar de ainda haver gente que acredita piamente que eu não faço nada da minha vida (rá!), estamos quase de volta à programação normal.
Tudo foi um sucesso, tudo deu certo, todos ficaram felizes, eu já dormi, já lavei a meia tonelada de louça que se aglomerou na minha cozinha e já leio um novo livro e volto a me dedicar à filosofia.
Desenvolvi uma nova fixação nova, que me ataca uma vez a cada cinco anos, uma coisa assim meio eleição, onde eu começo a cobiçar prateleiras e mais prateleiras de cremes e coisinhas de beleza de todos os cheiros, formas, cores e efeitos. Eu adoro e sei que vocês também adoram as minhas fixações esquisitas. No momento, estou dedicada a um tratamento capilar com um sei-lá-o-quê de orquídea e de olho num creminhos bacaninhas para os pés e rugas.
De ontem pra hoje, pessoas esquisitas passaram a me olhar na rua e falar coisas que eu não entendo, o que eu acho muito esquisito, mas eu vou deixar pra pensar nisso se isso continuar até a semana que vem.
Mas tudo o que eu ando pensando mesmo, mesmo, MESMO esses dias é que eu tô precisando levar uma pegada "daquelas". Falta oferta, mas tão aí Papai Noel e São Judas Tadeu preu fazer meus votos, né, não?

segunda-feira, outubro 27

Poxa vida, realmente não dá pra pessoa ficar longe do computador.
Nas duas últimas semanas, Ivete Sangalo engravidou E perdeu o bebê e a Luana Piovani já separou do Dado Dolabela de novo.
E eu só perdendo esse tipo informação essencial à minha vida...

quinta-feira, outubro 23

Não tô dando conta...

domingo, outubro 19

Iupiiii!!!

"Abertura social
Vênus em sextil com lua natal
Entre os dias 19/10 (Hoje) e 27/10, o planeta Vênus no céu estará formando um aspecto harmônico à Lua do seu mapa de nascimento, Renata. Este ciclo está associado a uma idéia de popularidade, charme social, boas situações envolvendo lazer, festas, encontros e reuniões. É um excelente momento para conhecer as pessoas certas, que poderão lhe beneficiar de alguma forma no seu trabalho ou em sua vida afetiva, ou até na vida espiritual. A qualidade natural deste momento envolve um bem-estar que está associado a uma busca por tudo aquilo que é bom e belo na sua concepção das coisas. É um período conveniente para interagir, fazer-se ver, conhecer gente nova. "

terça-feira, outubro 14

Oh, S%$t!!!

E então depois de duas semanas de festa, farra, alforria, gritos de Elisabeth não é mais uma Fritzel, manhãs brindadas com cachorros-quente debaixo do braço, porres nada elegantes para uma senhora mãe de família, aquela enorme sensação de liberdade e três dias achando que a alma, enfim, abandonaria meu corpo dentro de um banheiro qualquer e pediria a aposentadoria pelos anos de maus tratos e abusos; a festa acabou.
Um dia acaba.
Assim como a grana e o fígado.
A vida chama, os filósofos chamam, todas as obrigações chamam você de volta e você percebe que crescer é de fato uma coisa muito chata – nada lúdica. Que, na sua adolescência – que, no meu caso, foi estendida bem por uns 10 extras além do prazo – as noites eram realmente sem fim e que na vida adulta isso é balela; elas acabam antes que você esteja preparada.
Porque são elas que não te deixam ver o outro lado da cama vazio, que fazem as noites sem telefonemas passarem numa boa porque existe sempre algo mais a fazer, que te tiram de casa para que você não esbarre naquele programa que vocês sempre viam naquela hora. São elas que te impedem de olhar outras mulheres na rua e pensar se aquela ali será a vadia vagabunda, que te impedem de olhar pro lado quando calha de você pegar um ônibus que passe por ali, que matam a tristeza que te come por dentro quando a sua filha pergunta por ele.
Porque você nunca se prepara para essas coisas, mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, elas vão bater na sua porta tão certamente quanto vendedores de bíblia.
Nas noites, tudo isso a gente afoga.
Afoga numa dúzia de copos, numa dúzia de risadas, numa dúzia de conversas absolutamente estúpidas e nada filosóficas, afoga nas caminhadas, afoga nos olhos e nos sorrisos dos outros náufragos que estão sempre em volta.
Morte por afogamento.
Difícil é a sobriedade.
Admiro por demais essas pessoas, os sóbrios.
Admiro a coragem que eles têm de passar por tudo isso sem se esconder em algum lugar ou alguma coisa.
Eu sou uma covarde assumida.
Só sou sóbria por força das responsabilidades, mas fujo na primeira oportunidade.
E volto...
E fujo...

Ao mesmo tempo, no meio da festa, chega um convidado que há muito rondava, sondava, cheirava...
E ele chega.
E ele está lá.
E é de uma ironia absurda que, desta vez, vocês tenham trocado de lugar.
Absolutamente.
E você só pode imaginar como vai ser aquela conversa.
De novo.

Porque, a bem da verdade, não é a hora de nada disso.

Só o que deveria interessar era um casamento que vem e um aniversário – O Aniversário Mais Importante Do Ano. Roupas, comidas, bolas, bebidas, maquiagem, jóias. Deveria ser um tempo de grandes despesas e pequenas futilidades e felicidades. De pensar em dourados, cachos soltos ou presos, na volta pra casa, na encomenda de doces, na sandália perfeita, em coca-cola ou guaraná e pendurar quadros na parede, sem esquecer de um engov e outro depois pra não ferrar a festinha da mamãe.

Ao invés disso, existem noites em que eu me sinto uma menina muito nova brincando de morar com outra menina mais nova ainda. Existem noites em que eu realmente acredito que é uma loucura que a gente possa viver sozinha – que eu me sinto muito incompetente e desprotegida. Existem noites em que eu queria colo – de novo. Que alguém entrasse e pusesse pra fora os monstros do meu quarto. Em que um raio duma carência babaca aparece e destrói anos do intensivão de terapia.

É você, seu coração ingrato, me amolando quando eu não preciso, quando eu não quero! Quando escolhi não pensar e não sentir. A vida é inevitável – seja de dia ou de noite. E eu vou passar por ela. Você só podia não atrapalhar, justo agora, que eu estava tão bem... Não quero nada, nada disso...
Não é a hora...

sexta-feira, outubro 10

...E o cinema não pegou fogo...
Viva!

quinta-feira, outubro 9

Gonzo - Resenha

Porque o professor gostou, eu resolvi postar pra guardar de lembrança.
Meu limite eram 20 linhas, ok?


Desvendando o mito da palavra
E do criador da palavra

A primeira vez que ouvi a palavra “Gonzo” foi em meados da década de 1990. Um grupo de jornalistas recém-formados, cujos blogs eu adorava ler, volta e meia se auto definia como sendo “gonzo” ou fazia um tributo ao mesmo. Lembro de ter pesquisado um pouco para tentar entender o quê exatamente significava a expressão, o movimento, enfim. Lembro também de não ter entendido muito bem; assim, o assunto ficou renegado a um lado escuro qualquer do meu cérebro.
Então, enquanto folheava o vasto menu do Festival do Rio deste ano, lá estava: “Gonzo: Um Delírio Americano”, documentário que contava a história de Hunter S. Thompson, o criador da tal palavra nefasta. Estava aí a chance para maiores esclarecimentos.
O filme usa e abusa de imagens de arquivo e de filmes baseados nos livros de Thompson para ilustrar quem era aquela figura – além de depoimentos da família, de amigos, colegas de trabalho e personagens de suas matérias, mostrando um trabalho de pesquisa caprichado e caprichoso do diretor – num ritmo tão dinâmico quanto o próprio. Usuário de todo e qualquer tipo de droga e álcool em quantidades dantescas, amante de armas e sem papas na língua, ele é definido nos depoimentos como um homem muito bom que também sabia ser bem mau.
Quem assiste ao filme concorda plenamente com a ex-mulher dele quando ela anuncia que “Hunter era um homem extremamente sedutor”; é impossível não se sentir seduzido por aquele personagem que mudou as regras do jornalismo com o seu jeito quase irresponsável de trabalhar e lutava contra a alienação do seu próprio povo. Realmente, ele merecia os tributos teve, mas a sua importância é mais americana que global.
Não posso dizer que finalmente entendi o significado da palavra “gonzo”, mas já posso dizer que faço uma idéia e que um dia (talvez) eu chego lá.

“Gonzo – Um Delírio Americano”
Direção: Alex Gibney

Feliz, porém fatalista

...Mas, do alto das 9 horas da manhã, por enquanto o dia está sendo feliz.


(Me tremo toda de dizer essas coisas, porque uma coisa que já aprendi bem na minha vida é que sempre que a gente elogia, a tendência é que a coisa dê terrivelmente errado tipo assim dez minutos depois de você ter feito essa cagada.)


(É, eu ando um pouco mais desbocada que o normal, mas não há nada que eu possa fazer a respeito...)


O ponto alto, porém, vai ser uma coisa que eu estou esperando ansiosa desde a semana passada:



É hoje!!!

E, agora que eu falei, corre o risco de queimar a película ou coisa que o valha...

É culpa da chuva

Enche o saco, eu tenho noção, mas o tempo londrino que invadiu a Cidade-nem-tão-maravilhosa-assim anda tendo um efeito devastador no meu humor e eu me sinto obrigada a reclamar da vida.
Vamos lá. Meus dias andam sendo cansativos, ok? Eu chego em casa com um cansaço irreal e a minha única vontade na vida é deitar na minha cama e ficar prostada lá até que alguma alma ou coisa que o valha me obrigue a desgrudar do meu não-tão-bom-assim-colchãozinho-velho; mas, como a vida é uma coisa imperfeita e cruel, não é isso que costuma acontecer. Existem sempre coisas a fazer no meu empoeirado e zoneado palácio.
De vez em quando, eu deixo que as coisas se resolvam sozinhas, esqueço a ansiedade angustiante de ir para o meu roxo refúgio e fico esperando a onda passar. Anteontem foi um destes dias. Deixei minha pequena e geniosa filha se convencer de que mais nada de emocionante poderia acontecer naquela noite, deitei no chão ao lado da cama dela para esperar ela dormir enquanto lia o meu mais novo e feliz livro - ignorando solenemente as minhas costas, que resolveram dar um chilique qualquer por causa do excesso de peso que eu ando carregando e ainda insistem em reclamar quando eu levanto mais rápido ou dou uma cruzada de pernas mais frenética; uma fase de saliência nem pensar se eu não quiser parar direto no pronto socorro mais próximo, o que é uma irônia se nós considerarmos que eu pago um plano de saúde caríssimo e não existe nenhum pronto socorro realmente próximo à minha casa para adultos descadeirados - o que durou alguns capítulos. Com o advento da coluna, tenho esperado Madame apagar para poder ficar de molho na banheira.
Agora já comecei a achar que ela não é tão minúscula quanto eu achava que era e já consegui achar a minha posição no mundo dentro dela. Me dá um prazer quase sádico ver a minha pele, que de vez em quando tem seus tempos de moreninha belzebú, mas, no momento concorre ao Prêmio Lagartixa de Transparência, toda vermelhinha depois de ficar cozinhando naquele bando de água fervente que, sim, eu desperdiço.
Quando consegui terminar o banho, já era quase meia noite. O que, para uma pessoa normal, não seria nenhuma tragédia grega, mas, no meu caso, que ainda precisava sentar ao computador para escrever uma matéria super criativa (haha) para entregar hoje, a qual eu não havia sequer pensado na primeira frase, tendo que acordar antes das seis da manhã para vir ao meu tão querido templo do saber (haha de novo), me deixava numa situação um tanto dramática.
Desconfio que tenha procrastinado a produção da tal matéria de propósito – maldito inconsciente! – mas, não existia mais chance de escapar das minhas obrigações. Virei uma pessoa por demais maníaca e caxias para me permitir zerar em qualquer prova ou deixar de entregar qualquer coisa que eu saiba ser minha responsabilidade.
Às duas da manhã, o povo bateu palmas feliz, me dei por satisfeita e fui me enfiar no meu roxo refúgio. Às 3, minha belíssima filha adentrou o quarto alegando qualquer coisa que já não me lembro mais, querendo dormir de novo na minha cama.
Eu acho uma delícia dormir com ela, que faz questão de ficar grudada em mim, que inventa de dar as mãos no meio da madrugada; mas, a gente já sabe que a vida não pode ser tão cor de rosa assim, eu tenho paranóias maternais e então tal prática só é liberada uma vez por semana – e essa semana nós já havíamos praticado – e eu tive que negar. Depois de uma briguinha leve, voltei pra cama xingando muito o fato de ter que acordar com as galinhas e a minha coluna despedaçada.
Às 6 horas da manhã, chovia muito. Muito. Assim que me levantei, já comecei com a síndrome de tourette climática que anda me atacando e faz com que eu formate frases unicamente feitas de palavras chulas cada vez que vejo uma gota de chuva caindo. Mesmo assim, lá fomos nós, praticamente a nado, desbravando todos os grandes lagos que se formavam em Botafogo, completamente encharcadas, para conseguir chegar aos nossos colégios e compromissos.
Molhada até o útero, morta de frio, quase caí pra trás quando descobri que o professor faria a gentileza de não comparecer à faculdade. Merda! Podia ter me avisado, caramba! O cara sabe que eu saio de casa com criança, toda carregada... E o pior é que cada vez que eu vou de manhã fico um bocado mais pobre, e tem muita coisa que eu ando precisando, pomba!
Só não fiquei com mais ódio porque pude finalizar a minha matéria de uma forma que me fosse satisfatória.
Enquanto isso, recebo uma ligação do colégio da Olívia. Uma das coordenadoras me informando que ela estava com os tênis muito molhados (não diga!), perguntando se eu poderia levar outro sapato pra ela. Na boa, fiquei louca de ódio. Quê que esse povo pensa? Primeiro, eu sou mãe, mãe vê tudo, e eu estava com ela, logo, eu sei que ela havia enfiado o pé na poça, ué! Chuva é assim, faz poça, a gente enfia o pé. Depois, como assim levar outro sapato? Elas queriam que eu comprasse outro sapato? Porque, se eu boto a criança durante um dia inteiro no colégio, está subentendido que eu estarei ocupada e não na minha casa promovendo um baile! Porra!
Felizmente, tive tempo sobrando. Mas, enquanto ia para casa buscar o raio do sapato, recebi outra ligação do colégio – desta vez da professora – me dizendo as mesmas coisas. Como eu já estava puta com a situação, fui até um pouco grossa com ela, mas disse que já estava indo em casa pegar a porra do sapato. Dessa vez, de repente eu fiquei lá pensando: “Vem cá, se ela chegou com o sapato molhado, significa que eu também estou com o sapato molhado. Ninguém se preocupa com o meu pé, não?”. Não. Claro. Mas, a passadinha em casa foi providencial, pude trocar de blusa, de meias. O resto eu deixei, porque se era pra molhar de novo, melhor que fosse o que já estava molhado, certo?
Corri desabalada pro cinema. Durante o Festival do Rio, aproveitei todas as minhas horas de almoço para ver filmes, e ontem não seria diferente. Deu tempo. Deu tempo de tudo. Deu tempo até de terminar o filme e eu chegar sã e salva na faculdade a tempo da aula (eu sempre acho que não vai dar tempo).
Tudo muito bom, tudo muito bem. Tourette continuava comendo solta cada vez que eu olhava pro céu, mas as minhas tardes conseguem quase sempre ser bastante divertidas. Deu um pouco de trabalho desligar a criança, mas eu acabei conseguindo. Fiquei tão exausta, que não conseguia nem ler quando fui deitar na minha cama.
Aí, hoje estou eu de pé às 5:40 da manhã, pronta para uma maratona que só vai ter fim lá pelas 2:30.
O professor não veio de novo.
Legal.
Bacana.
Supimpa.
Caralho.
E continua chovendo.
Dá pra não reclamar? Não dá!
Aí eu fico puta de ficar tentando comer alface e não conseguir perder nem 10 gramos, fico puta com a pança caída, fico puta porque quero comprar um monte de coisas pra minha casa, mas preciso dar prioridade a outras coisas, fico puta porque vou ter que providenciar uma festa de aniversário maior do que eu gostaria para o aniversário da Olívia, porque eu quero um vestido novo, porque preciso ir ao salão de beleza, porque estou detestavelmente dura, porque as minhas costas ainda doem, porque eu recebo convites que esperei receber muito tempo e agora que recebi não sei se quero mais, porque eu tenho mau gosto, porque eu preciso de empregada e emprego e de menos poeira na minha casa, etc, etc, etc.
É mais forte do que eu.
(Além do mais, eu bem que gosto – desopila!)

quarta-feira, outubro 8

Revolta!

(Há dois dias atrás...)

Em véspera de prova, sempre passo metade dos meus dias lembrando da cena daquele filme que era campeão de bilheteria da Sessão da Tarde quando eu era criança que o sujeito acorda desesperado, aos berros: “Eu não sei nada! Eu não sei nada!”.
Na verdade, essa frase vira uma espécie de mantra que eu fico repetindo incontáveis vezes, desde a véspera, até o fim da dita prova.

Hoje, estou olhando as letrinhas, pedi folga pra mãe e pra filha, mas nada entra na cabeça. Excepcionalmente, eu penso: “Caralho. Quer merda. Que saco”.
Estou com um sono monstruoso, fruto de horas e mais horas de filmes, que são a mais nova obsessão do mês. Estou profundamente puta porque o meu dvd resolveu não funcionar num domingo, justo quando eu consegui pegar o filme mais disputado da locadora e nenhuma das lojas em volta da minha casa tem uma porra de um cd de limpeza para vender. Droga, droga, droga!
Então, de Sartre, não estou sabendo nada...

...Mas, no fim das contas, o Sean Penn acabou comendo a Madonna e virando um puta diretor de cinema, mesmo não sabendo nada naquela porra daquela prova.
Não que eu queira comer a Madonna (taí uma coisa que eu nunca quis – de verdade), nem virar uma puta diretora de cinema (também não quero virar uma puta nada – de verdade – ando super sem grandes ambições), mas pode ser que ainda exista futuro pra mim mesmo sem saber nada...

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Minha prova foi medíocre.
Daquelas que vou ter muita vergonha de ter feito - hoje, que tenho vergonha dessas coisas.

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Hoje, eu realmente só queria que parasse de chover.
Essa coisa de fazer um dia de sol e vinte e cinco de chuva já fodeu minha paciência faz muito tempo.
Assim como os pneumococos, que de tão desafiados pra briga, daqui a pouco vão acabar aceitando...

quinta-feira, outubro 2

O Vento

O vento venta como não ventava há muuuuuuuuito tempo.
Passando de ônibus pela Lagoa, ela mais parece um pedaço de mar; com um verde mais profundo e ondas quase furiosas, se a gente achar que ondas furiosas podem ter apenas poucos centímetros de altura.
Soube que várias árvores não resistiram e desabaram (o jornal me diz que até em cima de casas de outras pessoas - Meu Deus, será que os meus vasos, tão resistentes e cheios de vontade de viver, também foram arremessados sabe-se lá para onde?!?).
Onde antes haviam largas poças de água de chuva, agora existem poças entupidas de folhas que caíram de cima destas árvores.
Enquanto pego o meu caminho, o vento me pega também.
Bate nos meus cabelos, até então quase penteados e sustentando minha persona sã para o mundo, e os espalha.
Não os espalha simplesmente.
De repente, sinto-me como se estivesse vivendo um flashback de "Carrie, a estranha", no momento em que ela finalmente se rebela junto àqueles playboyzinhos do colégio e começa a explodir o baile todo (isso sim é ser Rainha do Baile, convenhamos) e os seus cabelos estão voando em volta da sua cabeça numa cena para comercial de shampoo nenhum botar defeito.
A diferença é que eu não estou em baile nenhum, não sou Rainha e meu poder psíquico é pífio e então eu não explodo pessoas.
Raramente a gente pára para pensar no real poder da natureza.
Eu mesma penso muito pouco e considero-me muito pouco ecológica ou qualquer outro eco que caiba aqui; apesar de super acreditar nos seres da natureza, mas isso eu atribuo à falta de miolos mesmo.
Não parece que estamos na Primavera.
Eu só penso que terei que segurar muito bem minha filha nos braços se não quiser que ela saia voando...
...Ao mesmo tempo, consigo me pegar pensando se teria eu o direito de impedir que ela voasse de verdade, numa grande aventura, no meio do vento...
...Divaguei...

quarta-feira, outubro 1

Ah! O Fim!

...O texto de ontem pode ser considerado uma epígrafe.
Quando eu cheguei em casa, Zôiuda estava no mesmo lugar, mas numa posição nada natural. Muito espertamente, fui verificar se ela ainda estava viva e, me esquecendo de que a super faxina quinzenal não havia tomado lugar durante o final de semana sendo trocada pelas minhas atribulações sociais, enchi os pulmões e soprei com toda a minha força em cima daquele corpinho feioso e magrelo; recebi uma densa nuvem de poeira no rosto, mas nada de madame se mover. Era fato. Tínhamos um óbito na casa.
Seu enterro não foi religioso, não foi pomposo, sequer foi digno - confesso que ela foi da pá para o saco de lixo sem nenhuma hesitaçaõ de minha parte, que estava mais compenetrada em não deixar o cadáver cair da pá, que era segura bem longe do meu corpo, do que em dar um enterro cristão à minha ex-hóspede.
Assim, agora eu também não tenho mais hóspedes ou bichinhos de novo.

terça-feira, setembro 30

Zôiuda ou Deus escreve certo...?

Grande parte da minha vida eu fui dona de bichinhos de estimação.
Uma grande variedade de espécies passou pela minha casa, pelo desleixo básico das crianças e várias torturas inofensivas das quais eu só fui me penitenciar depois que pude compreender que eram torturas.
Nos últimos 20 anos, porém, tivemos cachorros.
Os mais lindos, meigos e duradouros cachorrinhos que uma menina podia querer.
Durante 20 anos, eles me fizeram companhia em todos os momentos mais importantes e sempre estavam lá me fazendo afagos até quando eu não queria.
E então eu me mudei.
A princípio, meu plano era descansar.
Curtir o milagre milagroso de ter a MINHA casa e não arranjar qualquer espécie de trabalho extra.
Pouco antes de ir, arrumei um namorado. Pusta trabalho extra. Mas esse foi embora e, agora sim, estamos realmente sozinhas em casa.
Logo depois, arrumei plantas. A mais trabalhosa delas arrumou um bicho qualquer aí e anda me dando o dobro de trabalho. No momento, eu ando pensando seriamente em desistir de passar remédio nela também, que eu já estou de saco cheio.
Duas coisas que eu disse que não queria de jeito nenhum logo que mudasse.
A terceira era um bicho de estimação.
Logicamente, não existem condições físicas de termos um bicho dentro de casa. Passamos muito tempo fora, eu ando completamente falida, seria maldade, blábláblá... Mas o coração fica apertado de saudades de ter alguém balançando o rabo furiosamente à simples visão da minha pessoa. Aquela cama tão grande, bem que pedia uma coisinha felpuda deitada ali do meu lado para me acordar com lambidas de amor todas as manhãs.
Já tive conversas longas com o veterinário, que acabou me aconselhando a adotar uma tartaruga. Há pouco tempo, me apaixonei loucamente por um gato de 4 orelhas, mas, como eles não são muito comuns, a paixão morreu aí – além do mais, eu protelo a adoção de um gato porque eles são muito blasé demais pra mim, preciso de bichos que me adorem, no sentido literal da palavra.
E sempre disse por aí que lagartixas eram muito bonitinhas e que eu até teria uma, não fosse a parte da alimentação delas.
Eis que Deus deve ter ouvido meus devaneios e me mandou uma.
Lagartixas num primeiro andar são visitantes comuns, mas, desde sábado, eis que uma delas resolveu e entrar e não sair mais.
No primeiro dia eu achei que era por causa da chuva e nem dei bola pra ela.
No segundo, qual não foi meu espanto ao ver que ela ainda estava ali na mesma área. A amiga que a descobriu é fóbica de lagartixas e disse que ela era muito feia. Eu achei que era um exagero da loucura, mas me enganei. Nesse dia prestei bem atenção e descobri que ela é, realmente, muito feia. O rabo ela já perdeu em algum lugar por aí, na cabeça tem uma coisa bem parecida com um hematoma, os olhos delas são esbulhados a valer e eu ando desconfiada de que ela não come nada, porque é a primeira lagartixa anoréxica que eu já vi na vida. Mas ainda achei que ela ia sair dali logo. Até dei um toque de madrugada para ela arrumar algum outro lugar para morar “na boa”.
Ontem, lá estava ela de novo. E eu comecei a me incomodar.
É contra a minha natureza ser violenta com bichinhos bacanas – ainda que eles sejam feios – então, me encontrei num tremendo dilema moral. Se ela não fosse feia e não ficasse parada lá, toda magra e perto da minha privada, eu nem ia notar que ela estava no banheiro; mas eu entro no banheiro e não consigo tirar os olhos dela; talvez achando que ela vá reagir de alguma forma e vire uma encarnação de crocodilo ou coisa que o valha.
Então, eu tentei ser gentil e guiar a bichinha até a janela mais próxima com uma vassoura. Tomei o maior cuidado para ser delicada e não machucar a Zôiuda (esse é o nome que eu dei pra ela), mas ela não subiu; pelo contrário, caiu no chão e voltou pro mesmo lugar!
Olívia, que me pegou no flagra no meio da operação, ficou me convencendo que ela boazinha e não fazia mal pra ninguém, enquanto eu dizia que sabia disso, que eu só não queria ela morando dentro do meu banheiro.
No fim, tive que desistir da empreitada.
Quando voltei pra casa, Zôiuda permanecia no mesmo lugar. De ontem para hoje ela só variou de posição. Às vezes eu entro lá e ela está de cabeça pra cima, às vezes, de cabeça pra baixo; mas, daquele canto ela não sai.
E eu estou começando a achar que sim, eu tenho uma nova hóspede na minha casa.
Ela é feia, ela não tem rabo e o nome dela é Zôiuda.
Tudo porque não existem mais gatos com 4 orelhas ou porque Deus escolheu logo esse pedido para atender dentre todos os 789 que eu faço quase todos os dias.

segunda-feira, setembro 29

"It's been a non-stop party since I flew the coop"

Não tem jeito. A frase que vem é essa.
Nas últimas duas semanas eu não posso dizer que descansei.

Minha casa está de cabeça pra baixo, nos dois primeiros dias da semana fico me arrastando pelos lugares cansada demais até para pensar (e hoje com um resto de ressaca que não me larga!) e nos dois últimos dias já tenho planos para o final de semana propriamente dito.

Minha planta continua doente e eu estou quase desistindo de ficar pondo remédio todos os dias e caçando aqueles raios daqueles bichinhos brancos highlanders que resolveram morar nela. Estou decidida a plantar marias-sem-vergonha em todas as janelas. Elas, sim, dão flores e não me aporrinham. Mas não tenho coragem de jogar fora a pobre moribunda desfolhada.

Consegui, com a graça de Deus, terminar de ler um livro inteiro depois de semanas embananada. Tive um momento de revolta com a obrigação de ler a maioria dos livros que eu estou lendo (é um momento recorde na minha vida, são 4 ao mesmo tempo) e comecei a ler outro livro; policial, bem besta, nada filosófico.

Tive aventuras debaixo de chuva. Levei a filha para ver 5 marmanjos fantasiados dublando um desenho animado, que ela adorou e eu odiei dada a despesa desproporcional a qualquer luxo que eu tenha me dado nos últimos tempos por coisas tão ruins - já estou quase sem ódio porque ela realmente gostou do programa, mas fiquei bem assassina no dia.

Aliás, debaixo de chuva fiz um milhão de coisas, como todas as pessoas que moram na cidade, e não foi com dor que recebi o dia de sol de hoje. Não aguentava mais chuva por todos os lados, tênis e meias molhados, frio e o perigo eminente de pneumonia no ar. Pela primeira vez neste semestre deixei até de vir a aula - o que pode me custar caro, visto que os estudados não me são lá muito familiares e a prova é semana que vem, mas eu resolvi não pensar nisso, me dei esse luxo, relaxei e pedi duas cervejas do bar.

Ontem à tarde, enquanto tentava recuperar meu equilíbio e traçar uma linha reta para qualquer que fosse a direção, só me vinham à cabeça saraivadas de palavrões enfurecidos.


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Nesse meio tempo, começou o Festival do Rio.
Não que eu vá muito ao cinema físico, mas nessa época, eu me esforço.
Quando mais na vida terei oportunidade de assistir de livre e espontânea vontade a filmes russos, poloneses...?
Além do mais é muito chique circular por ali, encontrar pessoas que tentam pensar (algumas realmente o fazem) e comentar o que se viu e o que ainda se verá. Eu gosto de ser chiquezinha de vez em quando.

Além do mais, EU POSSO.

Assim sendo, meu primeiro filme deste ano da modesta listagem de 10 (3 assistidos com sucesso, 1 perdido para a ressaca dominical, 2 já comprados e 4 dependendo da boa vontade da cinéfila em se despencar de um lugar a outro correndo esbaforida), foi "Om Shanti Om".

Enquanto moça quase que informada, eu tinha alguma idéia do que era Bollywood, mas, na verdade, descobri que eu não sabia era de nada. É tudo muito melhor e muito mais legal do que eu imaginava que fosse! Fiquei fã. Quero muito outros filmes assim!

Melhor filme que eu vi no final de semana disparado!

E, enquanto cantarolo o tema do filme - que fica bem grudado na sua cabeça depois, talvez não só pelo refrão, mas devido a um clip enooooooooooooorme com ele no meio do filme - ficarei esperando ansiosa pelo meu encontro com o Dario Argento.

Eu me esforço, mas não tem jeito, meu gosto pelas coisas mambembes da vida sempre me vence.


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Mesmo que eu ainda pense, ando achando ótemo PODER fazer o que quiser...! Pusta privilégio!
Ando brincando com a liberdade com uma gula que eu não conhecia há muito tempo...
Brincando com todas as luzes, cores, sons, pessoas, dias e noites.
E só não digo que estou leve como uma pluma por motivos bastante óbvios...
A frase é certa.
E eu, exausta.
(Com um sorriso estampado de orelha a orelha.)

...Essa vida de mulher solteira é muito mais fácil de levar aos 20 e poucos anos...
...Aos 30, a gente fica exausta!

sexta-feira, setembro 19

A Viagem (que nem deu em novela)

Tá bom.
O GPS não falhou. E nem deu tempo de curtir o submundo.
Submundo? É. Ontem tive que me aventurar a ir até a Cidade Nova.
Ah, Renata, qual é o mistério?
Pra você, que se acha, nenhum.
Pedi mil indicações, olhei mapa na internet, tudo para tentar garantir com 100% de certeza que eu não ia padecer perdida em algum lugar bem além dos quais eu estou acostumada a ir. Mas, o que aconteceu foi que eu peguei um ônibus, fiz uma viagem de uma hora e meia de ida - onde tive tempo de ler TODO o jornal e depois me peguei namorando o cu da Lapa e pensando como era uma coisa curiosa ter tanta funerária no mesmo quarteirão até me deparar com o IML, que, se eu não tivesse visto em toda a sua grandeza, jamais teria a menor noção de onde era a sua versão física - aí saltei direitinho, reconheci um prédio, olha que maravilha!, achei o que eu queria, atravessei a rua, peguei outro ônibus e fiquei mais uma hora inteira lá dentro olhando a paisagem e pensando na vida.
Carioca adora reclamar de trânsito, de engarrafamento e tal, mas eu gosto. Dá tempo de ler as coisas que eu preciso, de pensar em todas as coisas que eu não preciso, de admirar as ruas, os prédios, as pessoas - e eu gosto um bocado de admirar as coisas. É um bom passatempo.
Um bom passatempo que não pra fazer toda hora, claro, porque gasta-se tempo e eu não disponho mais de tanto tempo quanto costumava dispôr.
A única coisa ruim é que eu me lembrei de um comercial que eu vi há muitos anos atrás, onde aparecia um rapaz de pé e fazendo cara de dor enquanto andava de ônibus e aí a câmera mostrava que o ônibus estava vazio e vinha o anúncio de um remédio de hemorróidas. Eu não tenho hemorróidas, mas que a minha bunda ficou bem doída, isso lá ficou. Bancos de coletivos já foram mais confortáveis.
E, contrariando todas as regras, eu não me perdi.
Submundo porque a área tem um quê de submundo. É suja, é pobre, é velha. Eu acho um charme. É bacana observar os sobrados, onde nascem plantinhas do nada e que têm lojinhas de badulaques enfeitadas com estrelinhas do lado de funerárias da época da vovó do lado de verdadeiros pés sujos com neguinhos sovaquentos que ficam do lado de barbeiros que ainda usam navalhas e jalecos, saca? Sem definição melhor, é kitch, é bonito. Mas eu não deixo de ter um medinho bem grande de ficar perdida entre as ruelas do lugar sozinha, penteada, cheirosa e fina do jeito que eu sou.
Acho que semana que vem até vou fazer de novo!
Hehe

Horóscopo

Eu quis rasgar o jornal em um milhão de pedaços quarta-feira quando li o horóscopo, aí hoje eu acho que os astros resolveram me compensar pela decepção e eu já fiquei feliz e crente de novo.

"Todos os anos, sempre entre os dias 19/09 (Hoje) e 07/10, o Sol em trânsito se conjuga à Lua do seu mapa, Renata. Este tende a ser um período feliz e de particular brilho pessoal, mas só se você estiver colaborando para esta felicidade. Traduzindo em miúdos, este ciclo age como uma espécie de "catalisador" para aqueles que vêm tomando atos construtivos e que estão se empenhando em algum projeto que envolva o próprio desenvolvimento. Para aqueles que se encontram na inércia, este ciclo também não deixa de ser positivo, e tem a ver com uma "sacudida" que o Universo dá na pessoa, estimulando-a a despertar, a acordar pra vida. "

quinta-feira, setembro 18

Paliativos

* Quando a coisa aperta muito, eu taco logo um chocolate dentro da boca. Chocolate libera endorfinas e, como eu aprendi quando assisti "Legalmente Loira", pessoas que produzem endorfinas ficam felizes e pessoas felizes não matam as outras. Tudo bem a endorfina dela era gerada pela malhação, que não seria uma má idéia, mas todo mundo sabe que não sou chegada nisso apesar de precisar e que, essa parte da vingança nunca dura mais que dois meses e sempre me leva a gastar muito mais dinheiros do que eu posso me dar ao luxo. Assim sendo, chocolate fica liberado até dia 20 - depois eu tenho mesmo que fechar a boca. Nem por vingancinha, mas porque eu tenho um casamento vindo aí e se eu usar essa profilaxia muito tempo não vou caber dentro do meu incrível vestido verde musgo que eu adoraria ter trocado pelo incrível vestido verde-água.

* Estou me consolando pensando que a minha conta de telefone há de diminuir consideravelmente - assim como outras contas, desconfio - o que me dará uma verba extra para adquirir várias coisas fúteis, brlhantes e cor-de-rosa que eu cobiço diariamente.

* Não preciso mais depilar nada se eu não quiser. Essa liberdade de escolha é algo que sempre me regojiza. A única pessoa que olha as minhas coisas agora é a minha filha e ela acha o maior barato a mamãe ter espinhas na perna. Sem sacanagem nenhuma, poder andar parecendo um king kong se isso lhe convir é o máximo da liberdade feminina.

* Por outro lado, agora, mais do que nunca, é preciso depilar as sobracelhas e fazer as unhas com uma regularidade religiosa. Os cabelos eu já pintei. O resto também tem que ficar um brinco. Faz tempo já que o slogan é "posso até morrer, mas morro linda!". Não vou morrer, com certeza, pelo menos não de morte morrida. Não tenho a menor intenção. Mas linda eu vou ficar. Choro em público está terminantemente proibido porque borra a maquiagem e eu sou uma mulher muito fina.

* Também é bom pensar que a meta sempre foi ser agora o que meus amigos foram aos 20 anos, só que numa versão aprimorada e bem mais velha (no sentido implicante da coisa mesmo - não era essa a palavra, mas cabe) da coisa. Preciso viver para estudar e virar a mais cabeçuda das criaturas para poder arrumar um emprego fodão. As noites de final de semana em que a Olívia estiver em casa serão muito bem aproveitadas lendo todos os textos e coisas e livros que eu tenho para ler, porque assim eu vou ficar sabendo tudo e vou aumentar meu cr e... papo nerd da porra...

Ai, eu posso listar mais um monte de coisas, eu acho, mas vou ao submundo agora...
Eu compreendo também que preciso mudar de assunto.
Compreendo que se eu conseguir voltar da minha excursão à caixa prego, teremos assunto.
Compreendo que eu não me enganei e continua chovendo fininho, apesar de um solzinho bunda estar querendo sair.
Compreendo que adorei escrever compreendendo coisas... (hehe)

Sabedoria e Melodrama

Essa coisa de virar adulta de fato me deu a compreensão de vários fatos cacetes da vida.
A uma hora da manhã, eu compreendo que a minha monitoria vai acontecer e que eu vou ter que estar lá daqui a pouco, chova ou faça sol, dormida ou insone – como é o caso. Compreendo que a previsão do tempo errou feio ao declarar que a quinta-feira seria de sol, porque chove pra caralho ininterruptamente e eu já estou de saco cheio de andar pelas ruas molhando os sapatos e passando meus dias sentindo um frio de doer os ossos. Compreendo que eu vou ter que ir até onde o vento faz a curva na hora do almoço, num lugar longe, bem longe mesmo, onde eu não sei nem chegar, debaixo de chuva e rilhando os dentes. Compreendo que um tempo desses faz ser muito mais tentador ficar na fossa e que as minhas tentativas de rir, brincar e fingir que a vida é azul e que eu estou feliz estão numa escala super reduzida. Eu compreendo que o dia será negro e que eu vou me foder.

Talvez não tanto como hoje.
Eu compreendo que a gente nunca deve dizer que não pode ficar pior, porque sempre pode, sempre pode. Compreendo que ainda existem um milhão de coisas que eu tenho que aprender e erros que eu não deveria repetir, como pôr a mão no fogo por causa de qualquer outra pessoa que não seja eu. Compreendo que as pessoas sempre podem te decepcionar mais do que você algum dia esperou que elas te decepcionassem. Eu também compreendo que não é tão ruim assim, visto que eu já passei por isso algumas vezes e continuo insistindo, acreditando e ficando mais teimosa, difícil e neurótica a cada ano que passa; mas vivinha da Silva e ainda achando coisas cor-de-rosa.

Compreendo que melodrama é chato pra caralho, mas também compreendo que eu posso me dar ao luxo de dramatizar um pouco neste momento – mesmo tendo a plena compreensão de que vai passar e de que, provavelmente, ainda vai acontecer de novo. Compreendo que ando sendo lobotomizada, e com muito orgulho, mas quase caí pra trás ao ler o vienense analisando as pessoas com mania de limpeza e tendências artísticas e sua inserção na civilização – desisti quando cheguei no amor.

Compreendo que hoje desisti quando cheguei no amor. Compreendo que, de repente, me bateu uma pilha de que eu estou me sentindo uma espécie de Lady MacBeth pós-moderna; a diferença é que eu compreendo que por mais que eu limpe e lave e troque, as imagens não vão sumir da minha cabeça. Compreendo que eu entrei na fase do enjôo; onde músicas vão me enjoar, programas de tv, comidas, que até a pequena sereia, coitada, vai levar a sua parte nisso.

Compreendo que hoje tenho todo o direito a melodrama que eu quiser. Que o coração parece que vai explodir dentro do peito. Compreendo versos de Vinícius, expressões adolescentes. Compreendo que o mundo não vai parar por causa disso. E compreendo que vou levar um tempo a base de paliativos até que consiga chegar à parte do amor de novo.

Foda é que ser praticamente um clone do Mestre Shi-Fu não me ajuda em nada.
Não hoje.

Pedido de Desculpas (nem tão) Público Aos Amigos Amados Pelos Anos de Zoação

(...Diretamente de duas semanas atrás...)

Eu tenho vários amigos jornalistas.
Acontece que quando eles estavam na faculdade, eu estava correndo atrás de peitos meio cabeludos, músicas barulhentas e romances de Stephen King. Enquanto eles discutiam apaixonadamente as coisas que aprendiam e descobriam e o novo mundo que se abria para eles, eu adorava rir de me acabar e sacanear dizendo que eles eram todos muito cabeçudos.
Os anos se passaram e o amor entre nós continuava assim. Renata e os Cabeçudos.
Quantas vezes eu não saí correndo de um programa cabeçudo! Quantas vezes não quase fui atacada a tapas por algum deles (na verdade, essa foi uma vez só, mas eu tenho certeza de que existia mais gente querendo)!
E então, lá em cima, alguém lá em cima resolveu que ia ser deveras engraçado e recompensador aos pobres cabeçudos sofredores meus amigos, se eu pagasse pela minha língua em vida. Deve ter olhado lá de cima, o safado, e dito:
- CONTINUE A DAR TUA RISADA, Ó HEREGE! TU TAMBÉM HÁS DE FAZER JORNALISMO! TU TAMBÉM HÁS DE VIRAR UMA CABEÇUDA! MUWAWAWAWAWA!!!
E aí, dito e feito. Cá estou eu. E cá estou eu, encantada de estar fazendo o que tanto desdenhei por anos e anos a fio, depois de procurar em todos os lugares possíveis por uma saída de um destino tão impossível de se sair.
Peço perdão.
À força, tenho sido obrigada a me confrontar com temas e autores que jamais veria, leria, pesquisaria e aprenderia se não fosse a faculdade. E isso tem sido encantador.
Peço perdão.
Assim sendo, tenho me flagrado em situações de discussão destes temas e autores em público e com outras pessoas.
Peço perdão.
Eu virei um ser tão cdf, mas tão cdf, que eu perco as noites do meu final de semana fazendo trabalhos, enquanto minha filha e meu namorado ficam na beiça – que eu vou dar monitoria para um professor!
Peço perdão.
Hoje, consegui, mais uma vez, me sentir um pouquinho mais inteligente ao sacar que ando sacando tudo de Platão (ainda que precise dormir com alguns livros debaixo do travesseiro por uns dias pra ver se a coisa toda entra por osmose*, já que tempo hábil pra ler todos os volumes que eu peguei emprestado, nem se eu nascer em outra vida). É maravilhoso quando a gente consegue se sentir mais inteligente, mais hábil. Fico extremamente orgulhosa de mim mesma!
Peço perdão de novo.
E de novo.
E de novo.
E quantas vezes forem necessárias.

Não que tenha adiantado de alguma coisa entender de Platão, assim que a luz acendeu no meu já prejudicado de várias maneiras cérebro, ouvi aquela voz: “Aula que vem eu começo Aristóteles”. Aí senti vontade de sair correndo gritando.

Dentre esses amigos, dois em especial, merecem pedidos de perdão eterno de minha parte por todos os anos de sofrimento, chacota, zoações e toda a sorte de sacanagens verbais das quais eu me utilizei ao longo desses mais de 20 anos do amor que eu tenho por vocês.

Ainda assim, prometo não discutir tudo isso em público a não ser que seja extremamente necessário e declaro para os devidos fins que, sim, posso estar sendo atacada por um vírus mutante do cabeção, mas continuo perseguindo meu peito cabeludo, ouvindo músicas barulhentas e tentando ler todos os romances de Stephen King (coisa impossível, porque o homem escreve mais rápido do que eu posso bancar pelos livros dele, ainda faz o favor de procriar escritores igualmente palatáveis a minha pessoa e; se eu só o lesse, como ia ler as outras coisas cabeçudas?).


De vez em quando ainda uso trancinhas!

Lá em cima, alguém gargalha, rola e sente vingado.

*Como todo mundo sabe, eu acredito em muitas coisas. Bruxas, filipetas, jornais, Papai Noel, Duendes, Elfos, Fadas, Santos, simpatias e por aí vai... Então um dia eu li em algum lugar qualquer que se a gente quisesse decorar alguma coisa, bastava ler rapidamente, pôr debaixo do travesseiro e dormir, que as palavras ficariam gravadas. Eu acredito nisso até hoje. Não sei se funciona, mas é lírico pra mim e eu gosto da liberdade poética da coisa.
(Que comentário mais cabeçudo esse meu!)

terça-feira, setembro 16

Saudades de quando...

Eu tenho muitas saudades daquelas sessões que alguns cinemas tinham que eram tipo 11 da manhã, meio-dia. Essas sessões só existem hoje, pelo que me consta, em um cinema lá no Centro da cidade e eram uma verdadeira maravilha!
As únicas pessoas que frequentavam eram os velhinhos e alguns adolescentes que matavam aula. Eram vazias, tranquilas e, geralmente, mais baratas.
Agora, que eu tenho dois longos intervalos nas minhas obrigações acadêmicas por semana passei a sentir uma saudade imensa delas! Eu poderia vir à faculdade, sair, ver um filminho, voltar, numa boa...
Sem elas, eu fico à mercê de uma cantina cheia de guloseimas calóricas e matadoras ou enfurnada em uma sala gelada feito o ártico fazendo nada na internet e pensando em uma variedade de coisas que não prestam e não me dão futuro.
Tudo bem que, às vezes, eu estudo.
Tudo bem que, às vezes, eu consigo fazer as unhas.

Até o pão francês agora vai levar farinha de mandioca, o que me leva a crer que estão aniquilando meus pequenos prazeres e que eu estou me tornando um ser antigo de verdade - quase da Era Mesozóica.

E ainda por cima não tenho visto filmes o suficiente e não consigo terminar nenhum livro há semanas (tudo bem que isso pode ser porque eu ando lendo vários textos variados e um livro inteiro)!

Cara, a vida é muito dura, viu?

segunda-feira, setembro 15

Momento Exposição

Tem uma amiga que anda com a fixação de eu me transmutei na Bree - personagem de um seriado que tem mania de limpeza de cria um par de filhos pivos - e, tirando a parte dos filhos, que eu gostaria que se saíssem bem melhores que um veado e uma piranha sem nenhum escrúpulo, talvez ela tenha lá alguma razão no que diz.

Como o Mundo sabe e eu já escrevi um sem número de vezes, eu sempre curti as minhas dores de cotovelo. Passava dias, em um caso bastante célebre passei duas semanas inteiras, deitada na cama chorando, botando pra fora aquela dor do fim.
Quando era novinha achava linda essa coisa de morrer de amor.
Mas, com o passar dos anos e a chegada da filha, meu tempo pra isso ficou bastante reduzido. Passei a poder gastar um dia, no máximo, com a minha dor, debaixo dos meus lençóis.
Também venho aprendendo - não sem decepção - que a maioria dos clichês que as pessoas te dizem são verdades verdadeiras. Hoje em dia não se morre mais de amor, existe pílula pra isso; além do mais é cafona - bem mais cafona do que eu me definiria.

A dor de cotovelo geralmente advém de uma briga; e não necessariamente com um homem, amigo também vale, filho, então, nem se fala!
E, quando ela vem. Vem forte. Vem mesmo.
E eu me deito. E choro.
Aquele choro de cair dormindo e ter dor no corpo no dia seguinte que poucas pessoas se permitem. É preciso se permitir lavar a alma nessa escala e eu sempre me permiti.

Dessa vez, não me deitei.
Não no primeiro dia.

No segundo, levantei, no meio daquele silêncio e daquele espaço gigantesco que vira a minha casa quando eu estou sozinha e fui limpar tudo.
Faxinei aquilo como se não houvesse amanhã. Como eu não faxinava há mais de um mês. Faltaram só as pás dos ventiladores da sala porque eu tive medo de cair da escada e as janelas da porta da varanda, que eu já não tinha mais coluna para encarar.
E enquanto eu limpava, fui percebendo que o meu modo de expurgar as coisas tinha mudado de lugar; que enquanto eu limpava, varria, lavava, trocava lençóis, estava limpando também qualquer coisa física, qualquer cheiro, qualquer cabelo que pudesse ter ficado no meio do meu caminho para que eu pudesse continuar.
O silêncio já durava dois dias - o maior tempo de silêncio em todo esse tempo.
E eu lidei com ele achando um disco, uma calça, um cordão - rastros que eu nunca deixei espalhados pelo espaço dele, e que estavam ali pra me lembrar como isso tudo vai ser difícil, doído.
Eu fiz isso até não aguentar mais, até caírem gotas de suor pelo meio do meu rosto, até o meu corpo reclamar do movimento pesado - até que eu sentisse que o ambiente estava limpo o suficiente.

Mesmo assim, ele não está limpo o suficiente.
Não vai estar tão cedo.
Coisas continuam aparecendo, hoje o silêncio acabou.
No meio do silêncio repeti mantras, lembrei clichês, desenterrei histórias - tudo para me certificar que eu vou ficar bem. Porque eu preciso ficar bem.
Hoje, existe a mentalidade imbecil de que eu tenho que ser forte em absolutamente todos os minutos da minha vida diária porque existem uma série de responsabilidades e compromissos que estão cagando horrores se eu estou bem ou não, que continuam funcionando e demandando.
Essa noite demorei a dormir, acordei durante a noite várias vezes, todas pensando NO assunto. Acordei e fui imediatamente repetir os passos de ontem e arrumar, lavar, cozinhar - deixar tudo um brinco de diamantes e distrair a minha cabeça do que me é realmente importante.
Quando o silêncio quebrou, eu já não tive mais tanta certeza de que eu vou conseguir ser tão forte assim - seja qual for a decisão que eu vá tomar. O coração aperta, duas lágrimas fogem, a pior parte, que é a da dor, começa a vir cobrar a sua fatia da história.
Continuo sem tempo para deitar e chorar e sei que vou chegar em casa e vou repetir os feitos da manhã que já foi bastante longa.
Talvez eu tenha me transformado mesmo.
Talvez isso funcione para não me deixar cair.

sexta-feira, setembro 12

A Aventura do Gelo

Consta que era um hábito da minha época, mas eu nunca fui e não tenho lembrança dessa coisa de "Hollyday on Ice". De toda forma, de repente começaram a pipocar uma tonelada de shows infantis "on ice" por aqui nos últimos meses. Como eu nunca tinha ido, nem acho lá muita graça nessa viadagem de patinação no gelo, o apelo pra mim era uma coisa próxima ao zero; e se eu já achava uma coisa meio gay, o que eu posso dizer sobre o ursinho Poo (que, quando eu era criança, chamava Puff) piruetando no meio de uma arena de gelo que não possa fazer deste post uma coisa mais preconceituosa?

Mas, então eu vi um anúncio no jornal de que haveria uma apresentação dessas d"As Princesas". Como é de conhecimento geral, a minha filha tem certeza - e eu faço de tudo pra que seja mesmo - de que ela É de fato uma princesa. De uma hora para outra, me render ao "on ice" passou a ser um compromisso inadiável. A minha princesa jamais me perdoaria se eu deixasse de levar ela para ver as suas ídalas - isso por si só, o que piorou bastante quando todas as outras amiguinhas dela também confirmaram que iam às apresentações, eu seria a maior bruxa de toda a história se não desse esse presente pra ela!

Os ingressos foram comprados e escolhidos para a primeira semana de apresentações, num lugar estratégico e mais caro, onde eu tinha certeza de que ela poderia ver tudo direitinho, ainda no mês de julho. O sigilo foi mantido até o início deste mês, porque eu tinha certeza de que se eu contasse que nós íamos ver As Princesas ao vivo e à cores, não teria mais sossego na vida até o dia do show. Dito e feito. Passei as duas últimas semanas ouvindo a pergunta todas as vezes que passávamos pelos cartazes espalhados pela cidade ou que ela conseguia ver o anúncio no jornal.

Nestas duas últimas semanas também, vale dizer, os ânimos andaram exaltados - de ambas - e nós passamos por um período meio punk.

Assim, com um sono super acumulado por noites mal dormidas, pela rotina que anda pesada, debaixo de um sol egípcio, chegou o grande dia.

Eu armei quase um esquema de guerra. Eu bem poderia ter ido de Metrô direto até lá, mas andei lendo no jornal que "aquela" passarela que leva até o Maracanã anda um território de ninguém, então esta primeira alternativa foi descartada imediatamente porque eu não sou mulher de pôr minha filhota em risco para poupar dinheiros - muito pelo contrário, sou mulher de deixar de fazer muitas e muitas coisas pra mim (e isso fui eu pensando na minha sobrancelha que está parecendo uma taturana) para dar o mundo pra ela.

A segunda opção era pegar um ônibus até lá direto, mas eu comecei a desconfiar que ia saltar no ponto errado, que ia ter que ficar rodeando o estádio perdida e submetida aos mesmos perigos da passarela - eu sou uma pessoa sem GPS, é fácil, fácil eu me desorientar.

Então, depois de consultar a mãe, a tia (que ligou prum outro tio, esse sim com GPS), ficou decidido que eu pegaria o ônibus do Metrô até o Metrô para saltar numa das estações da Tijuca e de lá pegaria um taxi até o estádio.

Não foi à toa que eu perguntei à ela: "Pronta pra aventura?".

Ela estava. Sempre está.

E realmente, foi a melhor coisa que eu fiz, esse plano de guerra. Enquanto o taxi rodava o estádio eu não me segurei e soltei "Ah, bem que eu sabia que não ia dar certo eu vir andando até aqui!".



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Como em todo show de grande porte, a banca de souvenires era um espetáculo à parte.

Um tal de varinha que brilha, espada que brilha, negócio que roda (eu não sei bem pra que diabos servia aquilo), bonequinho assim, bonequinho assado... Olívia ficou deslumbrada! Mas a mamãe aqui, que já está dura, só pra dar uma variada, e além disso tinha de fato levado pouca grana, chegou à conclusão de que existem um milhão de brinquedos disponíveis por aqui da franquia milionária para vender e que conseguia achar uns bens mais bonitos e baratos lá no Saara. Ela aceitou numa boa e, para não dizer que ela não ganhou nada, compramos uma pipoca que devia ter sido feita de milho de ouro para que ela pudesse, a partir de agora, ter o seu próprio balde de pipoca (eu tenho o meu do Cirque De Soleil e ela e o Arnaldo dividiam a propriedade do balde do Aragorn até agora); e um merecido souvenir desta tarde memorável - apesar dos preços e do meu bolso furado, toda criança merece um souvenir de um evento memorável como este, por mais chulé que ele possa ser.

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Nossos lugares não poderiam ser mais perfeitos!
As duas fileiras da frente que constavama como esgotadas quando fui comprar nossos ingressos, milagrosamente estavam vazias. Zit. Ninguém na frente. E, se eu tivesse comprado ingressos nelas, provavelmente a nossa visão seria prejudicada - logo, ponto!
Só foi foda chegar à cadeira e descobrir que atrás de mim estavam 4 lindas e minúsculas princesinhas, mas aí morreu o neves porque eu comprei o lugar e não dava pra deixar a minha princesa sozinha (até porque a minha ainda era menor que ela). Morri de culpa o primeiro ato todo (e as mães delas de raiva), mas no segundo elas pularam pra frente e ficamos todas mais felizes.

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E, como até eu tenho medo dessa minha deficiência de GPS, mesmo com a operação certa e cronometrada (esqueci de mencionar que eu cronometrei a operação, né?) de guerra, chegamos cedo a rodo. Pra mim, beleza, garantia de já estar no lugar certo, na hora certa. Eu fico agoniada com horas. Pra ela, uma espera sem fim. Relógio de criança é uma loucura! Esperar cinco minutos por algo que ela queira equivale a esperar umas cinco horas pelo nosso relógio; agora esperar por algo que você queira...
Enfim, após uma loooooooooooooooooooooooooooooooonga espera (no relógio dela; no meu foram só vinte minutos), um locutor avisou alguma coisa.
O início foi impossível de ouvir. A multidão - e olha que não estava lotado, eu olhei, tinham váááááários lugares vazios na parada; o que, aliás, era bem a minha intenção quando comprei ingressos pruma quinta-feira à tarde - berrava alucinadamente, flashes espocavam num balé que ia se repetir ao longo das quase duas horas que passamos lá dentro. Meu queixo caiu. Parecia show de rock. Só me lembrava de ter visto reações parecidas com, sei lá, New Kids On The Block (um ponto negro da minha biografia sobre o qual nós não vamos falar agora)!
A segunda parte eu entendi. Dizia que as pessoas não deveriam tirar fotografias. Muito menos com flashes porque isso poderia distrair os atores e eles poderiam se machucar. Flashes espocavam, lembram? Não deu tempo deu sentir vergonha de ser brasileira ou ficar indignada com a surdez seletiva e falta de educação do estádio inteiro. O show começou.
(E, de fato, o príncipe da Bela Adormecida veio a se esborrachar no meio do espetáculo, sem tirar o sorrisão congelado do rosto, levantando imediatamente. E o segundo aviso sobre "vamos expulsar vocês seus mal educados" não veio, como eu esperava que viesse.).

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E então eu entendi tudo.
Como é de hábito, Olívia permaneceu estática durante todo o espetáculo, com leves excessões para quando aparecia uma bruxa e para quando o príncipe enfiou o sapato no pé da Cinderela, quando ela me olhou, juntou as mãozinhas e soltou um "oooohh" debochado que me fez rir à beça; mas eu, eu parecia uma retardada.
Acabei de me lembrar como eu ri com as reações da minha mãe ao Circo do Solzinho e me envergonhar profundamente, porque, dessa vez, a ridícula fui eu!
Eu ficava lá, "Oóoóolha, miíinha fiíilha!", "Ôôôlííívia, óoóolhaaaaaaa!!!", e cantava as músicas, chorava um pouquinho pelo canto do olho emocionada.
Até bater palma eu bati! Quem conhece, sabe que eu não bato palmas, que eu acho um gesto desnecessário e imbecil. Então. Bati. Alto.

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Nunca vou confessar isso verbalmente ou em voz alta, mas, depois de bater palmas, lá pro final, me deu pena de não ser mal educada e não ter levado a minha câmera.
Não existem fotos desse momento.

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Um mês antes, tinha saído no jornal uma matéria sobre o espetáculo.
Tinha foto, tinha entrevista. Nas entrevistas, os dois bailarinos diziam que o momento mais bonito era quando tudo se transformava no fundo do mar. Eu, quando li a matéria, pensei: "Que bom que eu vou!".
Que bom que eu fui!

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Fora o fato da Ariel e da Aurora parecerem dois travestis, reconheço humildemente que, para patinar no gelo fantasiado de Fera ou como o Gênio da Lâmpada é preciso ser muito macho. A parada é realmente um espetáculo.

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Olívia chegou em casa "apaixonada pelos príncipes", segundo a própria (no que eu não posso discordar; tirando uma ou duas perucas, os moços eram príncipes mesmo), quis ligar pra todo mundo pra contar como tinha sido, dormimos abraçadinhas na minha cama e a paz voltou a reinar no nosso castelo.
Hoje, o encanto dela continua.
Eu fico feliz de poder proporcionar a ela memórias memoráveis; ao mesmo tempo, fico triste por não poder dar o mundo.
Me consola pensar que quem tem o mundo, não tem o que a gente tem.

sexta-feira, setembro 5

Telefonema

E aí a minha mãe me liga...
- Você está lembrando que hoje é aniversário da mamãe?
(Mamãe, no caso é a dela, minha avó, que faleceu há 3 anos).
- Não, mãe, confesso que nem me passou pela cabeça...
- 100 anos...
- E aí, você já deu os parabéns pra ela?

Ante este diálogo, era a única pergunta cabível.
A nossa família tem disso... Mesmo depois de morta, as cinzas da vovó ainda ficaram quase dois anos na sala da casa dela - numa caixinha providencialmente enfeitada com um paninho bordado e um vasinho de flores em cima - e ela continuava participando dos jantares de dia de qualquer coisa que a gente faz...

Manhã de pressa

Deus que me perdoe, mas namorado em casa em dia de semana é de foder.
Não que isso deva ser mal interpretado; eu amo dormir abraçada naquele peito cabeludo, amo acordar com beijinhos, tomar café com a minha “família”; mas, acordar quando o dia ainda nem é dia e você tem horário pra cumprir, e encontrar os despojos da noite anterior pela casa e ter alguém dentro de casa que não tem pn com o seu horário, mata a manhã de qualquer mortal.
Eu ia reclamar especificamente dele, mas cheguei à conclusão de que a problemática que envolve esvaziar um cinzeiro ou guardar as coisas de volta na geladeira ou jogar papéizinhos no lixo, é uma prerrogativa masculina.
Mesmo tendo chegado a essa conclusão, ainda assim, fico enlouquecida de acordar e encontrar o que eu chamo de “rastros” pela casa. Nesse momento, eu começo a bufar. Na etapa em que eu passo a guardar e lavar as coisas, existem fiozinhos de fumaça saindo pelas minhas orelhas – porque, ao invés de estar na pia, eu poderia estar sentada na mesa da sala tomando minha caneca de café em paz e me conectando com o mundo.
Nada é pior do que levantar da cama e cair direto no trabalho de casa.
Nada desperta mais a minha vontade de contratar uma faxineira do que acordar numa situação dessas e pensar que você que vai ter que arranjar tempo no seu final de semana para limpar a bagunça que as outras duas pessoas da sua vida fazem e deixam lá de presente pra você.
E aí ele se levanta. Falta meia hora para você ter que sair de casa – para você poder sair de casa com calma.
“Estamos de mau humor, é?”.
“Não. Tem de ninguém de mau humor aqui, não”.
Claro que essa frase é dita entredentes e meu olhar me denuncia. Infelizmente, eu não sou boa de blefe, de disfarce, de dizer uma coisa quando penso outra porque o meu olhar sempre denuncia e eu não tenho controle sobre isso. Quantas vezes eu já ouvi da minha filha, “mamãe, porque você está me olhando com essa cara de brava?”; ou de outras pessoas, “essa forma que você está me olhando agora”...
Corre, rebola, arruma, “come, minha filha, pelo amor de Deus!”.
Quinze minutos para o limite da sua hora segura.
“Preciso fazer a barba”.
“Não dá tempo!!!”.
“Eu não disse que ia ser agora...”.
E levanta para pegar mais um café.
Dez minutos para a hora limite.
“Vou tomar um banho”.
Ai, Jesus!
“Então vai, que já ta na hora!”.
Eu tento me controlar. Fico olhando para o relógio e quase posso ver o ponteiro dos minutos se mexendo. O mundo já acontece lá fora e eu parada esperando. Eu nem precisava ir agora, mas quero entender melhor como usar um programa que eu já soube usar há muito tempo atrás.
A criança já está vestida, calçada, as mochilas prontas. Ele vem só de calças, botas os sapatos como se ainda faltassem dez minutos para a hora segura e não tivessem passado dez minutos dela.
Eu solto gemidos de “vamos, vamos”, a criança descobre um par de lápis e começa a fingir que toca um reco-reco ao mesmo tempo em que canta animadamente pela sala. Ele bota a camisa. Eu bufo. Ele acende um cigarro, eu ignoro o relógio e abro o jornal enquanto meu pensamento só é capaz de pensar em palavrões cabeludos e eu sinto que o meu rosto está ficando com uma certa coloração avermelhada.
Eu já estou 20 minutos atrasada.
“E aí, vamos?”.
“Vamos, ué! Estou só esperando você!”.
“Eu que estou esperando você! Estou pronto há dez minutos!” – e aí ele pega as palavras cruzadas do jornal.
Tive vontade de chorar.
Eu me jogo na cadeira, solto um gemido e cinco minutos depois, consigo expulsar os dois de casa.
Como a dor não pode ser rápida, eles resolvem andar a um passo que até velhinhas de andador seriam capazes de fazer uma ultrapassagem nada perigosa. Os dois parecem não me notar.
Como não podia deixar de ser, assim que chegamos à Praia de Botafogo, meu ônibus passa. Eu perco. E aí ele resolve engatar uma primeira violenta e vai embora mandando beijos muito satisfeitos.
Esses beijos, melhoram um pouco o meu humor – apesar deu ter certeza absoluta de que ele bem que podia ter ficado um pouco conosco no ponto, já que não tinha pressa de nada no mundo – e, eventualmente outro ônibus chega. Eu chego atrasada.
Manhãs com pressa não combinam com namorados. Namorados combinam com longos cafés da manhã, com pães, café preto, jornal, bagunça calma, beijos, dias de sol; com pressa não combina. Fode a manhã da cidadã.