segunda-feira, março 31

...Vamos combinar que é um desespero a pessoa estar entrando em abril e não ter visto nem um show ou peça de teatro no último mês. Assim não se sobe estatística!
Merda de vida de pobre.

quinta-feira, março 20

Altos!

...Mas isso tudo quer dizer, então, que eu vou pôr correndo TV a cabo ou internet no meu novo lar? Não.

Neste primeiro mês, tive acidentes domésticos traumatizantes a cada semana.

Logo no primeiro final de semana, domingo de chuva, dia de Oscar, estávamos nós dentro de casa quando eu levei minha filha ao banheiro, apertei a descarga e ela saltou em cima de mim! (A descarga, não a filha.).
De repente a água corria ininterruptamente e o botão não encaixava de volta. O registro de água do meu banheiro, assim como a casa toda, é muito velho e só fecha na base da chave inglesa, artefato que não existe na minha casa. Amos e convenhamos que chave de fenda eu até tenho, mas chave inglesa é super pedir demais que exista na casa de uma mulher solteira, certo?
Eu gritava de um lado, o namorado de outro, a criança ficava andando no meio que nem barata tonta e a água rolando... Como ainda era o meu primeiro final de semana no latifúndio, ainda não tinha aquela bossa de ter algum dinheiro escondido em casa - coisa que, agora eu sei ser essencial, mas ainda não cumpri – então não podia nem chamar um serviço urgente 24 horas de socorro.
Depois de muita luta, o homem da casa conseguiu descobrir uma trava lá qualquer que parou o fluxo de água furioso e no dia seguinte fez a gentileza de levar o bombeiro lá para consertar o estrago.
Eu perdi qualquer fio de humor que tinha e a transmissão do Oscar de tabela.

Na semana seguinte, eu fui estrear minha nova velha máquina de lavar e, logo depois da primeira lavagem (por dia de lavanderia são 3 lavagens), comecei a notar uma poça de água que aumentava e tomava a minha cozinha lentamente.
Minha primeira reação foi “fudeu, o casco da máquina abriu!”. Ela é velhinha, era da vovó, tinha soltado uma ferrugenzinha amiga... Mas a água que estava lá dentro não descia e a poça aumentava. Eu botava folhas e folhas de jornal, todos os meus poucos panos de chão e a água corria...
E nisso deu a hora de levar minha filha pro colégio. Forrei a cozinha toda e fui – à beira das lágrimas. Rezando pra que conseguisse encontrar a casa não inteiramente encharcada. Na volta, a água estava na porta da cozinha, mas não chegou a molhar meu precioso sinteco novo. E eu subi no tanque, e eu fechei registro, e eu secava, e nada da água parar de escorrer. Mais uma vez, apelei para o meu lado mulherzinha dependente e liguei pro namorado, que, dessa vez, não pode me socorrer. Então lembrei do meu querido faz-tudo. Pedi peloamordedeus e em 15 minutos ele me dizia todo feliz que meu problema era uma mangueira furada. De 9 da manhã às 4 da tarde, eu tentei ser uma mulher auto suficiente e resolvedora de problemas. Fui vencida por uma mangueira; que denunciou minha total inaptidão para esses assuntos e foi devidamente trocada enquanto o Seu José tomava um café com a outra mão.

(Na mesma semana aconteceu uma obra debaixo, no sentido literal, da minha janela envolvendo o meu cano, mas, como me foi dito que o problema era do prédio e a obra seria custeada pelo prédio, eu agüentei a batucada intermitente dos martelos pelos 3 dias que se seguiram numa boa e fingi que o problema não foi meu de fato.)

Então, na semana seguinte, estava eu de novo no banheiro com a minha adorada, venerada, salve, salve filha quando, novamente, fui dar a descarga e... ÁGUA!!!
Jorrava! Dessa vez jorrava, em grandes quantidades, tal qual uma cachoeira selvagem aquela água infecta de trás da minha privada! Foi um susto tremendo, eu gritava, Olívia corria, eu sacava um pano e... parou. Foi só o tempo da descarga mesmo.
Fui ver o que tinha acontecido, e uma peça que eu nem sabia que existia, que eu nunca tinha prestado atenção ou pensava em conhecer tinha resolvido ficar solta, frouxa, broxa, bem na porra da minha privada.
Mais uma vez eu tentei solucionar o problema sozinha e, aparentemente, com meio rolo de fita isolante isso foi possível. Acabei com as cataratas.

A essa altura, você também já teve um flash e já sacou que o meu problema da vez é água, né? Ou era. Espero.

Por conta de todas as que passei antes de mudar, e essas aventuras aquáticas, eu não quero mais ter que mexer em nada dentro da minha casa. Nem consertar nada por tempo indeterminado. Nada. Nada.
Quando o rapaz do telefone me disse que para instalar o Velox precisaria passar um fio da minha sala até o escritório, imediatamente saquei que eu ia demorar a autorizar este serviço e fazer usufruto dele.
Assim como a TV a cabo. Não vou quebrar, nem mexer, nem consertar, mas vou ter que me submeter ao “nós vamos estar indo...” e eu já estou de saco cheio disso também.

Quero terminar de desencaixotar minhas coisas, arrumar minha varanda e descansar. Nem festa eu quero dar! Minha mãe já quer comprar móveis novos quando eu nem arrumei os que já estão lá. Minhas paredes estão nuas, coitadas. Não tem nem uma fotinha pendurada em lugar nenhum.

Não troco, não conserto e não mexo.
To de altos.

Sacou?

O Vício & a Seita

Há até uma semana atrás eu enchia a boca com toda a vontade dos meus pulmões para dizer a quem quisesse ouvir que, dentro dessa confusão de casa nova e adaptações e serviços de utilidade doméstica, TV a cabo era uma coisa que não me fazia falta nenhuma. (O discurso, na íntegra, dizia que internet eu uso na faculdade mesmo - fato - e que eu ando chegando tão cansado e passo tão pouco tempo em casa que quase não vejo mais TV e não tinha, então, a menor necessidade de pôr uma TV a cabo correndo.)
Até sábado passado.

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Eu agora sou A Ninja da Faxina.
Se das primeiras vezes em que eu limpei a casa minhas mãos ficaram quase em carne viva, com calos latejantes e uma dor colossal e debilitante na coluna; a cada final de semana eu vou ficando mais parecida com minhas ex-faxineiras e fazendo minhas tarefas do lar com maior rapidez e precisão.
E, como tem sido a minha rotina de sábados, levantei junto com o namorado no horário mais ingrato e infeliz de se levantar num sábado em que a sua filha não está em casa, mas ele tinha que trabalhar, gosta de tomar café juntinho antes de sair, então meu dia começou. Como eu também ando desenvolvendo uma mania de limpeza que pode vir a ser preocupante, mas ainda não é porque eu acabei de mudar (1 mês sábadoooo!!!), assim que o namorado saiu, eu peguei a minha vassoura!
Limpar a casa tem sido meu momento mais meu dentro daquela casa. É um momento que faço sozinha, sem ninguém em casa. Cômodo por cômodo, na maior calma. Vai me dando um prazer passear pelos quartos e ficar sentindo aquele cheiro de Veja Floral (fragrância da semana), vendo aquele chão brilhando, aquela cama arrumadinha que até merecia mentinha no travesseiro...! Essa semana eu cheguei a arrastar os sofás e limpar os vidros das janelas. Chovia e eu limpava... Uma coisa quase orgásmica...
Só que, como eu já virei A Ninja da Limpeza, minha masturbação olfativa e visual só durou até meio-dia. E agora? Eu tinha marcado 18h com uns amigos em casa, como eu ia matar longas seis horas sem nada para fazer?
Nessas horas, dificilmente meus amados livros servem de opção. Tomei banho, fui ao banco, comprei uma comidinha na rua pra não ter que sujar meu fogão limpinho e brilhante, almoçei, tentei dormir e... Duas da tarde.
Resolvi fazer as unhas e abrir uma cerveja - porque não? já tinha acabado o "sirviço" mesmo!

Assim que comecei a fazer as unhas - que bem estavam merecidas de um lustre - liguei a TV.
TV aberta. Globo. Sábado. Sacou?

Então eu me toquei que faziam três sábados que eu ligava a TV para me fazer companhia enquanto faxinava. Que enquanto ela me fazia companhia, estava sempre passando "O Caldeirão do Huck". Que enquanto passava "O Caldeirão do Huck", eu prestava a maior atenção. Que, não só eu prestava atenção, como em muitos quadros eu chegava a chorar ou torcer como se não houvesse amanhã. Que eu acompanho, assisto, estou viciadona em "Caldeirão do Huck".

Assim que realizei minha triste situação de vida, telefonei para a minha melhor amiga, para a minha mãe e para o meu namorado. Um vício dessa magnitude e podridão não pode ser escondido uma vez que a cidadã precisa do apoio dos mais chegados para sair dessa.

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Então, quando tudo mais acabou, só o que me restou foi um programa de luta livre.
Luta livre do tipo que um cara pegava uma cadeira de ferro para dar nas costas do outro que tomou uma porrada no pescoço que quase sufocou o outro que olhava pro outro com cara de ódio e fazia aquele gesto de cortar garganta pro outro. Entendeu? Bestificante.
Fiquei. Completamente besta com a programação da TV aberta num sábado de ócio de minha parte.

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Quando a amiga chegou lá em casa eu estava sentada no sofá com uma cerveja numa mão, um cigarro na outra, assistindo luta de boxe feminino, quase babando.

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Não posso mais encher a boca para dizer que não sinto saudades da TV a cabo.

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E "Bebê de Rosemary", lembra?
Lembra quando eles se mudam pro condomínio e os velhinhos começam a fazer um monte de gracinhas pra ele pensar que é uma vizinhazinha queridinha?
Aos poucos os meus vizinhos estão começando a aparecer, bater lá minha casa, simpatiquinhos. Uma de cá, outra de lá...
Eu, que a vida toda tive dois, três vizinhos, que nunca nem tchuns pra minha vida, acho muito esquisito, não estou acostumada, mas sou sempre educadinha do jeito que a mamãe ensinou.

Eis que ontem, estava eu enrolada na toalha saindo do banho, quando toca a minha campainha.

Pausa: é preciso que todo mundo entenda também que eu nunca tive uma campainha que funcionasse na casa da minha mãe, então, toda vez que ela toca eu me sinto na obrigação de sair correndo e atender porque, se ela toca, deve ser alguma muito urgente, que outro motivo haveria para as pessoas ficarem tocando a campainha da minha casa?

Olhei no olho mágico e tinha lá uma senhora de uns 50 anos parada nos seus chinelos esperando. Como ela não tinha cara de assaltante - eu sei que assaltante não tem cara - abri uma frestinha para atender a senhora.
Ela me vem, então, com um papo de que o pai dela, um senhor idoso de óculos (dãr), queria conversar comigo e com o meu marido e pediu para perguntar que dia seria melhor para que ele fosse à minha casa.
*HEIN?!?*
Sem perder a pose - se é que eu ainda tinha alguma - perguntei qual o assunto, expliquei que o marido não era marido, que a casa era minha mesmo, e falei que ele poderia aparecer à noite, quando eu estaria em casa. Ela me disse que ia dar o recado ao pai, que devia ser sobre uma votação para síndico que vem aí, mas que, como ele era um senhor muito idoso, ia apenas dizer que meu marido chegava muito tarde mesmo.
Como eu estava de toalha na porta e com uma criança na banheira, concordei.
Depois a Simone que há em mim ficou aos berros de "onde já se viu tamanho preconceito para comigo que cuido de tudo sozinha e pago tudo sozinha dentro da minha própria casa, e imagina se eu termino com o namorado e arrumo outro e o velho fica achando que eu sou uma desfrutável quando eu não sou", mas achei melhor pôr um cigarro na boca dela e ficar na minha. Foda-se a senhora e o preconceito dela. Talvez eu mate o velho quando ele for lá em casa desmentindo tudo eu mesma. Talvez não. Não vem ao caso.
...Mas, que depois da visita, eu fiquei com um certo pensamento fixo no "Bebê de Rosemary", isso lá fiquei... Esse povo batendo na minha porta, fazendo visita... Eu, hein...

quinta-feira, março 13

...

...pode usar o blog na faculdade...
...e daí...?
...quem disse que eu ando com alguma pra dizer...?
...a vida anda tão chata...

...feliz...

...parada...

...doméstica...

...amando...

...sóbria...

...tudo muito reticente...

(Só vim aqui hoje por causa das listas. Um dia...)