quinta-feira, abril 26

Coisas que a gente deve aprender pra vida:

- Logo ali não existe.

- Se a gente pedir muito, vai conseguir.

É meu momento Morrissey.

Eu reclamava que nunca viajava, agora viajo quase todos os finais de semana.
Sinto falta dos meus amigos, da minha filha, da minha casa - que está de pernas pro ar.

Eu reclamava que estava sozinha.
(re) Apareceu uma pessoa. Boa, que não reclama, que obedece e quer estar comigo quando eu posso.
O problema é que agora não posso muito.

Heaven knows I'm miserable now.

E nós estamos só em abril...

quarta-feira, abril 25

Tem dias que eu tenho muita vergonha do meu porteiro...

Primeiro ele recebe a amiga que vem beber na hora do almoço, depois o digníssimo, depois recolhe 3 sacolas de garrafa de bebida do meu lixo...

terça-feira, abril 24

Detestei a nova interface do blogger, hein...
Preciso tanto, mas tanto ficar uns dias na minha casa, com meus amigos, com a minha filha, que chega a doer.
A Saga Metal Open Air, pra mim, começou cedo – é preciso contar isso antes de tudo. Dos amigos que foram aqui do Rio, fui uma das primeiras a encampar a viagem.
Não tenho costume e/ou dinheiro para ir a festivais em outros estados, mas, este ano, resolvi me dar este presente.


Comprei minhas passagens ainda em dezembro de 2011, assim como o ingresso e o pacote de traslado e hotel; e passei a acompanhar as notícias. Nesta época, ainda não existia toda a escalação de bandas, só a promessa de que seria o maior festival de heavy metal do Brasil, com a idéia de que ele se tornasse anual e pudesse ser comparado a outros que acontecem ao redor do mundo e que são sonho de consumo para a grande maioria dos headbangers que eu conheço.


Cada anúncio ao longo destes meses foi comemorado. A produção demorava em dar respostas às dúvidas que muitos tinham, mas a coisa ia tomando forma e a animação de poder estar lá aumentava.


Não havia visto a grande maioria das bandas ao vivo e a idéia de passar 3 dias enfurnada no meio disso tudo me parecia algo bem próximo do Paraíso.

Foram 4 meses de prestações e antecipações.


Dois dias antes do início do festival a coisa começou a desandar: as primeiras bandas nacionais começaram a cancelar suas participações. Em comunicados espalhados pela rede nos contavam que a produção não havia depositado o cachê, não havia enviado passagens e não atendia aos telefonemas deles.


Na véspera, de hora em hora saía mais algum comunicado semelhante. Até o final da noite eu havia contado 6 pronunciamentos. Neste dia também veio a notícia de que o Venom não mais tocar por que os vistos teriam sido enviados para a África ao invés do Brasil.


Um amigo que já estava lá contava pelo Facebook que a troca dos ingressos, que deveria ser feita a partir de quinta às 9 da manhã, não estava sendo feita. Os palcos ainda estavam sendo montados e a luz sendo instalada. O pessoal que optou por ficar no camping reclamava que entrava quem quisesse e que não havia um pingo de infraestrutura.


Num grande jornal que a produção estivera reunida com o PROCON e havia saído de lá com uma lista de ajustes a serem feitos até 13hs do dia seguinte mediante o cancelamento efetivo do festival. Um dos ajustes dizia respeito ao estúdio de tatuagem, a produção desistiu ali de instalar o mesmo. Era mais fácil.


Às 9 horas da noite, de malas prontas e tudo o mais, sentei-me na sala e comuniquei aos amigos que havia desistido da viagem por conta de todas estas notícias assustadoras. Não sentia a menor vontade de cruzar o País e receber a notícia de que o festival não ia acontecer assim que desembarcasse no aeroporto.


Por várias horas a decisão permaneceu comigo, mas vários telefonemas depois, os amigos me convenceram a ir de qualquer jeito – a viagem já estava paga mesmo, eles estavam lá, as bandas internacionais, em sua grande maioria, também. Era inimaginável para todos nós que tudo, tudo, tudo fosse de fato cancelado.


A essa altura, já sabíamos que não ia ser nada do que nos havia sido prometido, vendido e acordado, mas estávamos todos a caminho para tentar fazer acontecer.

Na sexta-feira, dia 20 de abril, dia marcado para início do festival, as notícias não paravam de chegar.


O Blind Guardian estava no meu avião, várias camisas pretas enfeitavam o aeroporto. Isso era um consolo.


Pisei em São Luis 12:30.

Pela programação divulgada, a essa hora o festival já devia ter começado há duas horas, mas nada tinha acontecido ainda.

Meus amigos estavam do lado de fora do Parque Independência há horas, debaixo do sol quente, sem banheiros e comida disponíveis, tentando obter suas pulseiras – a produção alegava atraso na confecção das mesmas, mas o problema deles foi outro. A previsão era de que nada fosse começar antes das 3 da tarde.


Por conta dos updates, não me preocupei em correr, cheguei ao Parque tarde e acabei perdendo a banda que talvez mais quisesse ver, o Orphaned Land. Mas, sim, a primeira banda começou a tocar às 3 da tarde mesmo.


A tal pulseirinha de identificação não passava de uma fita do Senhor do Bonfim com o logotipo do festival – que começou a sair logo no primeiro banho.

O Parque Independência é um lugar enoooooooooooooooooooooorme. Fica numa área pobre da cidade e é conhecido por abrigar feiras agropecuárias, festas sertanejas e afins.

O vislumbre do que poderia ser o festival ali dentro era de cortar o coração de qualquer pessoa – não só de quem estava lá.

A área do camping, como já foi amplamente divulgado, era mesmo dentro dos estábulos. Cada casinha tinha um nome fofo pintado em cima do portão “Alojamento Manowar”, “Alojamento Judas Priest”, e por aí vai... A única proteção para esta área era uma espécie de cerca de placas de metal, que era aberta na marra por quem quisesse entrar. Soubemos que lá dentro as pessoas estavam pegando água dos cochos dos cavalos e que haviam pessoas lá dentro a pão e água.

Do lado de fora existia uma quantidade enorme de casinhas, que deveriam servir de restaurantes – as prometidas churrascarias. De fato, duas serviam um picadinho de carne esquisito, mas que todos acabamos comendo e estamos em pé pra contar; outra um prato de yakisoba. Não existiam outras opções e ficamos à mercê da demanda da galera – se uma barraca tinha comida, as outras não tinham. Era como se fosse um rodízio, saía uma rodada de pratos em uma, 40 minutos depois em outra, e você comia o que tinha a R$10,00 sem poder reclamar.


Haviam outras casinhas também: os banheiros.
A maior parte deles não tinha porta nos “reservados” e também não tinha privada. Era um buraco no chão e sinta-se feliz. Descobrimos um que tinha as portas ainda, a salvação, porque ali também entrava quem quisesse – mulheres, homens... – íamos ao banheiro em grupo. As paredes coalhadas de traças, formigas e graças a Deus foi só isso que eu vi.


Apesar de terem nos dito que o patrocínio era da Budweiser, havia barraquinhas com emblema da Skol, da Bhrama... Com dinheiro, de sede ninguém morria, pelo menos.

Os primeiros seguranças foram avistados por nós somente por volta de 10 horas da noite. E, para onde eles foram, seria uma boa pergunta... Vimos aquela leva e mais nenhuma.


Os palcos estavam lindos – pra nós que estávamos de fora –agora o camarote vip deve ter despertado a ira de muita gente. A idéia era que ele fosse construído na lateral para não atrapalhar ninguém e que as bandas fossem para lá depois. Que eu saiba ou tenha visto, isso também não funcionou. O camarote existiu, mas era mais jogo ficar na platéia e banda por lá...


Neste primeiro dia, nos palcos principais, apenas 3 bandas nacionais não tocaram. A tal boate/ palco El Diablo nós achamos que nem montada foi, porque não vimos em lugar nenhum.


E assim tivemos shows incríveis. O Destruction foi maravilhoso, o Exodus me surpreendeu demais, demais da conta! O Symphony X veio com o melhor showman da noite. Megadeth foi ruim. O Mustaine parou o show diversas vezes, a voz dele não estava boa. Todos os shows foram curtos, para compensar os atrasos do dia, ainda assim, quando se olhava em volta, dava alegria no coração estar fazendo parte daquilo. O lugar não estava lotado, mas também não estava às moscas. Pelo menos metade da área de shows estava tomada por pessoas de todo o Brasil.


Um momento digno de registro neste dia foi quando o Edu Falaschi – do qual eu não sou fã, diga-se de passagem – disse que ia tocar o set list inteiro, sim, uma vez que ele estava tocando de graça. Aí vocês já entenderam o recado.


Apesar de sairmos esperançosos, no meio dos shows já havíamos recebido a notícia de que o Saxon também não ia mais tocar.


No ônibus da volta, um grupo declarou em alto e bom som estar desistindo da viagem, outro seguiu direto para delegacia – começaram os furtos, eles haviam perdido tudo.


Não sabíamos o que esperar para o dia seguinte.

Sábado foi, de longe, o dia mais tenso.


Já acordamos com a notícia que o Rock n Roll Allstars também não ia mais tocar.

Como o clima era de incerteza geral, chegamos por volta de 2 da tarde.

O Parque estava bem mais vazio que no dia anterior, mas o povo esperava pacientemente.

Nessa hora começou a chover uma das famosas chuvas maranhenses. Nos abrigamos numa tenda da Prefeitura e começou a emoção.

Em pouco tempo os celulares começaram a tocar e começamos a receber notícias de que os palcos estavam sendo desmontados e que o festival havia sido, enfim, cancelado. Do meu celular veio a informação que não veríamos mais o Anthrax, nem Glenn Hughes, que havia a probabilidade do cancelamento ser efetivo, que já haviam carros de polícia em frente ao palco e que deveríamos sair correndo dali.


Um rapaz declarou: “O sonho acabou”.


Juntei os amigos próximos e nos afastamos de perto. Precisávamos juntar o resto do grupo. Paramos no único caixa eletrônico existente no Parque – cena de Walking Dead, uma casinhola abandonada com pedaços de caixas de papelão espalhados – onde podíamos ver pessoas chegando e pessoas saindo.


Neste momento, um dos produtores resolveu fazer um pronunciamento.

Fez um Mea culpa confessando que não havia pago as bandas ou os prestadores de serviços – disse, disse e não explicou nada – mas que a gente tivesse paciência que eles precisavam de mais 2 horas para remontar o palco e fazer pelo menos alguns shows.

Sim, o palco, ao invés de 2, eles montariam de novo só um.


A tensão diminuiu um pouco e todos se puseram a esperar – de novo.

Nos refugiamos na casinha do Samu que não era no meio da muvuca, mas perto o suficiente para que pudéssemos ver ou ouvir coisas e, em turnos, fomos colher informações.

O pessoal do Samu me contou, então, que estavam mortos de vergonha. Nunca na história da cidade havia acontecido um evento tão mal ajambrado. A carne que estava chegando naquele dia quem havia mandado era a Prefeitura, que também havia cedido de graça o terreno para que o Festival acontecesse.


As pizzas que chegaram no início da tarde foi o filho de uma das enfermeiras que pediu à pizzaria que levasse para o evento porque o povo não tinha o que comer – inicialmente elas foram vendidas, mas por volta de 10 da noite, o pessoal da pizzaria abandonou o posto e pegou quem quis.


Soubemos de vários casos de assaltos, onde quem roubava era o próprio pessoal que havia sido “contratado” como apoio. Alguém levou uma facada. Celulares sumiam como água.

Aí ficamos sabendo que o produtor local tem esse mau hábito de anunciar grandes shows e desaparecer. Esse já seria o terceiro ou quarto. Que ele já havia sido preso. Que até a semana anterior o povo local sequer achava que o festival ia acontecer mesmo.


Enquanto isso, carros de polícia passavam por nós, assim como uma tropa montada a cavalo.


Então o Ácido subiu ao palco.

Por mais que houvesse desanimação geral, quem ainda estava lá foi ver. Dois outros shows se seguiram e chegavam informações de que haviam vans chegando com outras bandas.


O Korzus subiu ao palco.

Fez um discurso e um show que quase lavou a alma de quem insistia.


Aí começaram a desmontar o palco de novo.

O pessoal do merchandise foi orientado a guardar tudo correndo.

A tensão voltou a aumentar.


E o show acabou.


Ao contrário do previsto, o que se via era uma turba tristíssima, arrasada, saindo com o rabo entre as pernas.

Uma cena que, pra mim, é até difícil descrever.

Ninguém quebrou nada, gritou, armou confusão, as pessoas simplesmente foram embora.


As bandas chegaram a ir até o Parque, mas já não havia mais segurança ou estrutura que tornasse possível que elas tocassem. Em nota oficial o Blind Guardian disse que, em 25 anos de carreira nunca haviam cancelado um show, mas que não existiam condições de realizarem aquele show.


Domingo.

No saguão do hotel, todos dividíamos a frustração.

Alguns tentavam voltar mais cedo para casa, nós passamos uma lista recolhendo contatos das pessoas na intenção de entrarmos com uma ação conjunta, todos se reuniam em volta dos computadores para acompanhar as últimas notícias, um produtor mandou surrar o outro, que empurrava a responsabilidade para o outro...

Pessoas faziam o check in no nosso hotel vindos do camping, uma vez que a polícia não aconselhou que eles continuassem por lá.

A manhã passou nesse clima de luto.

À tarde fomos passear – já que não existiam muitas outras opções – e o que se via por toda a orla eram camisas pretas. Acabamos escolhendo um quiosque em que puseram Slayer para tocar por conta dos clientes que lá estavam.


Conversei com taxistas, o pessoal do hotel, do aeroporto e todos estavam tão chateados quanto nós.


Ontem, o que se via, de novo, era um aeroporto coalhado de preto.

Sim, tinha gente acampada na porta e dormindo lá dentro.


Das quarenta e tantas bandas que iam tocar, treze subiram no palco, as outras que foram ficaram por lá, atenderam os fãs, mostraram sua indignação. Tiro o chapéu para cada uma delas – que tocou ou foi e esperou até o último momento.


O bom da viagem foi ter conhecido uma porção de gente nova, de diferentes cantos do Brasil. Um pessoal que fez esforço pra ir, muitos deixando família em casa, e que foi o segurou a onda na hora de rir da própria desgraça.


O prejuízo que ficou é IMENSO.

O estado do Maranhão ficou manchado por ter sido palco disso– ainda que todos de lá que eu conheci tenham feito de tudo para ajudar.


O Brasil fica ainda mais comprometido com as bandas de fora. Se antes eles já cobravam um cachê mais elevado por conta dos riscos, agora vai ficar ainda pior. Num cenário que já é malvisto isso é muito, muito danoso.


Pelos próximos anos, acho difícil que alguém consiga sequer orquestrar um novo festival de heavy metal sem que a sombra do M.O.A. paire em cima. Muita gente comprou a idéia e deu com os burros n’água. Eu mesma fui, fiz parte, e não me envergonho por ter acreditado que podia ter dado certo. Mas vou ter ressalvas para sempre.


É surreal como tão pouca gente pode fazer mal a um número tão grande de pessoas.

Nós até tivemos sorte. Estávamos em hotel, tínhamos um grupo bem bacana, mas muita, muita gente não.


quarta-feira, abril 18

E é no momento em que, no mesmo dia, o carinha do banco te dá prioridade e a sua tia diz que está ficando agoniada, que você internaliza que TEM que emagrecer pra anteontem.
(externalizado já tinha rolado...)
E eu mal cheguei e já tenho que ir de novo...
Vai ser um ano longo...
Doloroso...
Solitário...
Nenhum projeto anda, dois meses e nada mudou mudado.
Novas pessoas aparecem - isso é a parte boa.
Novas conexões se formam, mas a principal novidade é velha, é revival, é perigosa e ao mesmo tempo consoladora.
A vida anda não muito boa, cansativa, meio sem rumo em meio a tantos e tantos rumos diferentes...

quinta-feira, abril 12

- Você escreve?
- Escrevo.
- É... Isso é coisa de gente que escreve...

terça-feira, abril 10

(...) já estivera apaixonado antes, é claro, e havia sobrevivido para contar a história. (...) E, por experiência própria, o amor sempre terminava em amargura. Sem dúvida, ele era doce por uns tempos, mas nunca durava o suficiente para justificar as conseqüências: as semanas de auto-recriminação, os meses de insônia, os anos de solidão. Sempre que um romance terminava, ele dizia a si mesmo que nunca mais cairia nas teias do amor. Decidia, então, permanecer no mar, onde se mantinha a salvo de seus próprios apetites.

Clive Barker - Galilee