sexta-feira, novembro 27

Dilema

De vez em quando eu consigo pensar que nem homem.
Mas, sejamos honestos, eu não sou um.
Essa mania que eu ando de relativizar as coisas é uma mão na roda na hora da auto enganação, ainda assim, nem sempre funciona.
Eis que encontro-me num dilema:
"Should I stay, or should I go?"
Não sei.
Se eu fosse homem, eu ia.
Azar.
Mas, mulher boboca que sou, não sei.
Devia ir.
Eu quero ir.
Ao mesmo tempo, encontro-me totalmente à disposição para abandonar meus planos se o telefone tocar.
Eu espero o telefone tocar.
Uma diferença monstruosa de comportamento e pensamento.
"Shuold I stay, or should I go?"
Maldita carência, maldita baixa auto estima, maldito vício.
Devia ir.
Desta vez, devia pensar: o que você faria no lugar dele?, e ir.
Mas, cadê que eu consigo?

Novo propósito obsessivo

Uma semana cravada para as sonhadas férias da faculdade.
Parte dos meus planos - desta vez não tão extensos ou nefastos - é ler livrinhos subversivos.
Não ler qualquer espécie de livrinho; pelo menos não com o afinco que eu sempre dediquei aos meus amiguinhos encadernados; anda me deixando um pouco adoentada. De forma que, nas férias, eles serão a razão de ocupação do grosso do meu pouco tempo livre.
Além da falta de tempo, ando sofrendo pela falta de um livro que eu queria muito, muito, muito mesmo ler e que ia ser minha primeira aquisição pós primeiro salário fixo depois de tantos anos, mas que anda esgotado no mercado.
E então ontem, passando numa banca de livros usados, lá estava ele: o livrinho subversivo.
Não pensei nem duas vezes, como me é de costume.
Parei, abri a carteira, comprei e fui embora.
Lembrei do outro livrinho subversivo que está lá na prateleira esperando chegarem as férias já há duas férias.
Pronto.
Resolvido tudo.
Ainda é muito triste a falta do objeto de desejo, mas achei um novo propósito obsessivo - pelo menos por enquanto - para os meses que virão.

sexta-feira, novembro 20

Consultando os Astros...

abrir-se ao novo é importante!
Temos aqui o 7 de Copas como seu arcano conselheiro neste momento, Renata. O Tarot sugere que este momento é propício para que você abra seu coração para o conhecimento de pessoas novas que surgirão, revelando novas possibilidades afetivas. Isso não significa necessariamente que você tenha que abdicar do velho em sua existência, nem que tenha que cair na farra de uma forma excessiva, mas que talvez seja necessário que você atente para o fato de que curtir com outras pessoas pode oferecer uma perspectiva nova, que até mesmo melhora suas relações antigas. Isso não implica em obrigatoriamente fazer sexo ou namorar outras pessoas, mas no mínimo sair com outras figuras, conversar com gente que gosta de você (até mesmo apenas amigos) e ter uma melhor perspectiva de si através do olhar dos outros. Converse com as pessoas, ouça o que elas têm a lhe dizer, permita-se perceber como uma pessoa sedutora e querida. Ainda que você não faça nada, não deixa de ser uma experiência boa para o seu ego.

Procurando cabelo em ovo
Vênus em quadratura com Mercúrio natal

DE: 20/11 (Hoje), 2h17
ATÉ: 28/11 , 20h26
A desarmonia que envolve Vênus no céu com o planeta Mercúrio do seu mapa entre os dias 20/11 (Hoje) e 28/11 não é um conflito grave, Renata, e diz respeito a alguns conflitos internos relacionados à sua forma de vivenciar o amor. É possível que, neste momento, você venha a questionar mais a sua vida afetiva, percebendo de forma mais intensa as suas insatisfações. Mas o problema neste período é que de nada adiantará muito pensar, pensar e pensar. O excesso de especulação neste momento não melhora a sua vida amorosa, e pode até torrar a paciência alheia, se você ficar falando demais sobre isso. Uma tendência natural deste momento é ficar fazendo "discussão de relação", quando se está namorando, e nem sempre são discussões que levam a algum lugar. Diz-se, inclusive, que após dez minutos de conversa, é provável que o foco do assunto seja perdido, e aí as pessoas passam a discutir milhões de coisas outras, liberando traumas e coisas que não têm nada a ver com a relação em si. Que tal não complicar?

Tô podendo?

quinta-feira, novembro 19

Acho verdadeiramente libertador - ainda que seja um pouco chato também - quando a gente consegue quantificar a dimensão de uma cagada e resolve fazer alguma coisa a respeito.

segunda-feira, novembro 16

C'est la vie e outros bichos

...E, como diz o ditado, depois da tempestade, vem a bonança.
Na verdade, começou a vir antes da tempestade acabar, mas a gente não vai levar isso em consideração.

No meio de todo meu caos caótico de ficar doente de novo, ter a casa revirada por goblins e o coração arrancado do peito; ainda assim, ando bastante satisfeita com a quantidade e a qualidade de coisas que ando produzindo.

Hoje, estou morta de felicidade - devemos todos bater palmas! - porque a monografia, enfim, começou a nascer!
E já nasceu recebendo elogios pelo meu excelente trabalho de pesquisa.

Fui visitar o trabalho e também lá ouvi bastante elogios.

Minha matéria para a tv, que eu tanto sofri para ir gravar, me proporcionou um dia muito agradável e uma das melhores matérias que eu já fiz.

No meio do meu caos caótico, tem dias em que o trabalho dura bem mais que as horas que eu tenho disponíveis de vida num dia.
No meio do meu caos caótico, tem dias em que as costas doem, o pescoço trava e eu fico pendurada no computador até não conseguir mais enxergar as letras na tela.

E isso tem me deixado feliz.

Apesar de todo o cansaço, era o que eu precisava, o que andava sentindo falta.
ainda que ande me faltando um milhão de outras coisas...

domingo, novembro 15

Velvet Day

"There she goes again
She's out on the streets again
She's down on her knees, my friend
But you know she'll never ask you please again

Now take a look, there's no tears in her eyes
She won't take it from just any guy, what can you do
You see her walkin' on down the street
Look at all your friends she's gonna meet
You better hit her

There she goes again
She's knocked out on her feet again
She's down on her knees, my friend
But you know she'll never ask you please again

Now take a look, there's no tears in her eyes
Like a bird, you know she would fly, what can you do
You see her walkin' on down the street
Look at all your friends that she's gonna meet
You better hit her

Now take a look, there's no tears in her eyes
Like a bird, you know she will fly, fly, fly away
See her walking on down the street
Look at all your friends that she's gonna meet

She's gonna bawl and shout
She's gonna work it
She's gonna work it out, bye bye
Bye bye baby
All right"

Vício na Balança

Meu primeiro libriano foi aos 15 para 16 anos.
A primeira, mais forte e avassaladora paixão.
Meu primeiro contato com os remédios tarja preta também.
O segundo foi coisa de dez anos depois.
Com esse experimentei os sentimentos levados a um extremo ainda maior.
Era tudo muito.
Muito amor, muito ódio, muita alegria, muita tristeza.
Sem meios termos.
E a minha segunda experiência de quase morte emocional.
Veio outro.
Fugaz.
Igualmente intenso.
Uma pessoa muito especial até hoje pra mim.
Outro.
Dessa vez, o signo não era o regente, mas a lua – que, nós mesmos nunca tivemos só para nós dois - não fez muita diferença.
A intensidade e aquilo que todos eles carregam era uma coisa típica de um libriano.
Tudo meu se rendeu a ele também.

Então, quando eu achei que o vício já tinha passado, que minha relação com eles já estava resolvida – porque eu fui aprendendo sobre eles e sobre como conviver e sobreviver a eles nesse tempo – apareceu mais um.

Eu não sei bem o que é que eles têm que faz de mim refém deles.
O olhar – são os mais belos olhares, na minha opinião.
Essa coisa de querer que o mundo viva e funcione exclusivamente por causa deles; ou aquele jeito de pegar, usar, tomar conta da situação, que uma moça submissa como eu acha uma glória.
A sedução que eles exercem sobre as pessoas, de um modo geral, é quase palpável, sólida.

Quando ele apareceu, nada acontecia, nem eu procurava.
Em dois encontros descobri que estava inegavelmente enrascada.
Eu era o número dele!
Comecei a me apaixonar de novo.

Então um dia ele sumiu.

Exatamente como das outras vezes, eu senti essa partida.
Diferentemente das outras vezes, fui logo cuidar da minha vida e tratei de aceitar essa partida.
Amaldiçoando a falta de filtro astrológico que me acomete, todo o tempo em que ele esteve longe, não consegui sentir nada por nenhuma outra pessoa, por mais que tentasse – a vida nunca ajuda a gente nessas horas.

Então ele reapareceu.

Sem mais nem menos.

Igualzinho quando foi embora.

Voltou como se nada tivesse acontecido.
Eu fui correndo.
Assim que ele ligou.
Não devia, mas fui.
E ele me beijou e me pegou como se tivesse me visto ontem.
Dormiu nos meus braços, me sorriu e disse bom dia como se não tivesse passado tanto tempo longe.
Ficou comigo, a gente se fez companhia e segurou as mãos quase que o tempo todo.
Aí, quando tudo estava indo conforme o planejado de novo, lá foi ele pela porta afora.

Senti, mais uma vez, tudo ao mesmo tempo agora.
Fiquei remoendo meu vício.
Neles.

Não, a culpa não é única e exclusiva do zodíaco – isso seria insensato de minha parte.
Mas percebi que, pelo menos os 4 primeiros, tiveram (tem) uma importância muito grande na minha vida; cada um a seu modo.
E a coincidência de serem todos eles librianos.

“Qual é seu signo?”
“Libra.”
*MEDO*

Hoje fiquei aqui, com uma promessa de um telefonema que eu sei que não vai vir, um coração apertado e uma casa silenciosa.
Por causa de mais um libriano.
E, hoje, nem sei o que fazer com isso...

quarta-feira, novembro 11

Apocalipse Now

Desde pequenininho, a gente ouve estorinhas sobre o fim do mundo, o apocalipse, essas coisas bonitas...
No cinema tá lá, um monte de filme com nada em volta, pessoas se matando, o caos reinando.
Mas, o fato é que a gente não espera que vá acontecer de verdade.

Eu estava trabalhando.
Tentando arduamente adiantar meu serviço porque esta semana está cheia de extras e compromissos e... Enfim.
De repente, foi como se Eles estivessem chegando: tudo piscava, os vizinhos gritavam de encontro uns aos outros dentro das suas casas.
Demorei a entender o que estava acontecendo.
Salvei o trabalho que já havia feito, calmamente, lancei mão da luz do celular para ir até a cozinha pegar uma vela e então me aproveitei, agradecendo muito, da bateria do laptop para descobrir o que diabos estava acontecendo.
Aos poucos, começavam as notícias: não era só no meu bairro – metade do Brasil estava apagado. Mais que isso, pouco se sabia.
Amém ao celular, mais uma vez, que possibilitou o contato com a mãe, que disse:
“Ainda bem que estamos todas em casa!”

Aí bateu.
Se fosse hoje, na hora em que tudo apagou, eu estaria na rua, dentro de um ônibus possivelmente, voltando pra casa. Veio na cabeça a rua escura, o ônibus rodando nas ruas escuras, a Praia de Botafogo escura.
Fiquei com muita pena de quem realmente estava na rua.
Pensei nos hospitais – quanto tempo dura a energia de um gerador? Será que as pessoas iam começar a morrer por falta de energia?
Porque o único barulho que eu conseguia ouvir no breu era o do gerador do hospital.
Em uma hora e meia só ouvi três carros e uma moto passando – e uma porrada de helicópteros voando lá fora.
Passavam aviões voando lá fora. No escuro. Fiquei com medo que finalmente caíssem por aqui.
Deitei na cama e só conseguia pensar em como estaria lá fora – no caos.
Me vi num daqueles filmes, sobrevivendo entrincheirada em casa com a criança, trancada dentro de casa, com medo de tudo que viesse do lado de fora. Morrendo sem cafuné, mais um beijo na boca e com um monte de vontades que eu ainda não realizei...
E se a luz não voltasse?
E se a bateria do celular acabasse?
2012 estreando no cinema – coincidência?
Será que eu ia ter que viver de mercado negro?
Será que ia tudo ser verdade, enfim?
Morro de medo de caos, de morte caótica...
Bem feito.
Quem mandou reclamar que não existia mãe solteira cuidando do apocalipse?
A casa me pareceu muito grande pra uma trincheira e meu medo só diminuiu quando a criança veio pra cama pedir abrigo e eu pude dormir abraçada com ela – pelo menos essa noite, estávamos as duas juntas.

Uma e vinte da manhã o breu continuava lá fora.
Firme e forte.
Não voava uma folha.
Não chovia mais.
Não ventava.
Nenhum inseto na área.
Nem
Um
Som.
Continuei com medo.

6 e meia da manhã.
A luz tinha voltado.
Não foi dessa vez.
Mas, às 8 e 20, o jornal ainda não chegou – e isso pra mim também é um dos sinais do apocalipse.
Apesar de ouvir as obras na rua, as pessoas falando, as buzinas buzinando; de saber que não vou sair na rua e encontrar grupetos escondidos em escombros explodidos e saqueados; ainda estou com medo.
E se acabar de novo a luz hoje à noite?
E eu estiver no meio da rua?

domingo, novembro 8

Domingo

Domingo.
Prenúncio de segunda.
De mais uma semana de ralação intensa.
De mais uma semana.
Tanta coisa que eu preciso fazer.
Tanta coisa que eu quero.
Tanta coisa que eu preciso.
Hoje.
Tão cansada.
Exausta.
Ainda assim sem sono.
Ainda assim sem o que eu gostaria hoje.
Sem o que precisava.
Sem.
Domingo.
Prenúncio de segunda.
Quero livros novos.
E ainda preciso terminar os velhos.
Livros.
Hoje.
Um pouco triste.
Ainda que o dia tenha sido feliz.
É o coração.
Tão cansado.
Sem.
Domingo.
Prenúncio de segunda.
Hoje não tem música.
Não tem som.
Tem sono.
E silêncio.
Tem que tomar coragem.
Respirar fundo.
Respirar.
Pra ganhar o Mundo.
Correr com ele.
Correr.
Domingo.
Prenúncio de segunda.
Falta cafuné.
Falta café também.
Falta muito.
Falta.
Ainda que brilhe, falta sol.
Ainda que vente, ar.
Ainda.
Domingo.
Prenúncio de segunda...

terça-feira, novembro 3

Me Conectando

Renata cheia do jeito tirando dúvidas sobre o moderno aparelho que vai permitir que eu volte a ser uma moça conectada à sociedade – status o qual eu ainda não tenho muita certeza se gosto muito ou não:

- Aí eu posso enfiar isso aí em qualquer lugar?
(Antes de começar a responder o moço tenta prender uma gargalhada.)
-...Não... Qualquer lugar, não...

Caímos os dois na gargalhada.

Pelo menos adquirir a paradinha foi divertido.

Vida Mais Ou Menos

Um amigo meu acha que tem o melhor emprego do mundo porque faz aquilo que gosta.
Nisso, só posso concordar com ele, mas hoje, tive cá a impressão de que o melhor emprego no momento é o meu.
Tá certo que a minha postura anda uma merda e eu fico com o corpo todo dolorido de ficar sentada quase que o dia todo; tá certo que chega uma hora que as minhas orelhas estão doendo também; tá certo que tem horas que o assunto é tão fora de qualquer coisa dentro da minha área de interesses (e que não é pequena) que eu fico com um sono fora do comum; tá certo que eu posso ter pesadelos com essas vozes por vários anos e que volta e meia considero o suicídio como opção; mas...
...Eu posso trabalhar sem sutiã, ou pelada se quiser; posso fumar quantos cigarros eu quiser e quando quiser; não preciso me maquiar, raspar as pernas, nem me pentear se eu quiser; só falo com o meu chefe duas, três vezes por semana no máximo e via telefone; não preciso ir até o local de trabalho, fico aqui dentro do meu quarto, na minha mesa, olhando a foto da minha filha; posso fugir pra ir ao cinema se eu quiser; não tenho hora de almoço, de entrada ou de saída.
O dinheiro não é lá nenhuma fortuna, mas, poxa, hoje, descabelada, de chinelo, com um cigarro na mão e uma caneca de café na outra, sem sutiã e olhando as minhas rosas crescerem enquanto me espreguiçava pareceu o melhor emprego atual do mundo.

domingo, novembro 1

Meus vizinhos, meus amores

Fazem quase dois anos que eu me mudei, mas o encanto perdura.
Continuo perdidamente apaixonada pelos meus vizinhos.

Cada vez mais, até.

É verdade que no início eu tinha um pouco (muito) de medo deles, mas depois que eu entendi e aceitei que eles todos saíram de um filme do Polanski (Inquilino, Bebê de Rosemary, pode escolher), minha fascinação por eles só fez por aumentar.

O Velho, por exemplo.
Nenhuma visita, festa ou faxina é completa pra mim se O Velho não está espiando da janela.
Sempre, em um dado momento, ele está lá, parado não muito perto do parapeito dele – só o suficiente para que eu possa ver aquela cara dele de Velho Satanista Do Mal Que Planeja Rituais Dolorosos Para Mim Por Causa Do Barulho – espiando tudo que se passa na minha varanda.
Me apeguei.
No início do ano ele viajou e eu fiquei sentindo uma saudade imensa dessa vigília psicótica; vigiava eu, todos os dias, para ver se ele já tinha voltado ao seu posto. Voltou.

Tem As Vizinhas Que Pegam Na Rua Pra Contar As Fofocas Do Condomínio – uma de cada lado da história – coisa que eu adoro, já que quase não fico aqui (ou ficava) e fico me sentindo uma participante mais ativa se sei quem anda brigando com quem, quem fez o que com quem...

Talvez por sempre ter tido coisa de dois, três vizinhos, eu ache tudo isso bastante fascinante. É uma espécie de realização social pra mim.

Então estamos no feriado.
Por diversos motivos que eu não vou citar aqui, resolvi ficar trancada dentro de casa.
Então, sábado à noite começa uma gritaria.
É O Vizinho Que Grita.
A maior parte, como sempre, eu não consigo entender direito. Só sei que tem a ver com dinheiro e que palavras de baixo calão voam a mil por hora e portas batem, sempre por mais de uma hora.

Mais tarde, outros vizinhos fazem saliência, alguém derruba panelas, O Povo De Cabo Verde ri alto, a vizinha de cima passeia pela casa de salto alto, o cachorro late, o celular toca em outro apartamento.

Acordo com mais gritos – de outra vizinha (essa ainda não tem apelido, foi mal) – e mais portas batendo.
E então eu tive mais um arrebatamento de paixão pelos meus vizinhos.
Com um povo animado assim, não tem como a gente se sentir sozinha, não é mesmo?

Faniquito feminista

Ontem eu dei uma escapada do que foi um final de semana/ feriado bastante enfadonho e solitário e fui assistir “Distrito 9”.
Tá tudo muito bem, tudo muito bom, a cia. da minha parceira de cinema foi mais que bem vinda, várias fofoquinhas, risadas; o filme indo muito bem, aí...
...Aí o ET de repente se levanta e diz:
“Meu filho! Tenho que ir buscar meu filho!” (ou alguma coisa do gênero)
E me deu um daqueles meus revertérios interiores.
No meio do filme (quase fim, na verdade) eu comecei a realizar o quanto filmes de homem são machistas – pra mim foi uma surpresa, mas eu explico.
Voltei àquela minha idéia de quem em filmes de terror é sempre a mãe solteira que tem que se virar nas onze pra catar a criancinha dos perigos demoníacos/ fantasmagóricos. Em filmes de terror, geralmente a tal criancinha é menina.
Percebi, naquele momento, que em filmes de ação/ ficção, o caso é justamente o oposto – são pais solteiros (que podem até começar casados, mas mulher sempre dança em algum momento do filme) que tem que salvar o mundo e/ou seus filhos homens.
Existem exceções, claro.
Mas, naquele momento, essas analogias me pareceram coisas tão sexistas que chegaram a me dar uma certa raivinha dos filmes, dos clichês dos filmes e de mim, que pago pra assistir esses filmes!
Tudo bem... O De Niro já fez filme de terror em que ele pai solteiro de uma garotinha – se bem que, no caso, ele também era a assombração (arrá, estraguei o filme pra quem não viu!). O Shwaza já fez filme de ação em que ele salvava a filhinha dele.
Agora, cadê a Jolie atirando em geral pra salvar a filhinha dela? Ou o filhinho? Ou todos os seis?
Como eu ando num momento muito mulher-moderna-independente-do-século-XXI, ando bastante chegada a faniquitos feministas; e, mesmo os tendo durante o filme, muito provavelmente assistiria de novo.
E continuarei fazendo.

Da Fidelidade cosmética

Existem fatores, vamos dizer, alheios à minha vontade, que me fazem fazer coisas estúpidas de vez em quando:
Ressaca,
TPM,
Briga com a mãe,
Cansaço,
Falta de grana,
Carência...
Juntemos tudo isso num só pacote e teremos o que andava me acometendo quando fui comprar um desodorante este mês.
Eu ainda estou naquela pilha de ficar variando produtos conforme meu humor e vontade. No sentido cosmético, minha fidelidade é zero; não existe perfume, shampoo, desodorante, sabonete, creme que eu use sem trocar por um novo ou que tenha uma embalagem mais bonita.
Assim sendo, desta vez, enquanto olhava a prateleira com aquela quantidade que eu sempre acho absurda demais de variedades, pensei cá comigo:
“Vou levar um de aerosol e ficar que nem aquelas mulheres do comercial, me sprayzando toda.”
Minha idéia era luxo, glamour, alguma coisa para compensar as unhas ainda arrasadas pelo aniversário e a monocelha bonita que anda enfeitando meu belo rostinho.
Já na primeira tentativa de uso mandei ver um jato de spray bem no meu nariz e fiquei aparvalhada com a minha falta de jeito. A gente nunca vê aquelas mulheres incríveis mandando ver um spray direto na fuça.
Dois dias depois, encasquetei com o cheiro da coisa.
Comecei a achar que, invés de cheirosa e glamourosa, estava parecendo peão de obra no fim do dia.
Quase uma semana depois, ainda não peguei o jeito do spray e acho que foi uma das idéias mais estúpidas que eu já tive na vida...
...E começo a considerar seriamente se a fidelidade cosmética não seria lá algo muito ruim...