sexta-feira, outubro 30

Em Breve

...Internet em casa.
Visualizo um futuro negro...

Trabalho rural

No meio de todos os preparativos para a micareta de aniversário, me foi oferecido um trabalho.
Temporário, mas urra!, uma coisa que a gente procura e não tem há alguns anos é sempre bem vinda, seja lá qual for a confusão domiciliar que você esteja metida.
Um trabalho, vamos dizer assim, rural.
E instrutivo.
Já no dois primeiro dia eu descobri que:
Traíras são realmente traíras – elas comem peixinhos inocentes.
Hitler devia gostar de touros (não li “Minha Luta”, ainda que ache que deva ler algum dia pela relevância histórica da coisa, então não posso fazer esta afirmação com 100% de certeza), porque existe uma busca por exemplares geneticamente perfeitos bizarra no meio.
Que bananeiras têm sigatokas nas axilas.
...Dentre outras coisas...

(À noite, durante um breve intervalo, peguei uma família de cochonilas pondo ovos na minha roseira. Agora eu sei o que são e já vi cochonilas.)

No segundo e no terceiro dias, tive a imagem perfeita de mim mesma como uma caricatura mais cheia e bonita de Beavis and Buthead.
Ouvia expressões como “Pantanal da nhecolândia”, “distribuição de sêmen para as comunidades carentes”, “época de montagem” e começava a gargalhar sozinha.

Hoje, quase uma semana depois, estou tendo trecos de irritação em perceber como as pessoas de um modo geral falam mal.
ÃÃÃÃÃ...
ÉÉÉÉÉ...

E rola uma certa dor de ouvido por ter que ficar com os fones, uma vez que o som do computador é algo de bem baixo.

Chega a ser irônico que eu, uma pessoa que nem gosta quando o telefone toca, tenha que trabalhar com barulhos e sons a maior parte do dia.

Getting old

- Mãe, quando eu tiver 6 anos eu vou ser do seu tamanho, né?
- Quando você tiver 16, você quer dizer...
- Nããããããããooooooo, 16 é muito velhinha!
(Gargalhada materna.)
- Poxa, então eu sou uma múmia!!!
- Não, mãe...
- Mas eu tenho duas vezes 16!
(O queixo da criança cai e seu rosto fica com uma expressão de horror profunda.)
(Ela se recompõe.)
- Tá bom, então.
- O que que tá bom?
- 16 não é tão velha...


Preciso urgentemente me render aos cremes antirugas.

A festa

...De qualquer forma, o Veríssimo tem toda razão: festa de criança sem birita, não dá.
Organizar uma festa de criança em casa é um trabalho hercúleo que começa bem antes da festa.
Existe a excursão, ou excursões como foi o caso, à lojinhas de artigos de festas em busca do tema encomendado pela criança, do confeito perfeito, da lembrancinha pros amigos... São horas e mais horas de solas de sapato jogadas ao vento e uma coisa bem próxima dos milhões de dólares.
Antes de qualquer coisa, é preciso arrumar o barraco.
Avós, tias, amigos e toda a sorte de pessoas vão transitar pela casa e, no meu entender, ela tem que estar im-pe-ca-vel-men-te arrumada. Observando o meu nível de histeria – já que passo dois dias falando com as pessoas de cima de um armário qualquer porque realmente acredito que as pessoas vão enxergar os coelhos de poeira que moram em cima dos armários – minha mãe, temendo um acidente brutal quando eu começo a discorrer sobre limprar as janelas, resolve me ceder a faxineira dela um dia para que ela execute essa tarefa.
Começo a me sentir muito mal com esse meu luxo de sinhá – coisa que só piora quando passo o rodo no estoque de cervejas e refrigerantes das Sendas e preciso contratar o serviço de entrega a domicílio, feito por um senhor bem mais velho que eu que faz questão de me acompanhar pelo caminho enquanto empurra o carrinho com as minhas coisas. Pela primeira vez desde que eu me mudei, o porteiro ajudou a descarregar as compras, acredito que para ganhar um trocado; mas a sinhá é de quinta, então não tinha um mísero trocado (de verdade) e ele ficou a ver navios.
Aposto que não me ajuda nunca mais e que vai sumir com alguma das minhas contas preu pagar multa só de vingança.
Mas as janelas ficam limpas e a birita garantida.
Teoricamente, o menu da festa deve comportar coisas que sejam do gosto tanto dos adultos quanto das crianças.
Por elas, eu posso dizer com confiança: bastava um fandanguinho em cima da mesa que já ficava geral na maior felicidade; mas não! Lá vai a mãe (com bastante influência da avó) inventar hambúrguer, cachorro quente, empada, várias coisas super práticas de se ter à mesa. Elas só precisam que você não dê mole e esquente fornadas e mais fornadas variadas de cada uma delas – o que faz com que a mãe da criança, que também é da dona da casa, seja facilmente encontrada durante os festejos dentro da cozinha com um pano em cima do ombro, suando em bicas por causa do calor do fogão, mas sem perder o glamour do alto de suas chinelas de strass.
E tem que ter bolo e brigadeiro!
Mamãe tem alguns desvios de conduta. Um deles é a recusa premente de pagar uma padaria de quinta (tá, segunda) uma fortuna para que eles façam um bolinho de chocolate de nada.
O que leva nossa pobre mamãe de volta ao fogão – ou inicia a sua saga, já que o bolo é feito antes da festinha.
O brigadeiro requere ajuda já que, apesar de gorda e balzaca, o brigadeiro da mamãe nunca deu e hoje nem tem mais pretensão de dar ponto para enrolar. Sobra para a madrinha.
Na véspera da festa, o saldo de cervejas já consumidas já ultrapassa uma caixa.
E alguns brigadeiros lembram aquele papel famoso do Eric Stoltz – o Rock Dennis.
E tome mãe de metro e meio subindo em parapeito de janela pra pendurar bola!
Bolas estas que vão ficar penduradas um bom tempo...
Duas horas antes, cerveja no gelo, comida entregue,criança de banho tomado, tudo pronto.
Pelas próximas sete horas eu iria me dividir entre todos os cômodos e convidados da casa, num ritmo tão frenético que entabular duas frases era uma tarefa digna de medalha.
Lembrei do Veríssimo.
Na última hora, consegui sentar, beber e conversar com meus amigos.
Depois que a última pessoa foi embora, a criança foi banhada e posta para dormir, copos e pratos foram recolhidos.
Lembrei de novo do Veríssimo e agradeci por só ter que fazer uma festa por ano.
O plano era comemorar sozinha o sucesso da empreitada bebendo uma cerveja com calma – todas ficavam quentes ou perdidas pela casa antes que a gente pudesse ter uma relação mais íntima.
Acabei dormindo, antes que pudesse começar uma relação mais íntima com qualquer cerveja, agradecendo por só ter que fazer uma festa por ano, com o corpo todo destruído e imensamente feliz por olhar a felicidade de quem – excepcionalmente – havia tido permissão para no fim de tudo isso vir dormir abraçada comigo.

5 anos

Aniversário.
Se no nosso, já fica impossível não fazer uma retrospectiva do que foi o ano que passou e o que a gente espera pro que vai vir, no dos filhos, é igualmente inevitável lembrar, lembrar, lembrar...
Lembrar que, há 5 anos atrás, a esta hora eu já não podia nem comer nem beber nada há algumas horas – e isso era ruim.
Lembrar que, às 22:26 da noite, a mala já estava pronta.
Lembrar que existia uma enorme ansiedade para saber se o que estava dentro de mim tinha mesmo aquela carinha que apareceu na última ultra.
Tinha.
Tinha, mas ainda era de verdade.
É inevitável lembrar de todo o caminho que a gente percorreu até aqui.
Ver como as duas cresceram.
No caso dela, bate um aperto no peito se eu penso tudo que ainda vai acontecer com ela...
Nos amores que ela vai ter e que não vão ser correspondidos, nas provas em que ela vai bombar, no momento em que ela vai descobrir que a vida não é um conto de fadas, que ela não vai conseguir ser cantora, pilota, construtora, médica de bichos e professora ao mesmo tempo.
Aperta o peito a cada par de meias que ela bota sozinha, a cada resposta malcriada que eu nem imaginava que ela pudesse dar, a cada jogo novo que ela descobre no computador, a cada passo de balé.
Ao mesmo tempo que é muito bom ver um filho crescer e se tornar mais independente, também é muito ruim saber que o dia em que ele vai te deixar chega cada vez mais perto.
Todas as noites eu agradeço pela filha companheira, bem humorada, carinhosa e maravilhosa que eu tenho. Todos os dias é ela o motivo deu levantar da minha cama e tocar os piores e melhores dias.
Hoje, virada do avesso depois de uma festinha caseira com sucesso absoluto de público e crítica onde trabalhei cachorramente, ela me disse:
“Quando eu crescer vou querer ser cantora, bailarina, construtora, médica de bicho, pilota... e mãe! Mas mãe eu vou ser todo dia!!!”
Pronto.
Pra mim, já valeu o dia.
Ganhei o meu presente de hoje.
Porque tem 5 que eu ganho um novo todos os dias.
E, nossa! Como vale a pena!

quinta-feira, outubro 15

Kevin Costner Mode On

Feriado.
4 pessoas numa mesa de bar.
Chegam outras duas pessoas, cumprimentam duas das pessoas já sentadas e saem.
"Puxa, a gente é mal educado, né?"
"Ai, tudo bem, eu não preciso conhecer mais ninguém mesmo..."

A mesa riu, mas o pensamento é mais ou menos esse mesmo.
Não é porque você mora numa cidade que tem milhões de habitantes que deve conhecer um milhão de pessoas.
Nem tem espaço no hard disk pra isso!
Eu gosto de curtir as pessoas que eu já conheço...
Conversar com elas, sair com elas...
Não precisa mais.
Ainda que eu saiba que elas virão.

quarta-feira, outubro 14

Além desse, voltei ao Projeto Aprendendo a Dormir no Meio da Cama.
Ao Projeto Fure Você Mesma a Parede.
Ao Projeto Vamos Revelar Fotos Antigas.
Ao Projeto Abaixo a Gilete.
E ao Projeto Vamos Ser Fortes e Resistir às Tentações...
Uma mulher muito projetada eu...

Mural de Balzaca

...Andei queimando muitos neurônios...
...Compensou imensamente, mas, logo depois de sair de uma prova que me deixou literalmente de pernas bambas, aproveitei a rebordosa, o antibiótico (que acabou, acabou, acabou graçasadeus!!!) e lá fui eu me internar na minha cama para ler todas as revistas que ganhei de presente...
Apesar de precisar queimar muitos outros neurônios, é um daqueles momentos na vida em que só o que vai me salvar é Coleção Vagalume, Sidney Sheldon...
É uma pausa rápida pra perfumaria...

...Então, numa dessas revistas tava lá: O Cozinheiro.
Quase peladão.
Mas, pruma mulher, o quase peladão é tão bom quanto o peladão em si.
Olhei praquela foto e pensei que eu devia pendurar ela na parede do meu quarto.
Aí fui pensando em todos os caras que a gente pode dizer que são ídolos de alguma forma...

... Lembrei dos 14 anos.
Aquela parede cheia de Tom Cruise em uniforme de piloto, Axel Rose de shortinho de lycra... Típica parede de menina de 14 anos.
Percebi que, hoje, aos 32, os cantores e atores que eu gosto não são mais os mesmos, nem têm o mesmo visual... A grande maioria de fotos seria de escritores - com pequenas excessões para os dois grupos anteriores...
Pensei nas mudanças e no grupo que mereceria figurar desse meu novo mural...
Todo mundo com barriguinha, quase todos de barbinha, muita coisa dentro e nada que costume interessar o público geral fora...

Mural de Balzaca.
Meu novo projeto novo para 2010.

segunda-feira, outubro 5

...ai, tô em crise...

domingo, outubro 4

Delegando Culpa

Aquele pessoal da auto ajuda, do esoterismo, dessa bobajada toda, costuma dizer que se a gente repetir bastante alguma coisa, ela se realiza.
Que a palavra tem poder.
Ok.
Eu acredito nisso.
Sempre acreditei.
Passo horas e horas do meu dia repetindo coisas variadas - que, dependendo do meu humor, podem ser coisas bem suaves e felizes até ameaças (veladas) de estrangulamento ou alguma coisa parecida.

Como meu ano foi bastante barra pesada no quesito que diz respeito àquele músculo disforme e esmigalhado que eu trago dentro do peito, por muitas vezes passei o dia cantando:

"De hoje em diante
Vou modificar o meu modo de vida
(...)
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim
"

Não só não funcionou, como eu não sei se ainda se sinto raiva do povo biruta, do Rei, do Seguimundo ou de mim mesma...
...Essa coisa de mulher civilizada que tem delegar culpa à alguém ou àlguma coisa ainda vai acabar comigo...

E eu ainda me espanto...

- E aí quando a gente morrer, vão vir vários bichinhos e comer toda a nossa carne lá embaixo da terra até não sobrar nada, não é, mãe?

Vida de Adulta

...Passava uma coisa qualquer na televisão quando eu me senti sentindo saudades de uma alegria plena que, ou não me acomete há muito, muito tempo, ou que eu nunca senti...
...Senti saudade de ter inocência, da vida descomplicada onde a maior preocupação é a prova de matemática e, por falta de maior compromisso, existia sempre uma festa americana planejada em coisa de meia hora...
...Saudade de quando achar que uma coisa era eterna era sinônimo de felicidade e não o despertar de uma furiosa vontade de chorar...

Quando me batem essas saudades, batata: TPM ou é Dia de Conta Pra Pagar.

Coisas extremamente simbólicas que me lembram do quanto eu cresci, encaretei, acabei ficando esmigalhada de afazeres e responsabilidades e preocupações. As mesmas que eu via a minha mãe ter quando era criança e não conseguia entender.
Mesmo hoje, entendendo, não posso dizer que entenda.
Porque eu não entendo e não gosto do preço alto que se paga pelos afazeres, responsabilidades e preocupações, que a gente chama de "liberdade".
Quanto mais preso a gente se sente, mais liberto - independente - também. E isso tudo é muito louco demais pra mim.

Nesses momentos, eu saio empurrando minhas pedras, resolvendo meus problemas, desfiando meus novelos...
Empurro aqui, resolvo ali, desfio lá e, quanto mais adulta e resolvida eu fico, mais eu sinto saudades...

Nesse final de semana eu fui lá, venci meus medos, tive um momento "Fome Animal", com direito a pus, sangue e um belo buraco pra enfeitar minha perna direita. Resolvi sozinha. Ainda que tenha chorado por horas a fio, dado chilique e gasto minhas parcas economias em remédios.
Muito adulta.
Muito independente.
Um final de semana em que fiquei de perna pra cima, sem andar, fazendo curativo em mim mesma e completamente sozinha.
O antibiótico de ouro cumpre a sua função.
Dois dias depois eu já posso andar sem dor.
A perna vai ficar boa.
Eu penso se existe a possibilidade do remédio estar curando outras coisas que eu nem se existem dentro de mim - e penso nisso como uma coisa boa.
A única coisa que o remédio não cura - insiste em não curar - é a saudade.

...Saudade de uma vida mais leve, despreocupada, feliz...
Completamente utópica.
E sem cura.