segunda-feira, julho 23

Ah, as Férias...!

Meio que sobrevivi aos 30.
Tô me achando até mais calma enquanto ser humano.
Preciso curar a ressaca moral do bando de besteira que eu andei dizendo e todo o resto.
Foi um aniversário feliz.
Rodeada de pessoas que eu gosto muito na vida.
Estou feliz.
E de férias!

...Só falta voltar pra ginástica...

quinta-feira, julho 19

Ah, as férias...!

Essa coisa de estar de férias, sem computador e à beira dos 30 tem coisas...

Uma é perceber pela primeira vez.
Olhar coisas ao seu redor e realizar elas.

Outro dia eu estava andando na rua e percebi um pombo.
Eu fiquei olhando o pombo.
Ele vinha pela calçada, desceu o meio-fio, atravessou a rua e continuou andando pela calçada - daquele jeito que os pombos andam - desviando dos pedestres, ele mesmo um pedestre.
Se eu estivesse pensando, de cabeça cheia, correndo, no meu normal atual, essa cena que foi, no mínimo inusitada, ia passar e eu não ia ver - nunca ia poder contar a quem quer que fosse que eu já vi um pombo atravessando a rua.
(As pirações antropológicas e filosóficas da coisa eu vou deixar em aberto.)

Outra é o uso do tempo.

Pela primeira vez na vida, apesar de me faltar tempo, na maior parte dos dias tem me sobrado tempo. Eu tenho cozinhado, lavado arrumado... Outro dia até costurei!
A sobra do tempo tem coisas excelentes, como poder se sentar e curtir tardes inteiras sem compromissos pontuais ao lado de amigos-não-freqüentes discutindo a vida e as coisas da vida - vendo o tempo passar sem vergonha; mas também tem aquelas noites em que existe uma insônia e a sua fabulosa tv a cabo com 288 canais digitais do além from hell especiais só te oferece como opções um especial sobre o calamar assassino ou sobre "a noite em que Mongo se tornará um homem" (isso não é brincadeira, aconteceu ontem).
A sobra do tempo me faz andar, olhar, observar...
Me faz querer produzir o que quer que seja.

Inacreditavelmente, ando lendo pouco; ou melhor, em doses homeopáticas.
Meu trauma com o estripamento foi tão grande que eu lia apenas umas dez páginas por dia, eu me dizia que estava saboreando o livro, lendo com calma.
Mentira das mais deslavadas.
Eu estou de férias.
Estou com preguiça.
À beira dos 30 e de todas as minhas crises de praxe só o que me interessa é estar perto dos não-freqüentes (e dos titulares), tomando umas cervejas e fingindo que nada disso me aborrece ou me importa.
Há dois dias eu finalmente engrenei.
Eu e Féodor estamos nos dando muito bem, ainda que eu mude o nome de toda aquela russarada pobre dele.
Pressinto que cometerei meu próximo assassinato dentro de poucos dias.
Pressinto que a dor não será a mesma.
Pressinto que terei até algum prazer na coisa.

Mais cruel!
Mais cruel!!!

O que me deixa puta é as pessoas não entenderem as coisas que eu digo.
Me deixa certa de que minha comunicabilidade é alguma coisa perto de zero.
Os jornalistas são os outros, porque existe distorção, tanta distorção das coisas que eu digo!

Eu sou uma pessoa difícil.
Assumo.
Geniosa.
Assumo.
Minha ética de vida e as coisas em que eu acredito só se tornam mais caxias com o passar dos anos. Eu uso daquela máxima cafona e lugar comum que todo mundo conhece do "não fazer aos outros o que você não gosta que façam com você", então fico louca, piro, queimo fusível quando as pessoas fazem coisas que eu não faria com elas.
Disseram que eu ando brigando com o Mundo.
É uma afirmação bastante plausível.
Se você não briga com o Mundo, o Mundo monta em você, não te respeita, te faz de babaca. Eu passei anos e anos da minha vida sendo mula do Mundo. Agora chega.
Se para ter paz e ser uma pessoa feliz eu precisar brigar com o Mundo eu vou brigar.

Da minha dificuldade pessoal existe ainda aquilo que, por mais que eu fale abertamente das minhas experiências de vida e daquilo que eu penso, para chegar dentro de mim - do que eu sinto - é preciso ter conquistado minha amizade e confiança. Quem me conhece, sabe que eu tenho um milhão de coisas difíceis para administrar e me preocupar - pena que quem não conhece, ache que por conta disso eu não mereça me preocupar com coisas mais supérfluas. Dizer que eu me preocupo mais com elas também é diminuir minha inteligência e minha participação na vida de um modo geral. Se assim fosse, eu não trabalharia, não criaria minha filha, não leria e conversaria com as pessoas. Quando eu falo do supérfluo é sinal de confiança, é procurando um ombro; quando eu falo do supérfluo é porque não quero falar do resto.

...Mas as pessoas não entendem.

É isso que me deixa puta, que a vida esteja okay, entrando no lugar, que eu passe tardes fantásticas e prazerosas lavando uma roupinha, cozinhando uma comidinha, dando risadinhas, lendo e de repente venham as pessoas me amolar a vida. Me deixa puta que esse lado relacionamentos humanos esteja tão conturbado ultimamente...

Pessoas...
Bah...

30 anos...

Eu ia fazer um balanço, acordos, toda aquela palhaçada que eu gosto de fazer - ainda mais estando de férias da analista, mas, quer saber...?
Meus primeiros 30 tiveram muitos momentos difíceis, sim. Eu chego neles com muito mais experiência de pedreira que muita gente que eu conheço mais velha, mas pôxa, eu fui criança, eu ri muito, eu tomei porres divertidos, eu amei muito, eu pari, eu estudei, eu viajei... Os primeiros 30 foram intensos e plenos. De uma forma geral, muita coisa pode ter dado errado, mas eu estou bastante satisfeita.
Agora, eu só devo ter mais outros 30 pela frente, um pouquinho menos de pedreira nem caía mal...
Porra, balanceei.

sexta-feira, julho 13

A Noite Em Que Eu Estripei Dostoiévski

A fim de corrigir alguma, apenas uma, mais uma; uma das minhas falhas de caráter aí debaixo; lá fui eu. Uma vergonha, repreensível último nível que a pessoa tenha em casa a coleção de obras completas do russo aí do título, que saiba que o nome do cabra é Fiodor, que saiba algo de sua biografia e nunca tenha se dignado a gastar algo do seu tempo com a leitura de algum livro dele, né? Após debater com meu único amigo (isso é outra coisa; empombei, inventei, preciso ter certeza ainda, mas empombei que só tenho dois amigos "sobrando" na vida) e estee ter me dito que também nunca havia lido nada do cara, meu lado competitivo, burro, obsessivo tomou à frente e resolveu corrigir a falha.
Achei que ir direto aos "Irmãos Karamazov" também já era demais - são 3 volumes - então fui à estante e "Crime e Castigo".
Vejam bem, não sei se sou eu que estou ficando cadaa vez mais pancada das idéias, mas o que se seguiu, para mim foi emblemático.
O livro - a edição em questão é velha. A capa traz um desenho feito à mão - da época em que se desenhavam capas de livro à mão para impressão; a lombada ameaçava despencar, amarelado, com uma camadaa fina de poeira que nem é camadaa de peira de falta de limpeza, é de idade do livro. Fui ler a introdução e tomei um susto: as páginas do livro todo estava grudadas em grupos de 4. Olhei mais um pouco, pensando como aquilo seria possível. Olhei a data de publicação do volume: 1951. Um livro de 56 anos e virgem!
Corri para a sala desolada...

- Mãe, eu não vou poder ler isso!!!
(Cara de "Renata enlouqueceu".)
- Porquê?!?
- Porque as páginas estão gudadas, olha só! - Disse a monga aqui estendendo o livro.
(Olhar de diversão.)
- Nãããããããooooooo, minha filha, é assim mesmo... Naquela éepoca, os livros eram editados assim, a gente abria as páginas com faquinha... Abre lá!
- Mas, mãe... Eu não posso abrir o livro...!
- Pode, sim, abre lá!

Fui eu, me sentindo mais burra que burra e prestes a cometer o assassinato dos assassinatos para a cozinha. Peguei a faquinha. Enquanto ia rasgando as páginas, com aquele som "créc,créc,créc..." servindo de trilha sonora só me lembrava de outro livro que li há pouco; o tal livro falava da paixão de certas pessoas que eu nem sabia que existiam por edições raras, o que elas faziam para conseguir pôr as mãos nelas, quanto pagavam... Créc, créc,créc... E eu ali, estripando uma edição virrgem de 56 anos de Dostiévski única e exclusivamente para prazer pessoal e menos 2 anos de análise... Créc, créc,créc... Imagina se alguém, um dos meus amigos livreiros me visse realizando essa operação... Créc,créc,créc...Um colecionador... Créc, créc, créc... Suei frio. Cheguei a derramar uma ou duas lágrimas de pesar, mas não consegui parar. Se parasse, não ia ler o livro nunca mais. A dona do livro havia me dado salvo-conduto; apesar da minha consciência.

Saí da cozinha mais arqueada do que entrei.
Mais deprimida do que quando entrei.

- Estou me sentindo uma assassina.
- Porquê, minha filha...?
- Eu estripei Dostoiévski...
- Ah, mas ele ia gostar que você lesse!!! (Pusta sorriso satisfeito.)
- Uma edição tão antiga... (Quase chorando de novo.)
- Ele ia gostar que você lesse, filhinha, fica assim, não... (Ainda o sorriso.)
- Eu estripei Dostoiévski... Vou dormir. Boa noite.

Deitei na cama e fiquei pensando se não era uma coincidência muito da bizarra ter tido salvo-conduto da dona da relíquia que eu tinha em mãos para cometer um assassinato justificado a fim de ler justo a história de um assassinato justificado. A dor do feito persiste, minha consciência - uma coisa! - mas fiz do mesmo jeito.
Está feito.
Estripei.
Me resta lê-lo.
Sentir-me mais leve ao corrigir uma falha de caráter tendo cometido outra.

Obsessão

Este post vai começar com uma frase que, para quem me conhece, é o que há em obviedade:
Eu sou uma pessoa obsessiva.
O Grande Lance é que essas obsessões, em sua maioria, são, vamos dizer assim, rotativas. E eu me refiro as Grandes Obsessões. Aquelas do momento específico de vida. Já foram homens, a filha, a destruição através de muitas noites de rock e biritas e por aí vai...
Pois então, de um mês pra cá mais ou menos começou a me dar uma coisa – uma coisa lááááááááá no fundo...
Eu comecei a perceber que existiam muitos, muitos, muitos livros no mundo. As pessoas escrevem sem parar!!! E eu não vou conseguir ler todos os livros que devo e que quero num espaço de uma vida. Nem que eu viva 200 anos.
Nem se eu largasse a faculdade, mandasse a minha filha morar com o pai e não saísse mais de casa nunca mais.
Nem se eu deixasse uma pilha de livros ao lado do meu leito de morte – existe uma crença de um povo aí que eu já esqueci qual é (ou era) de que você deve deixar ao lado do seu leito de morte aquilo que deseja encontrar assim que reencarnar.
É um pensamento caótico e aflitivo.
Eu me considero uma leitora ávida. Costumo ler mais que a maioria das pessoas que eu conheço. Com falhas de caráter; afinal, nunca li nada de Victor Hugo ou Dostoievski ou Proust ou... deu pra entender; ainda assim, me considero ávida.
Passou a fazer parte da minha compreensão de vida que eu não preciso escrever nada nunca na vida, porque já existe gente demais escrevendo coisa demais. No fundo do meu íntimo, num lugar lá escondido, sempre existiu uma vontade inconfessa – e que assim vai permanecer porque eu vou negar, não vou dizer em voz alta e se alguém perguntar eu digo que escrevi isso em momentos de dor e delírio – de ser uma escritora. Eu invejo os escritores; com sua inteligência, imaginação e domínio da língua, com a aura que eu acho que escritores têm; invejo. Mas não serei uma. Não só não serei como não preciso ser. Me faz bem ler e admirar essas pessoas.
Bom, fazia...
No momento, é angustiante olhar a pilha de mais de 20 livros que se ergue e cresce ao lado da minha cama a cada semana. É angustiante receber indicações, lembrar de clássicos, conhecer novos autores – escolher o próximo livro a ser lido.
Escolher o próximo livro!
Sempre foi fácil. Era pegar e ler. Hoje, não consigo me decidir por este ou aquele, pelo fino (que será lido mais rápido) ou pelo grosso (que vai me tomar o tempo de dois finos), pelo clássico ou pelo novo, o policial, o romance, o “de conteúdo” ou o fútil.
Ser uma leitora ávida nunca foi tão difícil.

Existe um bocado de ressaca de FLIP nesse meu desespero absurdo.
Foi uma experiência – para mim, pelo menos.
Sim. Experiência ponto.
Porque eu ainda não sei definir bem que espécie de experiência foi.
Foi maravilhoso, angustiante, maravilhoso. Saí de lá me sentindo uma das mulheres mais burras do planeta – com a minha obsessão latente latindo mais do que nunca.
Entrei numa livraria ontem e saí praticamente correndo quando olhei em volta e me dei conta da quantidade de coisas que eu quero ler.

Além de tudo é uma obsessão cara pra caralho.

quarta-feira, julho 11

P.S.

Mais coisas...
Mas ainda sem PC.
Bloco cheio de anotações relevantes...
Tenho vindo à faculdade, em plenas férias só para usar o computador, talvez volte amanhã...
Talvez não.
Sei lá.

Voltando pra casa

De uns tempos pra cá voltar de viagem é uma coisa que sempre dói.
E olha que eu nem gosto de Paraty! Pode tacar pedra, mas quando eu digo que não gosto, quero dizer que eu não me imagino de forma alguma morando lá algum dia – é um lugar bacana para ir, visitar (a FLIP é uma experiência – depois eu conto), passar uns dias e voltar pra onde quer que você more.
Mas more no Rio...
Pra início de conversa, seu portal de entrada é a Baixada Fluminense.
Que fique claro que eu nunca freqüentei nada da Baixada a não ser o “Alemão” que tinha um croquete absurdo de bom que hoje em dia eu acho mole, mole em várias casas “finas” da Zona Sul – então nem vou falar mal – mas que a Avenida que corta a coisa, as bordas da Avenida, a “paisagem” que nos recebe assim que voltamos à Cidade é feia. Pobre e maltratada como a maior parte do Rio de Janeiro anda.
Porque Rio de Janeiro não é só Zona Sul. A ZS é famosa, é grande, é chique – haha! – mas como o nome diz é Sul; existem ainda Leste, Oeste e Norte.
Você já parou para pensar nisso?
Então você chega na Rodoviária Novo Rio.
Aquele caos.
Consegue – a duras penas – pegar um táxi. O táxi que te coube é um daqueles que está mais pra golzinho 80 que pra gol 1000, o motorista, um senhor careca de barba te lembra alguém de pornochanchada e dirige como se não houvesse amanhã fazendo com que você segure sua filha no colo com uma força que não se lembra de ter segurado em muito tempo.
Finalmente, o táxi estaciona na entrada da sua casa.
Você salta e ouve logo de cara que a Creche do Inferno do lado da sua casa está dando uma “daquelas” festinhas.
Então, você entra em casa e percebe que vai ter muita, mas muita roupa para lavar, já que trouxe junto metade do chão de terra de Paraty grudado nas roupas....Que maravilha voltar pra casa...!

segunda-feira, julho 2

Pra variar...

...E não perder o hábito, estamos naquela fase do ano em que eu estou excluída digital.
Meu pc pifou;
O semestre acabou;
O coração vai mal (de várias formas e sentidos diferentes);
E depois de amanhã eu viajo de mãe, filha e malas - muitas malas - para a minha tão esperada primeira FLIP.
Um prêmio mais do que merecido.
Na volta eu resolvo, conserto, escrevo, leio...