sexta-feira, outubro 31

Meus belos neurônios estão pedindo arrego.

quarta-feira, outubro 29

I'm Batman!!!


(...É que hoje eu tô boba de dar dó... Hihihi)

Uma lembrança

Eu não sou uma garota muito chegada em primeiras vezes.
Não me lembro do primeiro livro do Stephen King que eu li, do primeiro disco que eu comprei, do meu primeiro porre... E essas lembranças esquecidas são parte, definitivamente, do que eu gosto hoje, da minha história e de como eu me tornei quem eu sou (eu e todo mundo).
Por isso é tão especial quando, de repente, eu consigo me lembrar de alguma delas.
Assim que eu acabei de ler o livro aí do lado sobre as mitologias africanas, passeando numa livraria qualquer de um lugar qualquer, namorando todos aqueles livros todos que as pessoas escrevem e que eu cobiço diariamente, me deparei com um volume de “Tenda dos Milagres”, do Jorge Amado.
O lance é que eu nunca li nada do Jorge Amado – e eu gostava do cara, achava simpático e quase tudo que eu já sabia de Bahia foi tendo ele como professor. É uma lacuna da minha longa lista. Conheço a maioria das histórias pelo relato de outras pessoas ou pelas versões cinematográficas ou televisivas que foram feitas.
E quando eu me deparei com “Tenda dos Milagres”, lembrei.
Lembrei que foi por causa da adaptação dessa história que eu vi pela primeira vez, na tv, um orixá. Um terreiro. Aquelas danças, com aquelas pessoas paramentadas de saias e contas, que cantavam, entravam em transe. E aquele povo que acreditava naquelas coisas.
Pra mim, era um conto de fadas novo.
Foi a partir desse romance que eu nunca li que eu passei a pesquisar mais sobre o assunto, que eu fui procurar aquilo em alguns dos lugares onde eu andei. Nunca foi minha intenção me juntar àquele povo, mas ver aquilo acontecer, me maravilhar com aquele espetáculo que eu passei a achar tão bonito.
Porque é bonito pra caramba.
Foi ali que eu quis saber quem eram aqueles personagens, qual era a etiqueta, quais eram as suas histórias. Dali, tirei várias superstições e conheci várias coisas.
Estou longe de ser Phd no assunto – ainda tenho muito a aprender; mas me deu uma alegria imensa lembrar de onde saiu essa parte do meu gosto por essa história, essa cultura, que eu não lembrava.

Um domingo qualquer

Domingo.
Chovia.
Olho pro chão e vejo os meus pés, enfiados dentro do meu único par de all stars (hoje é converse, né?), que eu só fui comprar depois dos 30 anos, que me dão uma falsa sensação de juventude e que são os meus tênis de chuva, visto que também são os sapatos mais resistentes que eu tenho. Enfim, os tênis.
Os tênis estavam desamarrados. Faziam alguns dias que eles teimavam em desamarrar e me deixar andando na rua com cadarços que iam balançando de um lado para o outro, seguindo o meu ritmo de caminhada. Além de soltos, estavam molhados.
Tudo estava molhado, porque eu não acredito em guarda-chuvas.
Enquanto eles balançavam, também caía pela ponta do meu nariz uma grossa gota de chuva.
Por alguns minutos, andei por aí me sentindo e me lembrando como era ser uma menininha melequenta.

Saindo da chuva, emergi no metrô.
Assim como eu estava molhada e começando a ficar com frio, o metrô naquela tarde era igualmente frio.
Como não havia sol, não existiam aquelas enormes famílias que pegam o trem de Deus sabe lá aonde, paramentados com o melhor de moda praia e cadeirinhas e barraquinhas e sacolas e lanches e crianças e toda uma sorte de coisas debaixo dos braços para ir à praia na Zona Sul, que é chique, ao invés de ir tomar um bom sol na laje - que, na minha opinião é muito mais higiênico já que não tem areia com cocô de cachorro, mar cheio de cocô de gente, enfim, sem cocô, saca?
Como não havia sol, não existiam nem as famílias de papai-mamãe-filhinho que vão passear na rua, visitar a vovó, ir à festinhas.
Naquela noite, eu havia recebido a visita de duas avós falecidas nos meus sonhos. Eu ando tendo um sonhos esquisitos. E nem sempre me lembro de entrar na internet para ver o quê exatamente eles significam. Como o assunto era justamente o aniversário de uma delas, que, no sonho estava personificada na outra, minha primeira análise leiga foi que o meu inconsciente andava totalmente dominado pelo tema aniversário - tão dominado que até em sonho essa praga anual de aniversário/ festa insistia em me perseguir.
Inconsciente, consciente, tudo estava voltado pelo tema; não fosse a certeza que começou a me assaltar de que, aos 31 anos, finalmente aconteceu comigo de inventar de me apaixonar por um professor - coisa que eu nunca imaginava que ainda fosse acontecer comigo. É muito louco essa coisa de endeusar uma pessoa que você definitivamente não pode nem pegar e se esforçar feito uma alucinada para que a pessoa fique absolutamente encantada com a sua inteligência e carisma. Não poder perder uma aula sequer, saber tudo de cor e só pensar nisso em todo e qualquer tempo livre que você possa ter na vida. Procurar na rua, esperando encontrar, esbarrar. O tipo de situação que te deixa na dúvida se é falta de roupa pra lavar no tanque, falta de um cacho novo que te coma de verdade, essas coisas...
Como não havia sol, só existiam uma meia dúzia de pessoas perdidas. A maioria como eu, perdida, sozinha, com frio, usando umas caras não muito satisfeitas com a vida. Esta, a principal diferença entre nós: me vi bastante satisfeita em estar praticamente sozinha naquela enorme estação de pedra, naquele dia feio de domingo. Tem dias em que ser uma menininha de cadarços desamarrados num mundo grande e vazio é tudo que uma pessoa pode querer.

Rolo de rir!!!

Num daqueles gloriosos dias em que fui exercer a minha cidadania forçada, estávamos eu e minha filha na casa da minha mãe esperando ela chegar. Enquanto isso, resolvemos nos aproveitar das boas graças da Tv a cabo - que inexiste na nossa casa. Estava começando a passar num dos canais infantis "O Corcunda de Notredame", que a pequena se sentou animadíssima para assistir.
Alguns minutos depois, vovó chega em casa é imediatamente saudada com:
"- Olha, vovó: o côcunda de mac donalds!!!".

terça-feira, outubro 28

Ufa!

Depois de uma semana extremamente frenética, organizando duas festas de criança e preparando tudo para sermos uma dupla de dama de honra e madrinha impecáveis - dentro do possível - num casamento, onde tive vários piripaques físicos porque tudo virou muita coisa pruma mulher só, apesar de ainda haver gente que acredita piamente que eu não faço nada da minha vida (rá!), estamos quase de volta à programação normal.
Tudo foi um sucesso, tudo deu certo, todos ficaram felizes, eu já dormi, já lavei a meia tonelada de louça que se aglomerou na minha cozinha e já leio um novo livro e volto a me dedicar à filosofia.
Desenvolvi uma nova fixação nova, que me ataca uma vez a cada cinco anos, uma coisa assim meio eleição, onde eu começo a cobiçar prateleiras e mais prateleiras de cremes e coisinhas de beleza de todos os cheiros, formas, cores e efeitos. Eu adoro e sei que vocês também adoram as minhas fixações esquisitas. No momento, estou dedicada a um tratamento capilar com um sei-lá-o-quê de orquídea e de olho num creminhos bacaninhas para os pés e rugas.
De ontem pra hoje, pessoas esquisitas passaram a me olhar na rua e falar coisas que eu não entendo, o que eu acho muito esquisito, mas eu vou deixar pra pensar nisso se isso continuar até a semana que vem.
Mas tudo o que eu ando pensando mesmo, mesmo, MESMO esses dias é que eu tô precisando levar uma pegada "daquelas". Falta oferta, mas tão aí Papai Noel e São Judas Tadeu preu fazer meus votos, né, não?

segunda-feira, outubro 27

Poxa vida, realmente não dá pra pessoa ficar longe do computador.
Nas duas últimas semanas, Ivete Sangalo engravidou E perdeu o bebê e a Luana Piovani já separou do Dado Dolabela de novo.
E eu só perdendo esse tipo informação essencial à minha vida...

quinta-feira, outubro 23

Não tô dando conta...

domingo, outubro 19

Iupiiii!!!

"Abertura social
Vênus em sextil com lua natal
Entre os dias 19/10 (Hoje) e 27/10, o planeta Vênus no céu estará formando um aspecto harmônico à Lua do seu mapa de nascimento, Renata. Este ciclo está associado a uma idéia de popularidade, charme social, boas situações envolvendo lazer, festas, encontros e reuniões. É um excelente momento para conhecer as pessoas certas, que poderão lhe beneficiar de alguma forma no seu trabalho ou em sua vida afetiva, ou até na vida espiritual. A qualidade natural deste momento envolve um bem-estar que está associado a uma busca por tudo aquilo que é bom e belo na sua concepção das coisas. É um período conveniente para interagir, fazer-se ver, conhecer gente nova. "

terça-feira, outubro 14

Oh, S%$t!!!

E então depois de duas semanas de festa, farra, alforria, gritos de Elisabeth não é mais uma Fritzel, manhãs brindadas com cachorros-quente debaixo do braço, porres nada elegantes para uma senhora mãe de família, aquela enorme sensação de liberdade e três dias achando que a alma, enfim, abandonaria meu corpo dentro de um banheiro qualquer e pediria a aposentadoria pelos anos de maus tratos e abusos; a festa acabou.
Um dia acaba.
Assim como a grana e o fígado.
A vida chama, os filósofos chamam, todas as obrigações chamam você de volta e você percebe que crescer é de fato uma coisa muito chata – nada lúdica. Que, na sua adolescência – que, no meu caso, foi estendida bem por uns 10 extras além do prazo – as noites eram realmente sem fim e que na vida adulta isso é balela; elas acabam antes que você esteja preparada.
Porque são elas que não te deixam ver o outro lado da cama vazio, que fazem as noites sem telefonemas passarem numa boa porque existe sempre algo mais a fazer, que te tiram de casa para que você não esbarre naquele programa que vocês sempre viam naquela hora. São elas que te impedem de olhar outras mulheres na rua e pensar se aquela ali será a vadia vagabunda, que te impedem de olhar pro lado quando calha de você pegar um ônibus que passe por ali, que matam a tristeza que te come por dentro quando a sua filha pergunta por ele.
Porque você nunca se prepara para essas coisas, mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, elas vão bater na sua porta tão certamente quanto vendedores de bíblia.
Nas noites, tudo isso a gente afoga.
Afoga numa dúzia de copos, numa dúzia de risadas, numa dúzia de conversas absolutamente estúpidas e nada filosóficas, afoga nas caminhadas, afoga nos olhos e nos sorrisos dos outros náufragos que estão sempre em volta.
Morte por afogamento.
Difícil é a sobriedade.
Admiro por demais essas pessoas, os sóbrios.
Admiro a coragem que eles têm de passar por tudo isso sem se esconder em algum lugar ou alguma coisa.
Eu sou uma covarde assumida.
Só sou sóbria por força das responsabilidades, mas fujo na primeira oportunidade.
E volto...
E fujo...

Ao mesmo tempo, no meio da festa, chega um convidado que há muito rondava, sondava, cheirava...
E ele chega.
E ele está lá.
E é de uma ironia absurda que, desta vez, vocês tenham trocado de lugar.
Absolutamente.
E você só pode imaginar como vai ser aquela conversa.
De novo.

Porque, a bem da verdade, não é a hora de nada disso.

Só o que deveria interessar era um casamento que vem e um aniversário – O Aniversário Mais Importante Do Ano. Roupas, comidas, bolas, bebidas, maquiagem, jóias. Deveria ser um tempo de grandes despesas e pequenas futilidades e felicidades. De pensar em dourados, cachos soltos ou presos, na volta pra casa, na encomenda de doces, na sandália perfeita, em coca-cola ou guaraná e pendurar quadros na parede, sem esquecer de um engov e outro depois pra não ferrar a festinha da mamãe.

Ao invés disso, existem noites em que eu me sinto uma menina muito nova brincando de morar com outra menina mais nova ainda. Existem noites em que eu realmente acredito que é uma loucura que a gente possa viver sozinha – que eu me sinto muito incompetente e desprotegida. Existem noites em que eu queria colo – de novo. Que alguém entrasse e pusesse pra fora os monstros do meu quarto. Em que um raio duma carência babaca aparece e destrói anos do intensivão de terapia.

É você, seu coração ingrato, me amolando quando eu não preciso, quando eu não quero! Quando escolhi não pensar e não sentir. A vida é inevitável – seja de dia ou de noite. E eu vou passar por ela. Você só podia não atrapalhar, justo agora, que eu estava tão bem... Não quero nada, nada disso...
Não é a hora...

sexta-feira, outubro 10

...E o cinema não pegou fogo...
Viva!

quinta-feira, outubro 9

Gonzo - Resenha

Porque o professor gostou, eu resolvi postar pra guardar de lembrança.
Meu limite eram 20 linhas, ok?


Desvendando o mito da palavra
E do criador da palavra

A primeira vez que ouvi a palavra “Gonzo” foi em meados da década de 1990. Um grupo de jornalistas recém-formados, cujos blogs eu adorava ler, volta e meia se auto definia como sendo “gonzo” ou fazia um tributo ao mesmo. Lembro de ter pesquisado um pouco para tentar entender o quê exatamente significava a expressão, o movimento, enfim. Lembro também de não ter entendido muito bem; assim, o assunto ficou renegado a um lado escuro qualquer do meu cérebro.
Então, enquanto folheava o vasto menu do Festival do Rio deste ano, lá estava: “Gonzo: Um Delírio Americano”, documentário que contava a história de Hunter S. Thompson, o criador da tal palavra nefasta. Estava aí a chance para maiores esclarecimentos.
O filme usa e abusa de imagens de arquivo e de filmes baseados nos livros de Thompson para ilustrar quem era aquela figura – além de depoimentos da família, de amigos, colegas de trabalho e personagens de suas matérias, mostrando um trabalho de pesquisa caprichado e caprichoso do diretor – num ritmo tão dinâmico quanto o próprio. Usuário de todo e qualquer tipo de droga e álcool em quantidades dantescas, amante de armas e sem papas na língua, ele é definido nos depoimentos como um homem muito bom que também sabia ser bem mau.
Quem assiste ao filme concorda plenamente com a ex-mulher dele quando ela anuncia que “Hunter era um homem extremamente sedutor”; é impossível não se sentir seduzido por aquele personagem que mudou as regras do jornalismo com o seu jeito quase irresponsável de trabalhar e lutava contra a alienação do seu próprio povo. Realmente, ele merecia os tributos teve, mas a sua importância é mais americana que global.
Não posso dizer que finalmente entendi o significado da palavra “gonzo”, mas já posso dizer que faço uma idéia e que um dia (talvez) eu chego lá.

“Gonzo – Um Delírio Americano”
Direção: Alex Gibney

Feliz, porém fatalista

...Mas, do alto das 9 horas da manhã, por enquanto o dia está sendo feliz.


(Me tremo toda de dizer essas coisas, porque uma coisa que já aprendi bem na minha vida é que sempre que a gente elogia, a tendência é que a coisa dê terrivelmente errado tipo assim dez minutos depois de você ter feito essa cagada.)


(É, eu ando um pouco mais desbocada que o normal, mas não há nada que eu possa fazer a respeito...)


O ponto alto, porém, vai ser uma coisa que eu estou esperando ansiosa desde a semana passada:



É hoje!!!

E, agora que eu falei, corre o risco de queimar a película ou coisa que o valha...

É culpa da chuva

Enche o saco, eu tenho noção, mas o tempo londrino que invadiu a Cidade-nem-tão-maravilhosa-assim anda tendo um efeito devastador no meu humor e eu me sinto obrigada a reclamar da vida.
Vamos lá. Meus dias andam sendo cansativos, ok? Eu chego em casa com um cansaço irreal e a minha única vontade na vida é deitar na minha cama e ficar prostada lá até que alguma alma ou coisa que o valha me obrigue a desgrudar do meu não-tão-bom-assim-colchãozinho-velho; mas, como a vida é uma coisa imperfeita e cruel, não é isso que costuma acontecer. Existem sempre coisas a fazer no meu empoeirado e zoneado palácio.
De vez em quando, eu deixo que as coisas se resolvam sozinhas, esqueço a ansiedade angustiante de ir para o meu roxo refúgio e fico esperando a onda passar. Anteontem foi um destes dias. Deixei minha pequena e geniosa filha se convencer de que mais nada de emocionante poderia acontecer naquela noite, deitei no chão ao lado da cama dela para esperar ela dormir enquanto lia o meu mais novo e feliz livro - ignorando solenemente as minhas costas, que resolveram dar um chilique qualquer por causa do excesso de peso que eu ando carregando e ainda insistem em reclamar quando eu levanto mais rápido ou dou uma cruzada de pernas mais frenética; uma fase de saliência nem pensar se eu não quiser parar direto no pronto socorro mais próximo, o que é uma irônia se nós considerarmos que eu pago um plano de saúde caríssimo e não existe nenhum pronto socorro realmente próximo à minha casa para adultos descadeirados - o que durou alguns capítulos. Com o advento da coluna, tenho esperado Madame apagar para poder ficar de molho na banheira.
Agora já comecei a achar que ela não é tão minúscula quanto eu achava que era e já consegui achar a minha posição no mundo dentro dela. Me dá um prazer quase sádico ver a minha pele, que de vez em quando tem seus tempos de moreninha belzebú, mas, no momento concorre ao Prêmio Lagartixa de Transparência, toda vermelhinha depois de ficar cozinhando naquele bando de água fervente que, sim, eu desperdiço.
Quando consegui terminar o banho, já era quase meia noite. O que, para uma pessoa normal, não seria nenhuma tragédia grega, mas, no meu caso, que ainda precisava sentar ao computador para escrever uma matéria super criativa (haha) para entregar hoje, a qual eu não havia sequer pensado na primeira frase, tendo que acordar antes das seis da manhã para vir ao meu tão querido templo do saber (haha de novo), me deixava numa situação um tanto dramática.
Desconfio que tenha procrastinado a produção da tal matéria de propósito – maldito inconsciente! – mas, não existia mais chance de escapar das minhas obrigações. Virei uma pessoa por demais maníaca e caxias para me permitir zerar em qualquer prova ou deixar de entregar qualquer coisa que eu saiba ser minha responsabilidade.
Às duas da manhã, o povo bateu palmas feliz, me dei por satisfeita e fui me enfiar no meu roxo refúgio. Às 3, minha belíssima filha adentrou o quarto alegando qualquer coisa que já não me lembro mais, querendo dormir de novo na minha cama.
Eu acho uma delícia dormir com ela, que faz questão de ficar grudada em mim, que inventa de dar as mãos no meio da madrugada; mas, a gente já sabe que a vida não pode ser tão cor de rosa assim, eu tenho paranóias maternais e então tal prática só é liberada uma vez por semana – e essa semana nós já havíamos praticado – e eu tive que negar. Depois de uma briguinha leve, voltei pra cama xingando muito o fato de ter que acordar com as galinhas e a minha coluna despedaçada.
Às 6 horas da manhã, chovia muito. Muito. Assim que me levantei, já comecei com a síndrome de tourette climática que anda me atacando e faz com que eu formate frases unicamente feitas de palavras chulas cada vez que vejo uma gota de chuva caindo. Mesmo assim, lá fomos nós, praticamente a nado, desbravando todos os grandes lagos que se formavam em Botafogo, completamente encharcadas, para conseguir chegar aos nossos colégios e compromissos.
Molhada até o útero, morta de frio, quase caí pra trás quando descobri que o professor faria a gentileza de não comparecer à faculdade. Merda! Podia ter me avisado, caramba! O cara sabe que eu saio de casa com criança, toda carregada... E o pior é que cada vez que eu vou de manhã fico um bocado mais pobre, e tem muita coisa que eu ando precisando, pomba!
Só não fiquei com mais ódio porque pude finalizar a minha matéria de uma forma que me fosse satisfatória.
Enquanto isso, recebo uma ligação do colégio da Olívia. Uma das coordenadoras me informando que ela estava com os tênis muito molhados (não diga!), perguntando se eu poderia levar outro sapato pra ela. Na boa, fiquei louca de ódio. Quê que esse povo pensa? Primeiro, eu sou mãe, mãe vê tudo, e eu estava com ela, logo, eu sei que ela havia enfiado o pé na poça, ué! Chuva é assim, faz poça, a gente enfia o pé. Depois, como assim levar outro sapato? Elas queriam que eu comprasse outro sapato? Porque, se eu boto a criança durante um dia inteiro no colégio, está subentendido que eu estarei ocupada e não na minha casa promovendo um baile! Porra!
Felizmente, tive tempo sobrando. Mas, enquanto ia para casa buscar o raio do sapato, recebi outra ligação do colégio – desta vez da professora – me dizendo as mesmas coisas. Como eu já estava puta com a situação, fui até um pouco grossa com ela, mas disse que já estava indo em casa pegar a porra do sapato. Dessa vez, de repente eu fiquei lá pensando: “Vem cá, se ela chegou com o sapato molhado, significa que eu também estou com o sapato molhado. Ninguém se preocupa com o meu pé, não?”. Não. Claro. Mas, a passadinha em casa foi providencial, pude trocar de blusa, de meias. O resto eu deixei, porque se era pra molhar de novo, melhor que fosse o que já estava molhado, certo?
Corri desabalada pro cinema. Durante o Festival do Rio, aproveitei todas as minhas horas de almoço para ver filmes, e ontem não seria diferente. Deu tempo. Deu tempo de tudo. Deu tempo até de terminar o filme e eu chegar sã e salva na faculdade a tempo da aula (eu sempre acho que não vai dar tempo).
Tudo muito bom, tudo muito bem. Tourette continuava comendo solta cada vez que eu olhava pro céu, mas as minhas tardes conseguem quase sempre ser bastante divertidas. Deu um pouco de trabalho desligar a criança, mas eu acabei conseguindo. Fiquei tão exausta, que não conseguia nem ler quando fui deitar na minha cama.
Aí, hoje estou eu de pé às 5:40 da manhã, pronta para uma maratona que só vai ter fim lá pelas 2:30.
O professor não veio de novo.
Legal.
Bacana.
Supimpa.
Caralho.
E continua chovendo.
Dá pra não reclamar? Não dá!
Aí eu fico puta de ficar tentando comer alface e não conseguir perder nem 10 gramos, fico puta com a pança caída, fico puta porque quero comprar um monte de coisas pra minha casa, mas preciso dar prioridade a outras coisas, fico puta porque vou ter que providenciar uma festa de aniversário maior do que eu gostaria para o aniversário da Olívia, porque eu quero um vestido novo, porque preciso ir ao salão de beleza, porque estou detestavelmente dura, porque as minhas costas ainda doem, porque eu recebo convites que esperei receber muito tempo e agora que recebi não sei se quero mais, porque eu tenho mau gosto, porque eu preciso de empregada e emprego e de menos poeira na minha casa, etc, etc, etc.
É mais forte do que eu.
(Além do mais, eu bem que gosto – desopila!)

quarta-feira, outubro 8

Revolta!

(Há dois dias atrás...)

Em véspera de prova, sempre passo metade dos meus dias lembrando da cena daquele filme que era campeão de bilheteria da Sessão da Tarde quando eu era criança que o sujeito acorda desesperado, aos berros: “Eu não sei nada! Eu não sei nada!”.
Na verdade, essa frase vira uma espécie de mantra que eu fico repetindo incontáveis vezes, desde a véspera, até o fim da dita prova.

Hoje, estou olhando as letrinhas, pedi folga pra mãe e pra filha, mas nada entra na cabeça. Excepcionalmente, eu penso: “Caralho. Quer merda. Que saco”.
Estou com um sono monstruoso, fruto de horas e mais horas de filmes, que são a mais nova obsessão do mês. Estou profundamente puta porque o meu dvd resolveu não funcionar num domingo, justo quando eu consegui pegar o filme mais disputado da locadora e nenhuma das lojas em volta da minha casa tem uma porra de um cd de limpeza para vender. Droga, droga, droga!
Então, de Sartre, não estou sabendo nada...

...Mas, no fim das contas, o Sean Penn acabou comendo a Madonna e virando um puta diretor de cinema, mesmo não sabendo nada naquela porra daquela prova.
Não que eu queira comer a Madonna (taí uma coisa que eu nunca quis – de verdade), nem virar uma puta diretora de cinema (também não quero virar uma puta nada – de verdade – ando super sem grandes ambições), mas pode ser que ainda exista futuro pra mim mesmo sem saber nada...

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Minha prova foi medíocre.
Daquelas que vou ter muita vergonha de ter feito - hoje, que tenho vergonha dessas coisas.

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Hoje, eu realmente só queria que parasse de chover.
Essa coisa de fazer um dia de sol e vinte e cinco de chuva já fodeu minha paciência faz muito tempo.
Assim como os pneumococos, que de tão desafiados pra briga, daqui a pouco vão acabar aceitando...

quinta-feira, outubro 2

O Vento

O vento venta como não ventava há muuuuuuuuito tempo.
Passando de ônibus pela Lagoa, ela mais parece um pedaço de mar; com um verde mais profundo e ondas quase furiosas, se a gente achar que ondas furiosas podem ter apenas poucos centímetros de altura.
Soube que várias árvores não resistiram e desabaram (o jornal me diz que até em cima de casas de outras pessoas - Meu Deus, será que os meus vasos, tão resistentes e cheios de vontade de viver, também foram arremessados sabe-se lá para onde?!?).
Onde antes haviam largas poças de água de chuva, agora existem poças entupidas de folhas que caíram de cima destas árvores.
Enquanto pego o meu caminho, o vento me pega também.
Bate nos meus cabelos, até então quase penteados e sustentando minha persona sã para o mundo, e os espalha.
Não os espalha simplesmente.
De repente, sinto-me como se estivesse vivendo um flashback de "Carrie, a estranha", no momento em que ela finalmente se rebela junto àqueles playboyzinhos do colégio e começa a explodir o baile todo (isso sim é ser Rainha do Baile, convenhamos) e os seus cabelos estão voando em volta da sua cabeça numa cena para comercial de shampoo nenhum botar defeito.
A diferença é que eu não estou em baile nenhum, não sou Rainha e meu poder psíquico é pífio e então eu não explodo pessoas.
Raramente a gente pára para pensar no real poder da natureza.
Eu mesma penso muito pouco e considero-me muito pouco ecológica ou qualquer outro eco que caiba aqui; apesar de super acreditar nos seres da natureza, mas isso eu atribuo à falta de miolos mesmo.
Não parece que estamos na Primavera.
Eu só penso que terei que segurar muito bem minha filha nos braços se não quiser que ela saia voando...
...Ao mesmo tempo, consigo me pegar pensando se teria eu o direito de impedir que ela voasse de verdade, numa grande aventura, no meio do vento...
...Divaguei...

quarta-feira, outubro 1

Ah! O Fim!

...O texto de ontem pode ser considerado uma epígrafe.
Quando eu cheguei em casa, Zôiuda estava no mesmo lugar, mas numa posição nada natural. Muito espertamente, fui verificar se ela ainda estava viva e, me esquecendo de que a super faxina quinzenal não havia tomado lugar durante o final de semana sendo trocada pelas minhas atribulações sociais, enchi os pulmões e soprei com toda a minha força em cima daquele corpinho feioso e magrelo; recebi uma densa nuvem de poeira no rosto, mas nada de madame se mover. Era fato. Tínhamos um óbito na casa.
Seu enterro não foi religioso, não foi pomposo, sequer foi digno - confesso que ela foi da pá para o saco de lixo sem nenhuma hesitaçaõ de minha parte, que estava mais compenetrada em não deixar o cadáver cair da pá, que era segura bem longe do meu corpo, do que em dar um enterro cristão à minha ex-hóspede.
Assim, agora eu também não tenho mais hóspedes ou bichinhos de novo.