sábado, março 31

"It's been a hard day's night..."

segunda-feira, março 26

Dos Planos

Houve um tempo em que eu realmente baseava o que queria da vida - o que esperava e como eu achava que ela deveria ser - em alguém.

Foi assim com o primeiro amor.
Eu fiz planos, construí toda uma vida. Mesmo sabendo que ia acabar. Quando acabou, foi um choque e eu fiquei perdida e sem planos.

Foi assim quando engravidei e pensei em formar uma família.
De verdade e como mandava o figurino.
Deus foi sábio e hoje eu vejo que não era - nem nunca foi - uma boa idéia.

Eu gosto de fazer planos.

Ano passado cheguei a fazer planos de novo.
Imaginei toda uma vida nova, a rotina, como ia ser esperar que ele chegasse de onde tivesse ido, como ia ser a nossa casa.
Acho que ele nem sabe disso até hoje.

Mas entre um plano e outro, eu aprendi a viver sozinha.
Muito mais do que eu gostaria até.
Meus planos, hoje em dia, na maioria das vezes, são independentes de outras pessoas para existirem.
Porque, hoje, eu bem sei o que quero da minha vida; quais são minhas metas.
Sei o que eu não quero também.

Nulidade.
Subjeição.
Rejeição.
Certas pessoas...

E a dificuldade é justo achar alguém que case com esses planos.
Que eu possa arrastar junto.
Que me ajude a construir isso tudo que eu quero.

Nenhuma paixão teve mais planos.
E eu quero planos de novo.
Quero pensar, fazer e construir.
Junto.

Mas, se for sozinha, eu hoje sei que também vou conseguir.
Porque eu vou conseguir.

Até penso se não seria melhor deixar certas coisas para depois de conseguir.
Talvez fosse melhor...

Mas aí o quê que eu faço para me distrair nesse meio tempo?
Pra quem eu vou escrever?
Por quem eu vou chorar?

Por mais que eu tenha mesmo muito pouco tempo meu, uma distração sempre cai bem.

Hoje, eu só tenho a mim mesma de novo.
Mas amanhã (numa linguagem literária e não literal, por favor), eu sei que ainda vai haver alguém para me ajudar a erguer tijolinhos. Ou, pelo menos, ajudar a conservar...

...E fazer novos planos.

(Que estes são sempre necessários e são o que dão graça à vida, no fim das coisas...)

domingo, março 25

Okay

Sabe...
Na verdade, eu estou achando tudo um pouco fantástico.
Tudo bem que a parte de ser rejeitada e trocada não é lá muito legal, nem deixa ninguém muito feliz da vida. Mas também não é nenhuma novidade.
Além disso, dessa vez nem posso dizer que doeu tanto.
E é fantástico, do seu jeito, porque eu fiquei foi é me sentindo livre.
Zerada.
Eu estava pronta, mas presa de algum modo.
Agora não estou mais.
Pronta e zerada.
Agora sim vai ser um novo começo.
De uma forma meio estranha, isso tudo foi bom.
Me deu esperança.
Foi só uma coisa que eu já via que ia acontecer que aconteceu e me deixou okay dessa vez.
Okay...
No hard feelings.
Boa viagem, meu bem, e até qualquer dia!

sexta-feira, março 23

...

Essa semana não está sendo uma boa semana.
Em nenhum, ne-nhum, aspecto.
Nenhum.
Além de tudo mais, você nem pensou, nem perguntou, nem perdeu seu precioso tempo para tentar saber - eu poderia até dizer lembar, já que eu já havia lhe dito - o quê anda acontecendo.
O Motivo Principal.
Tens culhões para se dizer abandonado, quando abandonada estou eu.
Por ti.
Por ela.
Por tanta gente.
E é tudo tanto, que a lembrança me dói.
Todos os dias.
Nos últimos dias.
De ti.
Que não me quer e diz que não rejeita.
Que canta tudo quye eu posso ser e não vê.
Que me impede.
Do galego, que me assombra, diz que ama, que me espera, mas não nada nunca no mundo e por quem eu teria mudado toda uma vida.
Do amor, da felicidade, da plenitude que sentia quando estava com quem dizia não poder me amar e que hoje ama tão plenamente a outra pessoa.
De quem mentiu, deliberadamente, para mim.
De quem ainda me desperta calafrios e não me deixa pegar certas linhas de ônibus.
De quem eu ainda tenho medo de esbarrar.
De quem eu ainda não estou curada.
Precisava de ti.
Que me conhece e compreende.
Dele não me promete, que é carnal.
Dele que me protegia e preenchia.
Dos três.
Que me amam.
Que queria que aqui estivessem para me acalmar sobre aquele que amanhã pode ser bom ou acabar com com minha razão de vida.
Para segurar minha mão enquanto tenho medo, muito medo.
Para me acalentar para que eu possa descansar.
Estar pronta.
Precisava de uma fusão dos três em um.
Precisava só de ti, que vinha me ocupando e me tendo.
Precisava tanto.
E, ainda assim, não te tenho.
Não tenho a ninguém.
Só a mim.
Que ando gostando tão pouco de mim...
...E precisava tanto de ti.
Tão perdido em umbiguismos.
Tão esquecido.
Tão desleixado.
Tão pouco cuidadoso com quem te cuida tanto.
Tanto te quer.

Devia eu, estar acostumada.
Devia eu, ser tão mais forte.
Devia eu, salvar minhas lágrimas.

quarta-feira, março 21

A Barbie

Pois então...
Pouco antes do Natal, minha filha descobriu a Barbie.
Barbie: aquela boneca loura, peituda e de pernas compridas que toda garota tem pelo menos uma há décadas, e que é tão ícone de qualquer coisa que recentemente até divorciada virou.
Obviamente, eu já esperava que o "Momento Barbie" fosse acontecer em alguma hora da infância, mas não contava que fosse já.
Foi uma coisa inacreditável o primeiro contato.
A Barbie em questão era uma bailarina da prima de 3 anos.
Eu, cá com meus botões, já havia ficado muito espantada de uma menina de 3 nos ter uma.
Olívia quando viu ficou no encanto dos encantos com a boneca!
Agarrada e possessiva durante toda nossa estadia com a prima.
Pouco depois, viajamos de novo e ela, mais uma vez, encontrou uma Barbie - dessa vez de uma garotinha de 7 anos.
Novamente foi aquele encanto.
E eu comecei, então a maturar a idéia de comprar uma para ela.
Hoje em dia, existem, sim, Barbies caríssimas, mas também existem Barbies mais "populares". Eu, na verdade, achava que uma genérica já quebrava o galho e cumpria sua função.
E assim foi...
Após algum tempo de pesquisa, veio uma Barbie genérica.
Devidamente munida de mudas de roupa tão genéricas quanto ela.
E que causou grande comoção!
A frase de ordem ultimamente aqui em casa é "vou mostrar pra Luísa" - "vou mostrar pra Luísa" serve para comidas, acessórios, brinquedos, programas; para tudo - e a nova boneca entrou nessa.
O grande problema da Barbie genérica é que ela é genérica e sua composição corporal, vamos dizer assim, é absolutamente insufciente para sobreviver a uma criança de dois anos de idade. Foram dois dias de "mamãe, caiu pernas*", "mamãe, caiu braços", "conserta, por favor" em intervalos constantes de 10 minutos.
Mamãe aqui anda um pouco atabalhoada, atrapalhada e não muito paciente, como bem se sabe.
Então, mamãe aqui saiu correndo e embicou na primeira Lojas Americanas que viu pela frente e, em desespero, comprou uma Barbie original e deu mais alguns reais para a Mattel bem mais cedo do que poderia supôr.

(Ainda teve o desprazer de sacar o quanto é uma mulher desvalorizada, já que a Barbie loura era 8 reais mais cara que a morena!)

Olívia amou sua nova boneca, como não poderia deixar de ser, mas, imediatamente me olhou e perguntou: "cadê minha outra Barbie?".

...E eu achando que ia conseguir dar a volta nela...

Agora ela anda grudada com as duas, para cima e para baixo.

*Ela descobriu o plural. Não que saiba usá-lo corretamente ainda, uma vez que ela machuca seu braços ou seu pés, mas a gente chega lá! ;)

Ex's

E o que faz uma pessoa guardar tudo?
No caso, e-mails antigos de ex-namorados.
Eu também guardo cartas, fotos e afins, mas muito, muito bem guardados.
Guardados apenas por desencargo de consciência, porque essas pessoas fizeram parte da minha vida em algum momento passado e isso seria apagar a minha história de vida.
Mas, porque a gente precisa guardar os e-mails, assim, tão à vista?
Porque que quando a gente procura uma coisa boba acaba dando o mole de achar coisas que podem balançar tanto com a gente?
Pelo simples fato do que poderia ter sido e de como acabou.
Pelo momento particular de vida que eu estou vivendo.
Porque só olhar o nome ali já é confuso.
Porque?
Em alguns casos bastante específicos, ultimamente, eu bem que tenho me pego pensando - e verbalizando, e agora, escrevendo - o quanto seria bom, fácil, se ex-namorados tivessem um pó de pirlimpimpim qualquer que os fizesse simplesmente sumir - puf! - desaparecer, sem mais poder ter o poder de atrapalhar você, que segue com a sua vida sem eles.
Não por mágoas - tenho muito poucas não resolvidas com eles.
Não por ainda existir sentimentos de amor - no máximo um tremer de pernas.
Seria simplesmente fantástico se os e-mails se evaporassem até a gente ter uns 90 anos e precisar deles para lembrar de alguma coisa, se eles não mais conhecessem as mesmas pessoas que você, se eles não pudessem aparecer sem aviso quando você está andando descabelada e desmazelada pelas ruas num dia comum, se eles fossem banidos para o Cazaquistão até que você esteja tão curada deles que já não importa nada se eles estão lá ou aqui.
Porque, em casos bem específicos, nada disso, por mais maldoso que seja e por mais karma que possa me acrescer, não me parece mal por esses dias...

A minha casa

E nisso, existem sempre problemas que existem, mas que eu não posso resolver de forma prática.

De vez em quando eles me assaltam.

E, hoje, eu me peguei, de novo, pensando na minha casa.
Naquela casa que eu planejo ter há mais de um ano.
Ao invés de ser assaltada pela melancolia da coisa - a melancolia pelo tempo em que eu vou levar para ter ainda essa casa - hoje eu pensei na casa em termos diferentes.
Pensei em tudo que eu ainda tenho que passar para tê-la de fato.
Pensei no prazer que eu vou ter de ter passado por tudo para poder chegar a ela.
Me imaginei, me vi, olhando e falando: caramba, eu consegui.
"Eu tanto quis e tanto fiz que eu consegui. Minha casa. A casa que eu sonho desde...".
E isso me deu um alento...!
Me deu, já, uma sensação boa de conquista.
Me fez acreditar que eu vou conseguir de verdade.
Me deixou na boca o gosto que eu vou ter em tê-la.

Porque a gente vive uma vida complicada, numa cidade complicada.
A vida é difícil. Ponto.
A cidade está em guerra civil.
Ou você se rende, ou convive com ela - e tem medo de um jeito ou de outro.
Eu leio, vejo, escuto casos.

Vivo casos.

Semana passada, uns amigos vieram me deixar em casa.
Assim que o carro encostou, uma patrulinha vinha subindo a rua. Eu desci com um dos meninos e a patrulinha encostou, perguntou aos rapazes o que eles estavam fazendo aqui; não sei se a resposta não foi clara ou o quê, mas um dos PMs resolveu então saltar do carro de arma na mão e vir abordar o carro em pessoa. Eu dizia que eles só estavam me deixando em casa. Devo ter repetido umas duas vezes antes de começar a atravessar a rua de volta e da miha mãe ter, então, aparecido abrindo a janela com um certo barulho. Lá pela quarta vez que eu repetia que eles só estavam me deixando em casa, já com o outro PM do lado de fora do carro, também de arma na mão, pelo mesmo motivo oculto que o cara saiu do carro, ele resolveu voltar. Eles ainda ficaram parados um tempo na rua, e eu, tensa, me despedi com pressa.
Nesse dia, além de todos os meus direitos que já são diariamente violados, me roubaram o direito a um beijo de boa noite.
Eu, como boa carioca que sou, engoli mais essa violação e nada fiz ou falei.

Compreendo o medo deles, veja bem, mas acho absurdo que já abordem amigos meus de arma em punho por causa de uma carona, no meu caso após uma noite de trabalho.

Então, minha mãe vem pedir cuidado agora sempre que eu saio por causa do caso "x" ou do caso "y". Eu não vou deixar de sair. Saio, às vezes, com medo - sempre com cautela - mas não posso deixar de sair.

Também não pretendo envelhecer com esse medo, nem dessa forma.

E ainda há quem ache que eu que estou errada de não querer mais morar aqui.
Que eu que estou errada de querer beijos de boa noite, noites de liberdade, casas ao invés de apartamentos brutalmente protegidos e vigiados, laranjeiras no meu jardim - um jardim.

terça-feira, março 20

Depois eu tenho que contar da Barbie...

Óbvio

Eu ando ficando tão boa em auto diagnóstico que eu deveria também começar a ponderar porque cargas d'água eu continuo pagando minha terapeuta...

É simples.

O ano - o meu ano - finalmente começou.

Metida que eu sou, peguei matérias bastante trabalhosas e um bocado avançadas na faculdade. Nada que muito trabalho não vença, mas ainda assim, trabalho.
Muito.

Eu gosto de bastidores.
Amo fazer as coisas, trabalhar por elas, mas não gosto de aparecer.
De repente me escalaram para aparecer.
Okay, ser locutora de rádio não é exatamente exposição de figura.
Okay, fato já percebido anteriormente, os locutores com as vozes mais fantásticas não são lá as maiores beldades.
Eu muito me espantei, visto que já ouvi minha voz gravada e não gostei.
Não gosto da minha voz.
Mas também não tenho nenhum poder decisivo real nessa questão.
Ouço e obedeço.

Na outra aula, "ganhei" um professor tão bom (ególatra, mas bom) que sinto uma necessidade incrível de mostrar àquele sujeito o quão boa e inteligente eu posso ser.
Transferência.
Dispendiosa e trabalhosa.
Mas, que faz de mim alguém necessariamente melhor do ponto de vista intelectual (sem kant, hein!).

As pendências judicias continuam e são um saco.
O tipo de coisa que me faz pensar como seria bom voltar a ser criança.
E, na maioria do tempo, isso é uma tremenda inverdade.
Ser adulta tem lá as suas vantagens.

Pela primeira vez desde que a Licas nasceu, comecei a correr atrás, aceitar e fazer alguns pequenos trabalhos. De verdade.
Nada genial, nem que nos sustente com louvor - ou sem louvor - mas ainda assim, trabalhos.

Fisicamente, ando bastante insatisfeita comigo mesma.
O cabelo não está curto, não está grande, não está com a cor certa.
O rosto, volta e meia tem espinhas - ainda que minúsculas.
A ocupação espacial só faz aumentar.

Tem dois meses que eu espero uma consulta com um cara que deve ser o Rei da Cocada Preta das dietas, que está marcada para semana que vem.
Isso me deixa tensa.
Nesse meio tempo, apelei para um chá, que era ótimo, mas que eu não tenho mais tempo de tomar porque passo o dia na rua agora e o tal chá maravilha é laxante.
Fui me inscrever na Curves e a filial perto da minha faculdade ainda não foi inaugurada.
Tinha acupuntura marcada e o médico não foi.
É um complô.
Eu fiz todo um plano, pela primeira vez na minha vida, de que tenho que estar alguma coisa mais magra no dia do meu aniversário.
Daqui a quatro meses.
Quando os 30 anos chegarem e me arrebatarem.
Daqui a quatro meses, eu preciso de um par de calças que me caiba decentemente.

Meus dias começam de manhã bem cedo agora e terminam bem tarde.
Em muitos dias, o máximo que eu consigo dormir é 4 horas por noite.
Tudo bem adulto.
Tudo para que eu consiga ler tudo que preciso, ver tudo que preciso, preparar tudo que preciso, trabalhar no que me comprometi, cuidar da minha filha sem ser relapsa.

E aí, eu me pego pensando em rapazes.
Rapazes genéricos.
Rapazes.
Que eu bem quero e bem preciso.
Preciso porque acho que mereço ser premiada, recompensada pelos meus esforços, por assim dizer.
É o básico do meu modus operandi quando as coisas ficam demais.

Mesmo me sentindo num dos meus piores momentos comigo mesma, não é que as oportunidades têm aparecido? Elogios e oportunidades.

Nada muito digno de nota, se não fosse isso: eu não ando gostando de mim, mas outras pessoas andam.

Entelinhas e diagnósticos?
250 só nesse texto confuso.

É tudo muito óbvio, na verdade.

Quase como que noticiar que as crianças do Iraque têm pesadelos com a guerra.
(Isso foi notícia no jornal hoje. Faz parte de novo do meu dia ler jornal todos os dias e ter que me deparar com uma coisa dessas...)

terça-feira, março 13

Eu & Meu Horóscopo

"A dinamização da libido
13/03 (hoje) às 23h13 a 28/03 às 8h24 Marte em trigono com Vênus natal

Entre os dias 13/03 (hoje) às 23h13 e 28/03 às 8h24, o planeta Marte estará formando um ângulo harmonioso em relação ao planeta Vênus do seu mapa astral, Renata. Este tende a ser um período particularmente positivo para o sexo, o prazer, uma fase em que você provavelmente sentirá que está irradiando um magnetismo pessoal maior, e de fato estará... Convém aproveitar o momento, circular mais, fazer-se ver, exibir-se um pouquinho não faz mal ninguém, afinal de contas.

O magnetismo pessoal irradiado neste momento vai bem além da mera esfera sexual, entrando em todas as suas áreas sociais, do trabalho às amizades. As pessoas estarão percebendo em você um "tesão maior" para fazer as coisas, uma percepção de que você estará tendo mais prazer em viver a vida. E você, é claro, poderá contaminar positivamente os outros com esta qualidade, neste momento. "

Dramático...

domingo, março 11

Ready again

Foi um longo fim de férias.
Cansativo em todas as suas cores e possibilidades.
Em muitos momentos, angustiante.

(Já pararam para pensar na angústia? No quê ela é? Como ela vem e vai, vem e vai...?)

O período fora, é período fora.

Cada vez mais, o que passou, passou.
Cada vez mais, eu não gosto de lembrar de coisas passadas.
Ver fotos antigas.
Lembrar conversas e acontecimentos.
Certas lembranças são dolorosas e dor é um sentimento desnecessário.
Aquilo que foi feito no segundo passado jamais poderá ser desfeito; com sorte, melhorado (ou piorado), talvez até remendado. Desfeito, nunca.
Eu e minhas "coisas" doidas.
De alguma maneira, o conceito de não carregar sentimentos negativos se enraizou no meu ser de tal forma, que virou isso aí.
Não gosto mais de lembranças.

Descobri semana passada, também, que estou virando uma velha ridícula.
Depois de tanto assistir - sorver - filmes de terror japonês ao longo do ano passado, de repente me vi na seguinte situação: estava eu no paraíso; em casa, sem mãe nem criança, sem compromisso e resolvi que ia tomar um longo banho de banheira. A banheira começou a encher, eu entrei e fui assaltada por um pânico absolutamente surreal, uma certeza quase absoluta de que alguma coisa ia aparecer lá dentro do meu banho ou que alguém ia me agarrar por trás - as cenas clássicas. De nada adiantou me xingar mentalmente e tentar me convencer de que nada disso ia acontecer, tive que sair da banheira.
O que faz de mim uma velha ridícula.
Extremamente ridícula de resolver ter medo de tomar banho sozinha a essa altura do campeonato.

De qualquer forma, nem foi sobre isso que eu vim escrever.
Não foi o que me fez voltar.

Foi a angústia de novo.

Já fazem uns dias que eu prestei atenção em algumas coisas.
Ando pensando em algumas coisas.
Coisas do meu já tão maltratado coração.

O fim do último "relacionamento" foi o mais doloroso que eu tive nos últimos dois anos. No início, eu nem me dei muito conta disso, já andava adepta de ser inimiga do passado, então resolvi tentar de novo. Mas me relacionar, fazer aquela dança do acasalamento que eu tanto detesto e levo tão pouco jeito e tenho tão pouca paciência, beijar outra boca, estar com outro corpo não me caiu bem. Não parecia certo. Não era o que eu queria. Ainda mais quando o meu peito pedia por uma pessoa que eu já não podia ter.
Então eu me fechei.
Resolvi respeitar meu próprio luto e meu próprio tempo.
Durante esse tempo, apenas uma outra pessoa pôde se aproximar um pouco mais de mim. E isso estava ok. Está ok.
Mas tem uns dias já que eu percebi que o luto acabou.
Que, por mais que a lembranças me venha de vez em quando, que o medo permaneça e tenha tomado novos contornos; por mais que eu ainda não tenha as condições que eu mesma ache "apropriadas" para me envolver com alguém de novo; estou sentindo uma falta tremenda de estar apaixonada. Estou precisando me apaixonar de novo.
Poderia ser pela "pessoa". Facilmente. Mas a "pessoa" tem coisas com a paixão, não é o que ele quer e eu não vou ser doida de deixar que isso aconteça.
Sim, o princípio básico é predisposição para se apaixonar.
E, sim, a gente não manda no coração um sem número de vezes - eu sei.
Mas a gente pode manobrar as coisas e ter um acordo prévio de um relacionamento sem chances já é meio caminho andado para isso.
Mesmo que a pessoa seja realmente fantástica (e não veja) e você ache... Enfim, não vem ao caso.
Então eu preciso de uma pessoa nova.
Preciso de telefonemas de boa noite. De corações acelerados. De encontros fortuitos. De risadas cúmplices. De programas em casal. De beijos. De cheiros. De gostos. De histórias. De tudo.
Preciso e quero.
Anuncio com orgulho.
Me angustio é por pensar nisso.
Pensar aonde essa pessoa pode estar.
Quanto tempo ela ainda vai demorar.
Se eu vou ver ela chegar.
Se não vou deixar passar.

O amor é uma coisa muito complicada.

Né?

Hoje é um sábado à noite.
Inevitável que venha à cabeça que o Mundo está lá fora e eu estou aqui.
Inevitável que me ocorra aquela canção do Michael que diz: "I sit around, with my head hanging down, and I wonder who's loving you..."
Inevitável que esteja me sentindo solitária.
Fazia tempo que não me sentia solitária.
Tão solitária.

Eu ando, eu estudo, eu lavo, passo, cozinho, crio filha, pago conta, resolvo perrengue, eventualmente trabalho fora, leio, vejo filmes, saio, volto, viajo... Minha vida é até bastante boa, atribulada e satisfatória.
Mas são nos sábados à noite, sentada sozinha numa sala quente feito o inferno e cheia de insônia que pensamentos como estes ficam mais fortes, quase tangíveis.
O que me faz falta hoje, me faz falta já há bastante tempo, mas, às vezes, é só como aquele sapato que você não pode comprar.
Hoje, meu sapato virou item de necessidade básica.
Ainda que seja uma vitória para mim reconhecer essa mudança de status.