terça-feira, março 24

No Primeiro Dia Veio a TPM...

...E vieram dias em que eu chorava vendo trailer de filme, outros em que os hormônios estavam numa festa tão animada que eu resolvia ligar para SACs de empresas para tentar resolver problemas no meio da madrugada só para poder descarregar um pouco da tensão e poder dormir em paz, já que o Dormonid está em falta na farmácia lá de casa.
Em todos os dias, a sensação bem conhecida de solidão.
Mais uma vez, o desejo de mandar desligar pelo menos um dos meus telefones, já que as únicas ligações constantes que eu recebo ultimamente são da minha mãe.
A sensação conhecida de que meus problemas, apesar de para mim serem imensos, são menores do que os dos outros e de que havia sido muito incoveniente de procurar a ajuda de outra pessoa.
A sensação conhecida de saudade, muita saudade.
Uma saudade tardia que despertou um embate com a minha própria força de vontade.
Mais uma vez, eu venci.
Sensações conhecidas de abandono, de cansaço, da necessidade de uma outra pessoa por perto.
Me deu vontade de adotar um bicho de estimação de verdade, apesar de saber o tamanho da insanidade e do trabalho extra que isso me traria.
Me deu vontade de sumir, de aparecer, de dormir...
Dormir foi um prazer.
Nos sonhos, imagens e cores e pessoas não vistas a algum tempo.
Roteiros de amor, de suspense, de aventura.
Sonhei.
Ainda assim, muito menos do que gostaria.
Acordei e a festa acabou.
Metade das sensações não foram embora ainda - tenho uma dificuldade imensa de deixar de sentir as coisas.
Acordei e a guerra comia solta.
Voltou a vontade de ir embora - tenho uma dificuldade imensa de me livrar dela.
Acordei e agora espero o sétimo dia - para voltar a sonhar mais um pouco.

sexta-feira, março 13

De repente, o sol volta a brilhar!!!

Tudo começou numa manhã modorrenta em que a nossa brilhante protagonista, depois de deixar sua animada e bela filha no colégio, chegou em casa e reparou que ainda tinha algumas horas antes de ser obrigada a sair e enfrentar o mundo feio e malvado. Nada que valesse a pena o custo destas horas passava na televisão.
De repente, ela sentiu uma coisa que não sentia havia muitos e muitos meses. Foi até o quarto de hóspedes, que, ao invés de pessoas anda hospedando uma enorme e ameaçadora pilha de roupas limpas a guardar e passar (a pior parte do trabalho doméstico, segundo ela), pegou um punhado de folhas de papel em branco, pescou lá de um fundo bem fundo sua caixa de lápis de cor de estimação (ela a possui desde os 15 anos) e, na mesa da sala, se deu o milagre! Pôs para fora, em forma de desenhos, uma história que estava rodando a sua cabeça ha alguns dias. Ela desenhou, coloriu, apagou, rabiscou...
Era um milagre porque ela tinha costume de agir assim quando era uma adolescente - fazia uma boa soma de tempo, alguns namorados, uma filha, duas faculdades e uma casa que ela não coloria nada; muito menos botava pra fora alguma história absurda e fictícia. As histórias que ela faz, colore, guarda uns dois meses, depois rasga e joga fora e não deixa nunca ninguém ver, mas que lhe dão um prazer imenso e são uma coisa que é só dela - é bom que a gente tenha algo que seja só nosso na vida.
...E ela desenhou, coloriu, apagou, rabiscou, por horas a fio...
...Aí ela lembrou de um "livro para colorir para adultos" que ela tinha comprado quando nem adulta era e que nunca tinha colorido, mas tinha certeza que estava guardado em algum lugar. Bendita mania de não jogar as coisas fora e entulhar tudo o que possa vir a ter alguma utilidade! Achou.
E coloriu, rabiscou... Até que os olhos dela,que já não são mais os olhos que ela tinha, começaram a ver coisas duplicadas. Ela piscava os olhos, pingava gotinhas, fechava um e abria outro - tudo para enxergar mais um tempo e poder continuar - até não conseguir enxergar mais nada MESMO.
Resolveu se arrumar e sair para enfrentar o mundo sujo, feio e malvado que lhe esparava lá fora; grudada num livro. Não era um livro que ela de-ve-ria estar lendo - porque ela tem muitos livro que deve ler - era outro livro qualquer. E, mais uma vez, ela seguiu até a visão embolar.
Quando chegou aonde deveria estar, se animou, escreveu, questionou, debateu, sentou e trabalhou. Alguma coisa naquele dia estava diferente.
Ela sentia que depois de um longo período em que as coisas não andavam, de repente elas começavam a andar a novo. E com os passos, as cores. As letras. As idéias.
A alegria.

terça-feira, março 10

E daí?

Geralmente eu sou atacada pela Síndrome de Barbie Malibu (uma boneca que existia quando eu era criança que era bem morena e tinha os cabelos bem loiros e que ninguém mais lembra), mas, chegada aos 31, decidi aceitar que eu nunca vou ter o corpo da Barbie, os peitos da Barbie e, muito menos, os longos e loiros cabelos da Barbie - já que os meus andam ameaçando me deixar...
...Como a única coisa que eu realmente consigo adquirir no verão é uma pele morena de dar inveja a Sargenteli, troquei o nome da Síndrome, entoei "Garoto Maroto" e resolvi que, a partir deste verão, eu faço workshop é pra clone de Alcione mesmo, que é coisa nossa e ainda tem aquelas unhas decoradas enormes superestilosas.

***********************************

Aí, poxa vida, voltei de viagem abalada e pensando que eu realmente era um clone da Marrom. A dita civilização realmente me aborrece horrores já nos meus dias bons, num dia ruim e em que a minha pequena filha resolve padecer de otite num dia chave para resolução de um trabalhinho de colégio, foi demais para mim!
Minha casa estava andando sozinha, pilhas de roupa dominavam o planeta, a geladeira rugia tamanho o eco que a porta fazia quando ela era aberta.
Resolvi tirar a minha semana sabática do semestre.
Meu primeiro ato?
Me dar ao prazer de me render ao detergente em gel.
Do ponto de vista racional, custa o triplo do preço e lava a mesma coisa, então eu não preciso dele; mas o racional falou mais alto e eu resolvi comprar porque acho uma coisa linda de doer os olhos aquele detergente em gel brilhante! Ainda comprei num mercado bem caro que tem lá perto de casa porque, este mês, tirei a Alcione de campo uns dez minutos e gritei "Nunca mais carregarei sacolas pesadas de tão longe!" tal qual Scarlet O'Hara gritaria se tivesse que fazer compras longe, muito longe de casa e me dei esse luxo. Dane-se.
Sinal claro: se produtos de limpeza estão voltando a ser o meu ápice em termos consumistas, devo estar voltando ao normal muito em breve.

**************************************

Porque, sim, eu ando meio descompensada.
Não sei bem se é a TPM, se é o fato cósmico de sair na porrada com algum professor sempre no primeiro semestre do ano, se é porque a Claro é uma merda, se é porque a NET é uma merda, se é porque, finalmente, decidi sentir falta de ter um namorado...
...O lance é que eu descobri que ligar para o atendimento de empresas que te sacaneiam antes de dormir é um tremendo calmante.
No mais, a TPM costuma passar - até hoje sem incidentes graves.
E a falta... A falta também passa. Daqui a pouco eu paro com essas coisas de sentir saudades da pessoa errada, de implicar com a cama vazia e ter vontade de chorar por causa de lâmpada queimada.
Estou otimista!

**************************************

Meu otimismo, por sinal, começou a voltar quando eu fui ao cinema semana passada ver "O Leitor". Olha, a história é ótima, tudo aquilo e tal, mas o que me deu uma puta emoção mesmo foi perceber que a Kate Winslet tem um peito caído FEITO O MEU e um monte de estria no lombo FEITO EU um cabelo quebrado do inferno FEITO EU e uma ruguinhas nos olhos bisonhas - feito ela, que isso eu ainda não tenho.
Durante todo o início do filme, em que rola aquela coisa toda que você já fez algum dia na vida, eu só tinha olhos para estas coisas lindas. Além de ganhar o Oscar, aquela mulher era tão baranga quanto eu!!!
Em dias de baixa estima, nada melhor que isso!
Deve ter me feito tão bem, que, quando eu saí na rua de novo, tinha um monte de peão me olhando e eu nem tava com um abacaxi pendurado na cabeça!

***************************************

Não que eu realmente esteja otimista de novo.
Não que isso tenha adiantado de alguma coisa.
Mas, e daí, né?

quarta-feira, março 4

Procura-se um "S" Desesperadamente

Em Janeiro eu amava tanto que parecia que meu peito ia explodir.
Amava tudo e todo mundo, amava demais e a beleza das coisas todas chegava a doer.
Foi um surto de amor.

Em Fevereiro, todo esse amor em excesso foi embora.
Comecei a sentir um vazio no peito.
Uma coisa muito estranha...
As coisas ficaram mais cruas, desmistifiquei várias pessoas e várias coisas...

E as coisas continuam nessa "esquisiteza".
Pôr do sol foda dá vazio.
Eu sempre segui apaixonada ou sofrendo de amor, de repente não estar em paixão é um trânsito, uma lógica, completamente nova na minha vida.
Não sei se eu gosto dela, mas também não sei se estando assim estaria propensa a me apaixonar de novo. Fui atacada por um excesso de estudo teóricos, pensamentos, vidas sem graça, ruas sujas, barulhos... Sei lá...

No meio disso tudo, parece-me que Nancy abandonou Sid. Só tenho visto ele pela minha jardineira. Ontem pude até constatar que ele continua um caracol deveras estúpido que levou outra travada da janela na casa por estar estacionado em local proibido. Fiquei pensando nela...
Será que ela encheu a casa de ovinhos e se mandou para parir em paz longe daquele ser pegajoso? Será esta a lógica de reprodução dos caracóis? Afinal, porque ela deixou o Sid lá, sozinho, coitado?
Tão complicadamente humano tudo isso...

Olhei prum lado, olhei pro outro, e, tudo que existia para ser lido dentro de casa se resumia a coisas de estudo e histórias reais. Bateu um enorme desespero essa falta de romance até em papel na minha vida. Bateu uma urgência de alguma coisa estúpida qualquer para dar descanso a mim mesma.
Um Stephen King, peloamordedeus!!!
Na atual conjuntura até Sidney Sheldon seria muitíssimo bem vindo...
Um "S", eu preciso de um escritor com "s", capaz de escrever alguma coisa longa ao invés de um conto, uma história que me deixe esperando pelo próximo capítulo ao invés da próxima história, que escangalhe a minha coluna de uma vez por todas além do limite da dor que já anda me perseguindo fiel como um cãozinho, que me deixe feliz por só poder mastigar cenourinhas...!
Um "S"!!!

segunda-feira, março 2

Agora eu vou mimbora daqui, trabalhar debaixo desse sol escroto, se eu não carbonizar, com certeza vou voltar muito mais nobre.

...Já que estou transcrevendo diálogos...

...Como pude esquecer da frase chave da viagem?!?

Cenário: Ponto de parada na estrada, debaixo de uma cobertura cheia de ar quente por causa do sol que brilhava lá fora e fritava as coisas vivas que se arriscassem sobre ele.

- Mãe, pedei.
- Hein?!?
- Pedei.

Seguem gargalhadas e uma leve bronca porque mocinhas educadas não saem dizendo essas coisas por aí.

Dia seguinte, nova cena.
Cenário: casa de um amigo, churrasco rolando, sessão de fotos.
Descrevo a cena acima.

- Você entendeu errado, Renata, ela olhou em volta e tava era dizendo 'Mayday, mayday!'!

Adoro meus amigos!!!

Segunda-feira

Por si só já é uma coisa terrível.
Fora todo o trabalho que eu tenho para fazer, tudo o que eu tenho para ler, todo o esforço físico que me aguarda ante a eminência de levantar as ruínas da casa que esteve abandonada, é segunda-feira.
Mesmo sabendo que fechar as cortinas e pôr aquela paradinha de avião que tapa olho depois de horas de viagem e algumas chamadas madrugada adentro seria uma má idéia e certeza absoluta de acordar atrasada, escolhi ignorar os argumentos da razão e foi exatamente o que eu fiz.
E exatamente o que aconteceu.
Acordei atrasada, ainda cansada e com a disposição de uma entrevada.
Meu sono foi tão pesado que mais pareceu um cochilo.
Lá fora, um sol rascante, que só era bonito quando eu estava fazendo meu workshop pra clone de Alcione...

- Ai, droga! Que sol é esse?!?
- Mãe, ele tá brilhando pra dizer olá...
- Ahn?!?
- É porque a gente voltou e ele tá dizendo "olá, Olívia!", "olá, Renata!"!
- Tudo bem, mas ele podia brilhar com menos força um pouquinho, não podia...?

Mais uma volta

Mais uma semana de viagem - graças a Deus e à econômia doméstica.
A volta pra casa sempre se repete...
Apesar da saudade dos meus caracóis e plantas, a paisagem e as casas que passam lá fora simbolizam tantas coisas que eu ainda quero que me dão uma dó imensa de voltar...
A "civilização" me esperava de braços abertos.
De saída houve um atraso de 20 minutos. Aparentemente o motorista só tirou o carro da garagem cinco minutos depois da hora em que ele deveria ter saído da rodoviária, mas tudo bem... Visto que a vida no interior é mais descansada... Tentava-se manter o bom humor, bastante abalado ante a perspectiva de uma segunda-feira de trabalho na cidade grande em troca de dias de sol na beira da piscina e churrascos sobre o céu estrelado; mas este nos deixou definitivamente quando havia uma parada em cada esquina de uma pequena cidade e nosso guia e guardião teimava em ultrapassar pequenos veículos em estradas de mão dupla.
Na ponte, uma esperança.
No desembarque, ninguém por perto para pegar as bagagens de um ônibus que chegou atrasado em uma hora "graças a Deus", como bem me disse o motorista, porque haviam muitos ônibus chegando - ainda que os carregadores estivessem batendo um papo muito animado sobre jogos de futebol ou coisa que o valha. Uma fila monstruosa e barulhenta para conseguir pegar um taxi (onde a menina do voucher ficou sem resposta ao me perguntar se havia bagagem; tão mecânica e treinada que tem a pachorra de perguntar algo assim a alguém munido de criança, mala de rodinhas e mochila de camping) seria nosso último obstáculo se não fosse chegar na minha esquina e encontrar alguns guardinhas municipais desviando o trânsito por causa de um bloco de carnaval - que, eu podia jurar, já havia acabado há pelo menos 5 dias - que me dão as boas vindas com um "vai ter que ir a pé".
Já voltei praguejando. Consegui fazer passar o taxi. Andei atrás do bloco um tempo a pedido da criança e em busca de comida. A idéia de viajar sem arrumar a casa e deixando a geladeira vazia mostrou-se um fiasco - a visão do caos e do vazio até dentro do meu ninho também me deu vontade de sair correndo.
Cheguei assim, querendo sair correndo.
De novo.