segunda-feira, março 29

Primeiro Dia do Resto da Semana

Segunda-feira é aquilo: vamo lá minha filha, não respira, não pensa, corre e segue em frente.
Ontem nasceu um bebê: fiz visita virtual.
Segunda não dá.

Pensei, corri, mastiguei sanduíches sem graça, fiquei com uma puta dor nas costas, mandei matéria, resolvi voltar pra faculdade (segunda eu vou, volto, vou e volto de novo) ouvindo metal bem metalzão pra relaxar.
Foi rápido hoje.
Quase indolor.
Essa coisa de aula à noite eu detesto.
Sou assumidamente cagona - de uns 10 minutos pra cá, mundialmente.
Tipo, "não pode ter medo na hora de fazer matéria", "cara, na boa, porque vc acha que eu gosto tanto de livro? Não me bate, não me aporrinha..."; assunto pra outro post.
O que eu mais odeio, aliás, é essa coisa neurótica de guerra da vida das grandes cidades.
Tenho pavor de morrer mal matada.
Então, odeio ter aula de noite e ter que voltar sozinha pra casa pelas ruas escuras e despovoadas (de pessoas de bos estirpe, claro).

Hoje eu estava feliz, porém.
Sobrevivi a mais uma segunda-feira.
Completa.
Academia, as duas aulas, trabalho, mercado, fogão.
Serviço top de linha.
Professor ainda me liberou uma hora e tal mais cedo e eu consegui vir sentada no ônibus, antes da chuva e a tempo do seriado da tv!

Aí, alguma coisa deu errado no Mundo.

Enquanto eu esperava o sinal fechar para atravessar, parou uma patrulhinha.
Da  patrulhinha saltaram dois policiais, de arma na mão, que atravessaram a rua.
Eu recuei.
Eles abordaram dois caras do outro lado da rua, um apontando a arma de um lado e outro de outro, se os caras saíssem da frente, eles iam se atirar.
Eu recuei mais.
Os quatro, então atravessaram a rua, onde os policiais revistaram os dois rapazes.
Quando eles guardaram os revólveres, resolvi atravessar bem rapidinho e sair batida numa encarnação da Formiga Atômica jamais imaginada pelo ser humano.

No meio da minha corridinha desajeitada, comecei a perceber que o gordo que devorava um sanduíche na lanchonete da esquina, continuava limpando a boca. Que outras pessoas tinham atravessado a rua normalmente enquanto tudo isso se desenrolava. Que o povo da casa de sushi continuava se entpindo de peixe crú. Que o pagode continuava comendo solto no pé sujo da galeria.

Lembrando bem, quando eu recuei da primeira vez, um dos guardas me olhou recuando e fez uma cara feia.
Devo ter parecido tão suspeita quanto os dois rapazes.

Eu percebi que aquilo só tinha incomodado uma pessoa.
Percebi que eu que estava fora de lugar.

Eu...?

Nessas horas a cidade me entristece.
E, não sei, não, mas, terminar uma segunda-feira perfeita desse jeito me parece muito pouco auspicioso...

(Tô quase rezando pra cair o maior temporal de março até às 16h preu não ter que sair de casa pra nada amanhã.)

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