quarta-feira, dezembro 27

Coisas para guardar - II

Um belo Conto Moderno

"King Kong". Direção: Peter Jackson.

Diretor de cinema decadente leva uma equipe a uma "ilha deserta" e inexplorada a fim de realizar seu melhor trabalho.
Neste "remake" da versão de 1940, mais uma vez, Peter Jackson mostra porque é um dos diretores mais badalados dos últimos anos. Sua direção é primorosa. Jack Black, aqui conhecido por atuar, por assim dizer, em comédias de qualidade duvidosa em tipos toscos e grossos; está quase irreconhecível no papel do cinestra sem escrúpulos e trambiqueiro Ed, que rapta sua equipe a uma ilha amaldiçoada e virgem para a filmagem de sua grande obra-prima. Naomi Watts se encaixa bem no perfil de mocinha branquinha, delicadinha e ingênua que o filme pede.
Da primorosa imaginação de Jackson, nasce todo um universo particular; desde a tal ilha em questão (que descobre-se não ser tão abandonada assim), como o personagem título do filme. Nesta versão, um ser de olhar e sentimentos humanos e humanizados.
A história que se segue é justo a descoberta de que a ilha não é abandonada e seus habitantes resolvem sacrificar a mocinha ao Grande Macaco, que acreditam ser uma espécie de Deus a ser agradado.
Cenas de realismo fantástico recheiam o filme. Muito difilmente um ser humano de verdade sobreviveria sem seqüela nenhuma às corridas dentro da mão do macacão como nossa mocinha, insetos tão gigantescos são capazes de sucitar pesadelos mortais em pessoas como esta que vos escreve, e por aí vai.
Mas convém se prender mais, por exemplo, ao desejo - à ganância - de fama e dinheiro que move o cinestra ao longo do filme, sacrificando a tripulação do navio e de sua equipe e rompendo várias barreiras morais e éticas para atingie seus objetivos.
O maior triunfo de "King Kong", porém, é ser uma das mais belas histórias de amor dos tempos modernos. O tema clássico da bela apaixonada por uma fera que possui toda sua vida revirada do avesso por causa deste amor.
Em tempos e em contos de fadas modernos, de qualquer forma, o final não é feliz, mas dá não só muito pano para manga como um belo filme.

(sem data, algum momento de 2006)

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