quarta-feira, junho 1

Exemplo de approach.Há uns quinze dias atrás resolvi ir num show de uma banda que eu gosto muito, muito, muito.
Não tinha companhia, nem dei bola e fui sozinha.
Eu parto do princípio de que a) sou solteira, logo, é isso aí, b) não nasci grudada em ninguém, c) sou de maior e vacinada. Qual é problema, né?
Quando eu pergunto, a resposta unânime é : nenhum.
No entanto, não é assim que a humanidade acaba vendo isso.
E digo humanidade justamente porque aqui eu falo tanto de homens quanto de mulheres.
Enquanto esperava o início do show, encontrei uma conhecida que ia para outro lugar e logo ouvi: "Nossa! Fez a louca e veio sozinha mesmo?!?".
Louca? Hein?
Depois disso, foi ladeira abaixo.
Porque aí começaram os homens.
Os homens tem por hábito achar que mulher que sai sozinha está querendo dar pra alguém.
Então vamos esclarecer: não é fato.
No dia em questão estava tranquilona, tinha deixado pra trás problemas, visões que chegaram a passar bem na minha frente, estava lá curtindo estar sozinha e para ver o show.
Sabia que encontraria outras pessoas (e encontrei), mas o primordial era ver o show.
E lá vem o primeiro...
"Tá sozinha?"
"Tô."
"Posso te fazer companhia?"
"Não, obrigada."
(Nota: Antes que alguém venha falar que eu reclamo que não estou sem namorado e saio rechaçando pessoas novas, vale adicionar que os caras aqui citados realmente não faziam meu tipo.)
"Mas, você está sozinha, deixa eu te fazer companhia..."
"Não obrigada, tô bem assim."
A variação da coisa era: por que você está sozinha, gata?
Seguia sempre uma feição que misturava pena com "vou te comer, ganhou pra hoje".
Ai, me libera.
A cena aconteceu umas 3 vezes pelo menos.
O primeiro passo é estimular a pessoa, sentir pena dela não tem nada a ver.
Até porque não existe nada do que ter pena. Gostar de sair sozinho é muito bacana, viu?
Eu gosto. Nem sempre, mas gosto. Vou a shows, cinema, teatro, boate...
Geralmente é na boate que a louca lá de cima pega.
As pessoas simplesmente não aceitam que você possa ir a uma boate sozinha, ficar hooooooooras dançando sozinha e achar aquilo divertido.
Faço muito, viu?
Acham logo que você é louca (já ouvi em alto e bom som, uma vez uns playboyzinhos até ficaram me cutucando o que foi altamente irritante) ou está bêbada de cair - essa última parte às vezes confere, mas nem por isso torna o ato de dançar consigo mesmo menos divertido.
Então, approach.
O olho, a conversa, a dança, eu preciso querer não ficar sozinha - e muitas vezes eu quero, sim.
Precisa melhorar...
Precisa melhorar isso aí.

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