quinta-feira, junho 2

E sabe do que mais?
Filho crescendo tem seu lado jóia, mas devo confessar que ando deprimida a valer com isso.
Os dentes estão caindo, mas não foi isso que fez com que constatasse meu declínio...
Foi essa coisa dela estar começando a ler, que tem sido uma facada - daquelas que nego gira a faca pra abrir mais o buraco e não dar pra consertar - no meu coração de mãe.
Óbvio que é incrível que ela esteja começando a ler e curiosa e feliz com isso.
A paixão pela leitura definitivamente vai ser um dos meus maiores presentes pra ela.
Mas é que caiu a ficha de que ela está, de fato, crescendo.
Que, daqui a pouco, não vai mais precisar de mim.
Que as noites de leitura na cabeceira da cama estão com os dias contados.
Quando eu percebi isso, deu uma tristeza tão grande...
Pra arrematar, outro dia o pai dela veio buscar ela em casa, e quando eu me levantei, ela já estava vestida, penteada e de bolsa pronta - tinha feito tudo sozinha.
A independência do filho dói.
A gente pare e cria sabendo que um dia vai ser o maior mico agarrão de mãe no colégio, que muitas portas ainda vão bater na casa e que gritos de "eu te odeio, você arruína a minha vida" ainda serão ouvidos.
Que um dia, ela vai conhecer um fulano (ou fulana) qualquer que vai quebrar o coração dela em 10mil pedaços...
Que a convicção de que quer morar comigo até a morte vai sumir rapidinho daqui a uns anos...
Mas quando o processo começa - Nossa!
Como dói, como dói, como dói...
Criar um filho é estupidamente diferente do que as pessoas dizem que é.
É difícil.
É divertido também.
Mas assim como ninguém me contou como era de verdade antes, desconfio que ninguém vá me contar como faz de agora em diante...
Ontem eu li num livro que a gente procria e depois disso não serve mais pra nada; e eu tô começando a me sentir assim.
Claro que é uma glória ver esse amadurecer, esse crescimento; mas no que ela cresce, como eu faço?
É muito bonito, mas não tem a menor graça...

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