quinta-feira, janeiro 28

Me, Myself e Eles

"Você precisa arrumar um namorado. E logo."

Diagnóstico de amiga.

Pensei, pensei, e lá fui no dicionário:
Precisar - v.t. e v.i. Ter necessidade de, carecer. / Determinar, indicar com exatidão. / Ser pobre, passar necessidades.

Tendo em vista a primeira definição da palavra, que, creio eu, seria a mais indicada para interpretar a frase fatídica, eu diria que não.
Eu não preciso arrumar um namorado.
Muito menos logo.

Não sou contra os namorados, entendam bem.
Namorados são muito bons - ou deveriam ser; se bem que já tive um que não era, mas isso nem vem ao caso - para todas as formas de sexo que você possa gostar ou querer, são bons para assistir filminho debaixo das cobertas quando está frio e você está doente e eles estão se sentindo bondosos (ou fizeram alguma cagada que você ainda não descobriu e querem ficar com a consciência limpa), são bons... Sei lá pra que eles são bons, faz muito tempo que tive um desses e já esqueci.

De toda forma, um namorado seria uma coisa ótima nessa época universo pós apocalíptico que se tornou a minha vida nos últimos meses, para fazer um cafunézinho (isso eles fazem, eu acho) e trocar todos os móveis de lugar pra mim (ontem chegou aqui uma nova estante que eu batizei apropriadamente de "O Monstro") enquanto eu me concentrava em passar as roupas ou terminar de ler meu livro.

Acontece que namorados não são tão fáceis de arrumar.
Não existe

"Renata, eu vou no mercado, quer alguma coisa?"
"Traz um namorado pra mim? Assim, bem peludinho, tá?"


Ou

"Me dá um barrigudinho daquele ali e um japinha também. Nunca tive um japinha, vou provar!Dá pra botar uma barbinha?"

Não vende em mercado, meu povo!
Não tem na Uruguaiana!

Tem que ter olhar, climinha, vários encontros...

A parte do sexo realmente faz uma certa falta, em tempos áureos eu já teria recorrido ao "caderninho"; acontece que depois de um tempo "caderninhos" não são mais tão legais - aqueles caras lá não querem te namorar, nem cogitam a possibilidade de você vir a ser qualquer coisa relevante na vida deles, muito menos querem ser na sua. E, depois da crise de abstinência, você passa a focar em outras coisas, percebe que não morre disso, e a coisa deixa de ter a importância que você sempre deu a ela.

É uma parada que não dá em árvore, não rola com qualquer pessoa e não se resolve "precisando".
Eu não entrei nem no lado ruim da coisa como eu me lembro, mas, no sentido da palavra, não, eu não preciso.
Precisar eu preciso de dinheiro, de uma escada, de almofadas novas, de revelar fotos, emagrecer, ficar boa de vez, parar de fumar, de conseguir tempo pra terminar minha monografia tão bem quanto comecei sem ter um treco, de um novo escorredor de louça, de mais livros, mais shows e mais cds, de roupas novas, um carrinho de feira...

Carente todo mundo é - em menor ou maior escala - mas, depois de um longo e tenebroso inverno, pela primeira vez em muito tempo, finalmente eu descobri que eu me basto.
E que eu tô bem me fazendo companhia.

(Depois que eu arrastar a casa, então, as chances de precisão vão diminuir drásticamente.)

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