sexta-feira, janeiro 29

Bad Mamma

Essa semana minha anda empenahada em detonar minha imagem de mãe zelosa e responsável.

Ela aprendeu a usar o telefone, então, como toda boa mulherzinha, quando ela fica entediada, passa a mão do aparelho e começa a ligar para as avós programadas na discagem rápida.

O primeiro telefonema foi para anunciar ao mundo que eu havia "sapecado" as salsichas dela.
Era um dia daqueles, eu corria de um lado pro outro feito uma alucinada, o pensamento já não estava lá essas coisas e as salsichas ficaram só um pouquinho queimadinhas - até gostosas; mas lá foi a criança anunciar que, não só eu havia queimado o almoço, como ainda tinha dado o almoço queimado para ela comer.

O segundo veio no dia da chegada d"O Monstro".
Como eu passei metade do meu dia por conta da estante que não chegava nunca e tendo piripaques de terror cada vez que o homem do frete ligava dizendo que ela era enorme e que dava muito trabalho montar e que...enfim, tive que trabalhar de noite em coisas urgentes.
Eis que bate o tédio na criança, ela liga para a avó e manda:
"Eu não posso entrar no quarto porque a minha mãe tá trabalhando."
Imediatamente fui remetida àqueles filmes em que criancinhas são criadas por mães malvadas com aquela cara de Courtney Love luxo que se prostituem em troca de uns poucos dinheiros para comprar birita e engendram os futuros psicopatas do planeta.
Não é este o meu trabalho, que isso fiquei claro.

Finalmente, agora a pouco, o golpe de misericórdia.
Como já dizia a minha mãe, uma criança, com uma escadinha, ganha o mundo.
No caso da Olívia, a escada foi substituída por uma cadeirinha e um baú, estrategicamente colocado debaixo da janela do quarto dela.
Ela descobriu que pode subir no baú (e pode mesmo já que ela ainda é levinha e o baú é de uma madeira boa) e abrir a dita janela e ficar espiando lá fora a vida dos vizinhos. Para ela é uma conquista, uma glória. E eu não me preocupo primeiro porque nós moramos no térreo - uma precaução de minha parte quando nos mudamos, exatamente para evitar futuros aborrecimentos - depois porque existem sólidas grades nas janelas, ou seja, dali ela não cai, e, se vier a cair, não morre.
Então, desta vez ela falava com o pai enquanto espiava a vida besta do gato e dos garotos que jogam bola ali lá fora:
"Ah, eu tô na janela. A minha mãe não liga."

Ou seja, eu alimento ela de comida queimada, trabalho trancada num quarto onde ela não pode entrar e ainda dou força pra criança se pendurar na janela.
Que tal?
Nice, filhota, very nice...

Das duas uma, ou eu vou precisar de um conselheiro de imagem ou um advogado...

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