quinta-feira, julho 8

3 Momentos

Eu estava sentada na minha cama, curtindo um momentozinho pós banho, peladona, pensando na vida.
Aí eu vi um daqueles elefantes voadores que habitam a minha casa na minha área.
Num momento daqueles que a gente não sabe explicar bem (ou uma vaga lembrança do passado), eu pensei:
"Pô, cara, não me morde, não... Vai aumentar meu karma, me deixa em paz..."
E, exatamente no momento em que um pontinho começou a coçar na minha cintura, me ocorreu. Os mosquitos estão cagando pro meu karma!
O deles é muito pior.
Mosquito não passa de um vampiro de décima categoria.
Voa, chupa sangue pra viver e morre de porrada ou veneno.
Tá certo ele de morder mesmo.

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Andando na rua recebi um folheto: "Mãe coisinha de sei lá o quê. Trago seu amor, blablabla, feitiço duradouro por 7, 14 ou 21 anos, blablabla, resolvo seus problemas financeiros."
Como eu ando preocupadíssima com grana, essa história de resolver problemas financeiros me chamou a atenção.
Se elas resolvem os problemas dos outros, por quê precisam contratar umas pessoas com uma pinta meio, digamos, pobre, para distribuir panfletos em papel de má qualidade na rua? Por quê elas não ganham na loteria, no jogo do bicho e resolvem os problemas delas? Porque, se uma pessoa pode resolver problemas financeiros, deveria começar pelos dela, não? E uma pessoa que ganha na loteria não precisa ficar distribuindo santinho na rua e atendendo um bando de desesperadosem muquifos pobrinhos pra "ajudar" nos problemas deles, precisa?
E aí eu prestei atenção nos múltiplos de 7.
Na boa, feitiço com prazo de validade?
Você vai lá, pede pro Zé Ruela voltar, sabendo que ele vai embora quando der 14 anos de vida em comum, pêlos na pia e cuecas lavadas?
E no fim desse tempo? O cliente pode fazer renovação?
Eu, se quisesse fazer alguma assim, certamente não ia querer mercadoria usada de volta e ainda por cima com prazo de validade...
Já pensou o SAC?
"Mas ele disse que tá indo embora, que não me ama mais!"
"Bom, minha filha, você teve 14 anos pra fazer o sujeito se apaixonar por você... A responsabilidade por isso não é nossa, a gente avisou que só valia 14 anos. Quer renovar?"

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Então fim de tarde, dia de TPM.
Você briga no trabalho, está cansada, matou a academia, comeu chocolate, a casa tá caindo, preocupada com uma porrada de coisa do futuro (Ah! O futuro!) e esbarra com uma vizinha.
Você já sabe da sua vida.
Está ciente que o mar hoje não está pra peixe e quer mais é mandar o mundo se foder.
Ela está com cara de quem andou chorando.
Vocês se esbarram e...
"Oi! Tudo bem?"
"Tudo!"
Afinal, não tem o menor cabimento cumprimentar uma pessoa que mora quase que no mesmo espaço que você respondendo "Não, tudo uma merda.".
Mas, sei lá, talvez desse samba...
"Não, tá tudo uma merda."
"Ai, cara comigo também."
E blablablabla...
Podia nascer uma revolução bonita disso...
Não podia?

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