domingo, março 11

Ready again

Foi um longo fim de férias.
Cansativo em todas as suas cores e possibilidades.
Em muitos momentos, angustiante.

(Já pararam para pensar na angústia? No quê ela é? Como ela vem e vai, vem e vai...?)

O período fora, é período fora.

Cada vez mais, o que passou, passou.
Cada vez mais, eu não gosto de lembrar de coisas passadas.
Ver fotos antigas.
Lembrar conversas e acontecimentos.
Certas lembranças são dolorosas e dor é um sentimento desnecessário.
Aquilo que foi feito no segundo passado jamais poderá ser desfeito; com sorte, melhorado (ou piorado), talvez até remendado. Desfeito, nunca.
Eu e minhas "coisas" doidas.
De alguma maneira, o conceito de não carregar sentimentos negativos se enraizou no meu ser de tal forma, que virou isso aí.
Não gosto mais de lembranças.

Descobri semana passada, também, que estou virando uma velha ridícula.
Depois de tanto assistir - sorver - filmes de terror japonês ao longo do ano passado, de repente me vi na seguinte situação: estava eu no paraíso; em casa, sem mãe nem criança, sem compromisso e resolvi que ia tomar um longo banho de banheira. A banheira começou a encher, eu entrei e fui assaltada por um pânico absolutamente surreal, uma certeza quase absoluta de que alguma coisa ia aparecer lá dentro do meu banho ou que alguém ia me agarrar por trás - as cenas clássicas. De nada adiantou me xingar mentalmente e tentar me convencer de que nada disso ia acontecer, tive que sair da banheira.
O que faz de mim uma velha ridícula.
Extremamente ridícula de resolver ter medo de tomar banho sozinha a essa altura do campeonato.

De qualquer forma, nem foi sobre isso que eu vim escrever.
Não foi o que me fez voltar.

Foi a angústia de novo.

Já fazem uns dias que eu prestei atenção em algumas coisas.
Ando pensando em algumas coisas.
Coisas do meu já tão maltratado coração.

O fim do último "relacionamento" foi o mais doloroso que eu tive nos últimos dois anos. No início, eu nem me dei muito conta disso, já andava adepta de ser inimiga do passado, então resolvi tentar de novo. Mas me relacionar, fazer aquela dança do acasalamento que eu tanto detesto e levo tão pouco jeito e tenho tão pouca paciência, beijar outra boca, estar com outro corpo não me caiu bem. Não parecia certo. Não era o que eu queria. Ainda mais quando o meu peito pedia por uma pessoa que eu já não podia ter.
Então eu me fechei.
Resolvi respeitar meu próprio luto e meu próprio tempo.
Durante esse tempo, apenas uma outra pessoa pôde se aproximar um pouco mais de mim. E isso estava ok. Está ok.
Mas tem uns dias já que eu percebi que o luto acabou.
Que, por mais que a lembranças me venha de vez em quando, que o medo permaneça e tenha tomado novos contornos; por mais que eu ainda não tenha as condições que eu mesma ache "apropriadas" para me envolver com alguém de novo; estou sentindo uma falta tremenda de estar apaixonada. Estou precisando me apaixonar de novo.
Poderia ser pela "pessoa". Facilmente. Mas a "pessoa" tem coisas com a paixão, não é o que ele quer e eu não vou ser doida de deixar que isso aconteça.
Sim, o princípio básico é predisposição para se apaixonar.
E, sim, a gente não manda no coração um sem número de vezes - eu sei.
Mas a gente pode manobrar as coisas e ter um acordo prévio de um relacionamento sem chances já é meio caminho andado para isso.
Mesmo que a pessoa seja realmente fantástica (e não veja) e você ache... Enfim, não vem ao caso.
Então eu preciso de uma pessoa nova.
Preciso de telefonemas de boa noite. De corações acelerados. De encontros fortuitos. De risadas cúmplices. De programas em casal. De beijos. De cheiros. De gostos. De histórias. De tudo.
Preciso e quero.
Anuncio com orgulho.
Me angustio é por pensar nisso.
Pensar aonde essa pessoa pode estar.
Quanto tempo ela ainda vai demorar.
Se eu vou ver ela chegar.
Se não vou deixar passar.

O amor é uma coisa muito complicada.

Né?

Hoje é um sábado à noite.
Inevitável que venha à cabeça que o Mundo está lá fora e eu estou aqui.
Inevitável que me ocorra aquela canção do Michael que diz: "I sit around, with my head hanging down, and I wonder who's loving you..."
Inevitável que esteja me sentindo solitária.
Fazia tempo que não me sentia solitária.
Tão solitária.

Eu ando, eu estudo, eu lavo, passo, cozinho, crio filha, pago conta, resolvo perrengue, eventualmente trabalho fora, leio, vejo filmes, saio, volto, viajo... Minha vida é até bastante boa, atribulada e satisfatória.
Mas são nos sábados à noite, sentada sozinha numa sala quente feito o inferno e cheia de insônia que pensamentos como estes ficam mais fortes, quase tangíveis.
O que me faz falta hoje, me faz falta já há bastante tempo, mas, às vezes, é só como aquele sapato que você não pode comprar.
Hoje, meu sapato virou item de necessidade básica.
Ainda que seja uma vitória para mim reconhecer essa mudança de status.

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