terça-feira, março 20

Óbvio

Eu ando ficando tão boa em auto diagnóstico que eu deveria também começar a ponderar porque cargas d'água eu continuo pagando minha terapeuta...

É simples.

O ano - o meu ano - finalmente começou.

Metida que eu sou, peguei matérias bastante trabalhosas e um bocado avançadas na faculdade. Nada que muito trabalho não vença, mas ainda assim, trabalho.
Muito.

Eu gosto de bastidores.
Amo fazer as coisas, trabalhar por elas, mas não gosto de aparecer.
De repente me escalaram para aparecer.
Okay, ser locutora de rádio não é exatamente exposição de figura.
Okay, fato já percebido anteriormente, os locutores com as vozes mais fantásticas não são lá as maiores beldades.
Eu muito me espantei, visto que já ouvi minha voz gravada e não gostei.
Não gosto da minha voz.
Mas também não tenho nenhum poder decisivo real nessa questão.
Ouço e obedeço.

Na outra aula, "ganhei" um professor tão bom (ególatra, mas bom) que sinto uma necessidade incrível de mostrar àquele sujeito o quão boa e inteligente eu posso ser.
Transferência.
Dispendiosa e trabalhosa.
Mas, que faz de mim alguém necessariamente melhor do ponto de vista intelectual (sem kant, hein!).

As pendências judicias continuam e são um saco.
O tipo de coisa que me faz pensar como seria bom voltar a ser criança.
E, na maioria do tempo, isso é uma tremenda inverdade.
Ser adulta tem lá as suas vantagens.

Pela primeira vez desde que a Licas nasceu, comecei a correr atrás, aceitar e fazer alguns pequenos trabalhos. De verdade.
Nada genial, nem que nos sustente com louvor - ou sem louvor - mas ainda assim, trabalhos.

Fisicamente, ando bastante insatisfeita comigo mesma.
O cabelo não está curto, não está grande, não está com a cor certa.
O rosto, volta e meia tem espinhas - ainda que minúsculas.
A ocupação espacial só faz aumentar.

Tem dois meses que eu espero uma consulta com um cara que deve ser o Rei da Cocada Preta das dietas, que está marcada para semana que vem.
Isso me deixa tensa.
Nesse meio tempo, apelei para um chá, que era ótimo, mas que eu não tenho mais tempo de tomar porque passo o dia na rua agora e o tal chá maravilha é laxante.
Fui me inscrever na Curves e a filial perto da minha faculdade ainda não foi inaugurada.
Tinha acupuntura marcada e o médico não foi.
É um complô.
Eu fiz todo um plano, pela primeira vez na minha vida, de que tenho que estar alguma coisa mais magra no dia do meu aniversário.
Daqui a quatro meses.
Quando os 30 anos chegarem e me arrebatarem.
Daqui a quatro meses, eu preciso de um par de calças que me caiba decentemente.

Meus dias começam de manhã bem cedo agora e terminam bem tarde.
Em muitos dias, o máximo que eu consigo dormir é 4 horas por noite.
Tudo bem adulto.
Tudo para que eu consiga ler tudo que preciso, ver tudo que preciso, preparar tudo que preciso, trabalhar no que me comprometi, cuidar da minha filha sem ser relapsa.

E aí, eu me pego pensando em rapazes.
Rapazes genéricos.
Rapazes.
Que eu bem quero e bem preciso.
Preciso porque acho que mereço ser premiada, recompensada pelos meus esforços, por assim dizer.
É o básico do meu modus operandi quando as coisas ficam demais.

Mesmo me sentindo num dos meus piores momentos comigo mesma, não é que as oportunidades têm aparecido? Elogios e oportunidades.

Nada muito digno de nota, se não fosse isso: eu não ando gostando de mim, mas outras pessoas andam.

Entelinhas e diagnósticos?
250 só nesse texto confuso.

É tudo muito óbvio, na verdade.

Quase como que noticiar que as crianças do Iraque têm pesadelos com a guerra.
(Isso foi notícia no jornal hoje. Faz parte de novo do meu dia ler jornal todos os dias e ter que me deparar com uma coisa dessas...)

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