terça-feira, maio 5

Sadomasoquismo

Completamente psicótica dentro do meu novo vício, eis que veio mais um feriado. Decidi aproveitar o quarto feriado seguido da melhor maneira possível: ia me esparramada na poltrona do quarto, lendo mais um novo livro e curtindo com toda a força do meu ser a gripe que estava tentando me derrubar há duas semanas.
E, psicoticamente, passei o dia anterior ao novo feriado – que ganhei de folga de presente de uma professora malvada que não gosta de orientar monografandos – esparramada na poltrona, coberta até o pescoço, com um lencinho pendurado no nariz (cara, fumar com o lenço no nariz, além de perigoso, se mostrou uma proeza muito mais complicada do que eu achei que seria!), terminando o livro em curso para poder correr até a biblioteca e pegar outro que o pudesse substituir ao longo do feriado propriamente dito.
Meu estado quando consegui ir à rua era tão lastimável que não parava de passar pela minha cabeça que seria justo naquele dia que eu provavelmente encontraria “aquele cara”. Não foi. Mas eu também pensei bastante em atacar as pessoas à espirros se elas continuassem esbarrando em mim...
Como eu estava muito determinada (psicótica) a pegar mais um livro na brincadeira da biblioteca, ignorei a razão, os apelos dos livros que já são moradores da casa e peguei outro livro de mulherzinha da mesma autora. Achei que seria bom. Divertido.
Eu gosto. Sou entusiasta da literatura de mulherzinha, de verdade. É bom saber que eu não sou a única mulher otária, histérica, sentimentalóide e ridícula do planeta; mas é o tipo de sabedoria que só deve usada com parcimônia – em casos de falta de crença na humanidade gravíssimos.
Tudo bem, eu ando com uma falta de crença na humanidade gravíssima.
Não anda tão ruim como andava antes do primeiro livro, mas ler o segundo foi overdose. Sim, sim, todas as pessoas são sacaneadas, todo mundo termina relacionamento e encontra outra pessoa e não morre jogada às traças a não ser que queira, todo mundo é otário e sentimentalóide (até quem esconde bem); mas duas histórias onde tudo termina certinho com a mocinha nos braços de um tremendo homenzarrão (*&%$) foi demais pra mim!!!
Quando terminei o livro hoje percebi que havia exagerado, que essas coisas só podem ser lidas pela minha pessoa uma vez a cada seis meses, quatro se a barra estiver muito pesada. Ler um atrás do outro me fez vontade de voltar a ler sobre o Oriente Médio, sobre histórias de terror sanguinolento, massacres e pessoas infelizes. Nem nada do aconteceu no final de semana serviu para me consolar de que desta vez eu realmente havia passado da linha.
E com isso, foi-se a psicose.
Devolvi o livro e não peguei nenhum outro – se bem que talvez pudesse ser uma experiência sociológica interessante, saber como me comportaria ao final de um terceiro romance açucarado écati – virei as costas e fui mimbora pensando em bombas, baratas, sangue, sangue, sangue!!!
Definitivamente, meu lado mulherzinha tem um lugar muito definido em mim mesma para me fazer acreditar que tais coisas são passíveis de acontecer e eu talvez devesse me sentir mais feliz por estar viva neste mundo imenso cheio de possibilidades maravilhosas; sou muito sadomasoquista pra isso.

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