terça-feira, abril 28

Meu Novo Luxo

Uma das conseqüências de ser uma moradora de Botafogo, além de estar rodeada, afogada, sufocada de cinemas por todos os lados, graças a Deus, é que passei a utilizar o metrô como forma de locomoção preferida.
Preferida em todos os termos da palavra - até para a observação da flora e fauna locais.
Sem entrar no mérito caótico da coisa (só o vagão de mulheres, por exemplo, merecia tese de mestrado!), metrô é uma das invenções mais geniais da nossa era. Minhoquinha gigante embaixo da terra. Vuuuuuuiiiiimmmmmmmm!!!
(Vocês vão ter que me desculpar; estou gripada sob o efeito de remedinhos, posso alucinar um pouco.)
E então, eis que chega ao Rio de Janeiro a melhor invenção que o metrô já inventou e que já existia no reino tão, tão distante de São Paulo: a biblioteca do metrô!
O lance é que o primeiro posto era lá na estação lá longe da Central, Praça Onze, um lado distante desses que a Madame Zona Sul não freqüenta nem por acidente.
Mas, como eu não devo ter sido a única pessoa do mundo indisposta a mudar o itinerário e ir dar uma voltinha lá na Zona Norte só pra pegar um livrinho de grátis, o povo teve a sapiência de inaugurar mais um posto aqui do ladinho, na nossa amiga e bombadona Estação Siqueira Campos!!!
Fui lá, olhei, cheirei, namorei... Durante meses...
Só folhetinho descritivo de todas as coisas e papéis que a pessoa precisa pra ter a carteirinha eu devo ter pego umas 3 vezes...
Enfim, com a crise e o meu momento astrológico combinados, tomei coragem, xeroquei todas vias de papéis (depois de levar um tempo descobrindo aonde eles estavam, claro) e encarei meu cadastro.
Mais que o meu cadastro: meu e da Olívia!
Apesar de todos os obstáculos colocados pelo povo, eu venci!
Uma semana depois, carteirinhas na mão (aliás, estou morrendo de vontade de perguntar porque cargas d'água demora-se uma semana para confeccionar uma carteirinha tão peba num sistema tão moderno, informatizado, etcétera e tal, mas tenho medo que me expulsem do clubinho), peguei meu primeiro livrinho - que foi devidamente devorado ao longo do final de semana.
E então eu, esta moça zen, nada nervosa, ansiosa e tal, acabei acabando (eu sei que vocês detestam, que não se escreve assim, mas eu adoro, adoro, adoro) o livro no domingo.
Domingo a biblioteca não funciona.
Muito justo.
Tem uma caixinha de devolução "feito a blockbuster", me disse o atendente. Eu nunca usei caixinha da blockbuster, nunca fui sócia da blockbuster, mas não disse isso pra ele com medo de ser expulsa do clubinho.
Comecei a me coçar toda.
Devolver mais cedo é mais honesto com os outros leitores, afinal, eu já li, não preciso mais do livro dentro da minha casa - até porque corro o risco de me apaixonar por ele e resolver incorporar o cara à minha coleção ou realmente esquecer de devolver pra biblioteca - mas, e se eu puser na caixinha e alguém pegar? Como é que eu vou provar que pus, de fato, o livro na caixinha? Eu não confio em caixinhas!
Foi meu dilema do dia.
Só não foi maior porque o porre da noite anterior, onde pipocaram mensagens bêbadas para quem eu não devia ter mandado mensagens bêbadas, dividiu espaço dentro desta minha cabeça ocupada.
Resolvi o dilema dizendo a mim mesma que eu deveria deixar de ser old school, caretona e desconfiada e confiar no raio da caixinha; que eu só poderia estar fisicamente no balcão novamente mais para o fim da semana e que isso ia privar uma pobre alma do prazer da leitura e não era justo.
Devolvi.
Do meu lado tinha um cara olhando a vitrine (sim, a biblioteca do metrô tem vitrine!), e, imediatamente eu pensei: "e se esse cara enfiar a mão ali dentro e pegar o livro?", que foi imediatamente substituído pelo: "será que amassou o pobrezinho?"; que foi substituído pelo: "vou ter que dar um jeito de vir aqui antes ver se o moço achou o livro direitinho senão não vou conseguir dormir o resto da semana".
Não tem jeito, não confio na caixinha.
Definitivamente sou do tipo que prefere gente para essas coisas.
Mas, tirando isso, não é um luxo?
"Documento com foto, por favor, senhora"...
(Odeio, odeio, odeio, mas hoje me chama de senhora todos os dias e assinalar que é 'senhorita' já deixou de pegar bem...)
...E a senhora aqui vai e tira a carteirinha da biblioteca!
Luxo!
Adorei!
Hahahahaha
Fora que, com livro, a senhora aqui vai praonde nêgo cavar o buraco na maior felicidade!
Não tem muita coisa ainda, mas eu recomendo do mesmo jeito. :)

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