domingo, setembro 9

Pedaço da vida

Foi um feriado libertador.

Consegui alcançar meu intento de descansar de fato.
Passei horas e mais horas e mais horas na minha cama, no meu quarto, com meus travesseiros e meus livros.
Consegui terminar um livro.
Eu já contei que, finalmente, estripei o segundo volume do russo? Já, né? Radicais livres... O fato é que, como a edição é quase pré-histórica, despencando e arrematada com vários pedaços de fita durex tamanho jumbo, não dá para ficar carregando de um lado pro outro como me é de costume; também me é humanamente impossível viver do lado de fora de casa sem carregar um volume com letras e palavras; assim sendo, tive que dividir a função da leitura mais uma vez. Um livro para o mundo, um livro para o travesseiro.
Nada demais nisso, mas a leitura fica mais lenta, e eu fico muito agoniada (eu preciso de ua agonia, uma angústia na vida, né?) de ficar lendo um mesmo livro por mais que uma semana. E, apesar de pequeno, ler o livro do Padilla não foi uma tarefa das mais fáceis para esta que vos escreve. Eu comprei o livro única e exclusivamente porque assisti a palestra dele na FLIP e fiquei meio apaixonadinha - a lista aí do lado não me deixa mentir, já li várias paixões de FLIP desde então - fui lá e comprei o livro no escuro. A trama é ótima e sem ela eu não teria conseguido levar essa leitura a cabo, visto que ela é ambientada num cenário de xadrez (que eu não saco pn de pn nem tenho interesse em vir a sacar, obrigada) e guerra (que eu bem deveria, mas confesso que não tem apelo nenhum pra mim ler sobre). Foi bom me apaixonar no escuro e ler algo que geralmente, se soubesse do assunto, não leria; mas a pilha de livros novos que me espera e pisca e rebola do lado da minha cama ou do computador já estava ficando apelativa demais aos meus olhos.
A bem da verdade, eu quero mesmo é acabar a história do russo e poder ler um livro só, me apaixonar por um livro só. Enquanto isso, lá vou eu pegar muito feliz e contente mais um livro fino, mas que deve ser divinamente bem escrito.

E eu preciso me apaixonar mesmo.
Pelos meus trabalhos, que andam meio parados.
Por uma casa. A nova. A minha. A sonhada. A esperada. E tão imensamente difícil de encontrar!
Por alguém.
Por mim, sempre. Porque acho sempre que sou menos do que dizem por aí que sou. Sempre.
Por outra pessoa.
Eu ainda estava presa a uma história e as coisas que aconteceram nela. Precisava dizer coisas dela, ouvir coisas dela, de mim, botar ela pra fora e encerrar esse capítulo de vez para poder tentar de novo de verdade. Precisava ouvir o que ouvi, dizer o que disse. Agora a sensação é de alívio, como se eu fosse uma escrava liberta, mas também de tristeza. Tristeza porque estes reencontros são sempre complicados, porque foi bom e porque eu preciso me sentir especial de novo do jeito que me sentia com ele.

Eu descansei.
Me libertei.
E estava aqui, pronta, cheia de saudades e de amor pra dar a quem mais importa nesse momento. Fico podre de felicidade com o amor da minha filha, com os meus amigos, tão queridos, por perto.

É foda, é duro, cansa, dá vontade de voltar pra barriga toda hora, mas também é bom pra caralho, sabe...?

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