sexta-feira, julho 13

Obsessão

Este post vai começar com uma frase que, para quem me conhece, é o que há em obviedade:
Eu sou uma pessoa obsessiva.
O Grande Lance é que essas obsessões, em sua maioria, são, vamos dizer assim, rotativas. E eu me refiro as Grandes Obsessões. Aquelas do momento específico de vida. Já foram homens, a filha, a destruição através de muitas noites de rock e biritas e por aí vai...
Pois então, de um mês pra cá mais ou menos começou a me dar uma coisa – uma coisa lááááááááá no fundo...
Eu comecei a perceber que existiam muitos, muitos, muitos livros no mundo. As pessoas escrevem sem parar!!! E eu não vou conseguir ler todos os livros que devo e que quero num espaço de uma vida. Nem que eu viva 200 anos.
Nem se eu largasse a faculdade, mandasse a minha filha morar com o pai e não saísse mais de casa nunca mais.
Nem se eu deixasse uma pilha de livros ao lado do meu leito de morte – existe uma crença de um povo aí que eu já esqueci qual é (ou era) de que você deve deixar ao lado do seu leito de morte aquilo que deseja encontrar assim que reencarnar.
É um pensamento caótico e aflitivo.
Eu me considero uma leitora ávida. Costumo ler mais que a maioria das pessoas que eu conheço. Com falhas de caráter; afinal, nunca li nada de Victor Hugo ou Dostoievski ou Proust ou... deu pra entender; ainda assim, me considero ávida.
Passou a fazer parte da minha compreensão de vida que eu não preciso escrever nada nunca na vida, porque já existe gente demais escrevendo coisa demais. No fundo do meu íntimo, num lugar lá escondido, sempre existiu uma vontade inconfessa – e que assim vai permanecer porque eu vou negar, não vou dizer em voz alta e se alguém perguntar eu digo que escrevi isso em momentos de dor e delírio – de ser uma escritora. Eu invejo os escritores; com sua inteligência, imaginação e domínio da língua, com a aura que eu acho que escritores têm; invejo. Mas não serei uma. Não só não serei como não preciso ser. Me faz bem ler e admirar essas pessoas.
Bom, fazia...
No momento, é angustiante olhar a pilha de mais de 20 livros que se ergue e cresce ao lado da minha cama a cada semana. É angustiante receber indicações, lembrar de clássicos, conhecer novos autores – escolher o próximo livro a ser lido.
Escolher o próximo livro!
Sempre foi fácil. Era pegar e ler. Hoje, não consigo me decidir por este ou aquele, pelo fino (que será lido mais rápido) ou pelo grosso (que vai me tomar o tempo de dois finos), pelo clássico ou pelo novo, o policial, o romance, o “de conteúdo” ou o fútil.
Ser uma leitora ávida nunca foi tão difícil.

Existe um bocado de ressaca de FLIP nesse meu desespero absurdo.
Foi uma experiência – para mim, pelo menos.
Sim. Experiência ponto.
Porque eu ainda não sei definir bem que espécie de experiência foi.
Foi maravilhoso, angustiante, maravilhoso. Saí de lá me sentindo uma das mulheres mais burras do planeta – com a minha obsessão latente latindo mais do que nunca.
Entrei numa livraria ontem e saí praticamente correndo quando olhei em volta e me dei conta da quantidade de coisas que eu quero ler.

Além de tudo é uma obsessão cara pra caralho.

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