quarta-feira, maio 2

Os Quartos de Hotel

Quando chegou ao quarto do hotel, lembrou-se da primeira das muitas viagens que andava fazendo ultimamente.
Naquela noite, ao tentar dormir na imensa cama de casal que lhe havia sido alugada maldisse as noites que já havia passado em claro assistindo aos programas de fantasma que tanto gostava.
Naquele quarto estranho, com um leve descascado na parede e um branco onde havia estado um quadro, tudo o que ela conseguia pensar é que teria visitas à noite.
Os programas a divertiam, as histórias de seus autores favoritos também, mas ela não fazia a menor questão de verificar se eram reais ou não.
Morria de medo de aparecer uma figura por trás de si no espelho do banheiro.
Ou descobrir algo morando nos armários.
De protagonizar aquela famosa cena onde uma força invisível puxa o lençol ou você recebe um abraço de madrugada de alguém que não deveria estar lá.
Em casa, no território que ela dominava e era mestre, nenhum desses medos a assaltava no nível que estavam chegando hoje.
Mas aquele quarto, era um quarto desconhecido.
Por mais absurdo que fosse, e apesar de seus cabelos brancos, achou mais seguro dormir com as luzes acesas.
Isso foi no primeiro quarto.

Desta vez, recebeu um quarto com três camas de solteiro.
Achou divertida a idéia de que pudesse ter companhias invisíveis. Apagou as luzes, sonhou como há muito não sonhava.

Acordou e encontrou as outras camas desarrumadas.

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