terça-feira, maio 1

É só um batom

É um batom.
Mas poderia, pela aparência, ser uma pequena lanterna. Daquelas que cabem no bolso, na palma da mão, que a gente usa em casos de emergência.
Dali sairia uma luzinha, não tão potente quanto a de uma grande lanterna, mas forte o suficiente para ajudar a achar o assento no escuro do cinema.
Poderia ser uma pequena lanterna, daquelas que quando acaba a bateria, você joga fora.
Made in Taiwan.
10 Reais no camelô.

É um batom.
Mas poderia ser uma pilha. De nova geração, que dura mais. Regarregável, talvez. Para sempre e sempre.
Com um novo design.
De um famoso e badalado designer.
Pela cor, público alvo feminino. Coisa do futuro.
Vida Jetsons.

É um batom.
Mas poderia ser um perfume.
Os melhores cheiros, nos menores frascos. Nunca mais cheiro de suor em jantares surpresa.
Sofisticação, madeira, flores e algo mais dentro de um pequeno frasco, vendido a um preço alto, disponível numa bolsa de mão a qualquer hora do dia ou da noite.

É um batom.
Mas poderia ser uma caixinha. Uma caixinha com formato diferente. Para guardar pílulas e pequenos brincos, quem sabe até um colar.
Para usar em viagens.
Esconder dinheiro.
Drogas ilícitas.
Caixinha prata multiuso.
Você compra, você escolhe.

É um batom.
Mas poderia ser um giz de cera.
Um giz de cera poderoso, lavável - para alegria das mães - de princesa ou Cavaleiro Jedi. Que soltasse cores e mais cores pelos papéis, pelas paredes, pelo mundo todo.

Mas é só um batom, no fim das contas.

Um comentário:

Amanda disse...

E ainda diz que não quer ser escritora ;-)