terça-feira, agosto 30

Esse fim de semana minha mãe se mudou.
De consultório, não de casa.
Mas, se a gente levar em consideração que ela passa mais tempo no consultório do que em casa...
...Enfim, fui ajudar.

Mudança quando a gente paga é aquilo, se você não tomar cuidado, os caras embalam você junto.
E ela estava há muitos anos no mesmo lugar, e não teve tempo para fazer uma limpeza prévia do que deveria ir ou não na mudança; resultado, cada caixa que se abria, tinha coisas do arco da velha.
E é na hora do entulho que a gente percebe que a mãe da gente está envelhecendo.

Ela anda com uma mania, que eu só percebi e se agravou desde que eu saí de casa, de cultivar coisas com prazo de validade vencidos. Tanto na casa dela, como lá, joguei algumas coisas fora à força. O pior é que ela usa as tais coisas...!
É uma praga de família passada geração pós geração de entulhação.
Não tiro o meu da reta - aqui em casa tem muito entulho. Tenho caixas que ainda não abri desde a minha mudança.
Mas os produtos vencidos...

Pensei cá com os meus botões e acabei expondo o medo que eu tenho do dia que ela morrer e eu tiver que fazer aquela "limpeza na casa dela". Nós rimos muito, mas ela confessou que também já pensou nisso.
Penso nos armários, nas gavetas dela e me dá um certo desespero.

No fim do dia, saímos, fomos a um balé.
E, em alguns pedaços ela dormiu quase que sonoramente.
Pensei que não era uma idade boa para fazer mudanças.
Que ninguém deveria se mudar aos 61 anos, se não fosse para A Casa dos Sonhos ou algo que o valha.
Mas lá estava ela.
Firme e forte.

Hoje penso aqui o Quanto ela é importante e me dá força nessa vida.
O exemplo que ela é.
Em tudo.
E o quanto eu realmente não quero fazer a tal limpeza tão cedo - com ou sem produtos vencidos.

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