sexta-feira, fevereiro 12

Mulherzinha

Apesar de todo meu discurso "mulher independente do século XXI", de repente me deu um acesso de fragilidade bizarro.

Eu estava estonteamente feliz por ter conseguido mudar os móveis - móveis pe-sa-dos - da casa de lugar sozinha e plenamente satisfeita com a minha autosuficiência...
...Aí, entrou um bicho, não sei bem qual, mas eu desconfio que era uma vespa, voando pela minha janela.
Grande, preto, alado, com um pusta ferrão no enorme traseiro e numa animação de dar dó à minha fóbica pessoa.
No dia em questão, eu usei o restinho que ainda existia do meu SBP amigo e companheiro no incauto bichão. Pra mim foi pouco, pra ele o suficiente.

Então, anteontem, uma tempestade caía na escaldante noite do Rio de Janeiro e... Outro bicho alado resolveu vir se refugiar bem no no escritório, onde eu TINHA que trabalhar!!!
Dessa vez não existia o SBP amigo e companheiro.
Eu esqueço de comprar muitas coisas até realmente precisar delas e a minha tia tinha me dado de presente um potinho com uma pomada de andiroba que fez das minhas tardes e noites no computador novas tardes e noites sem mosquitos famintos atacando as minhas roliças pernocas - assim, eu ainda não havia ido ao mercado.
O Universo me puniu por isso.
Fiquei aqui, com o coração aos pulos, correndo atrás do bicho voador, tendo em mãos a única coisa em spray que existia na casa - um desinfetante caríssimo.
Eu não sei se funcionou porque eu não achei o cadáver, mas a partir daí minha noite foi arruínada. Mesmo depois dos trovões terem silenciado, eu continuava meio que tremendo, dentro da casa escura e vazia.
Frágil.

Nesse meio tempo, outra lâmpada do banheiro queimou.
Mas essa não queimou queimada, queimou deixando o bocal da lâmpada muito bem atarrachado e, desconfio eu, enferrujado, lá dentro.
Ou seja, estou sem luz de novo porque nem por um decreto eu meto as minhas preciosas mãozinhas lá dentro.
Ou seja, mais um serviço pelo qual vou ter que pagar algum homem para vir fazer pra mim; o que me deixa deveras furiosa de ser tão mulherzinha dependente - ainda que eu afirme não ser - justamente por ser a quebra de todas as minhas afirmações a respeito de mim mesma.

E amanhã quem viaja sou eu.
Mais uma excursão com 2 malas e uma criança debaixo do braço em direção ao interior da minha, da sua, da nossa incrível rodoviária.
Eu não queria carregar malas.
Na boa.

Resolvi visitar a família do meu pai - mal de vez em quando necessário.
Tinha resolvido que não pintaria os cabelos ou faria as unhas até voltar de viagem, afinal, eles são minha família também, podiam muito bem ficar me vendo ao natural sem nenhum grande trauma.
Aí eu me lembrei que, sempre que eu volto, a família daqui quer saber todas as fofocas do povo de lá; e me toquei que a família de lá deve fazer um igual número de fofocas sobre a família daqui - foco na família presente ao local, ou seja, eu.
Saí correndo pro salão pra chegar lá impecável de dar, pelo menos, menos dois assuntos ao povo.

E então eu tive um ataque de saudades.
Daqueles que eu não deveria ter mais, mas ainda tenho e não consigo nem explicar, nem me livrar deles de vez.
Quando eu estava quase me convencendo de que já era mais que a hora deu tocar meu carro, parei para fazer as contas:
Um ano e cinco meses desde o último namorado de verdade, 3 meses sozinha (sendo que eu só fui realizar o fato há 2 meses e 2 semanas), nesse tempo todo (o um ano e tal) 5 dispenses e 1 cara que eu dispensei com muita dor no coração.
Então hoje, esse 1 cara, que ainda era uma esperança no futuro quem sabe, ao se despedir de mim me manda um abraço.
Um abraço?
Um abraço é coisa de mano.
É coisa de "você foi dispensado, estou pegando outra".
Tudo bem, não adianta chorar, fui eu que não quis e ainda andei fazendo pensamento forte pra que ele encontrasse alguém e fosse feliz, porque ele merece.
Eu sei, é egoísta demais de minha parte ficar triste com isso.
Muito feio mesmo - ainda mais se a gente levar em conta que eu tava com saudades malévolas de um outro peão.
O problema é que eu tô me achando muito mulherzinha desamparada, me apegando à coisas que não devia.
Mas juro, que no fundo, no fundo, eu desejo mesmo é felicidades.
E a gente tá parado nisso já há muitos meses; é bom mesmo que alguém vá embora.

Eu ainda acho que um namorado, namorado mesmo, não cabe dentro da minha vida agora.
Na verdade, eu posso dizer que essa é uma fase em que eu estou me preparando para a alguma coisa melhor que vai acontecer na minha vida; mas, no meio disso tudo eu lembrei e quis, muito, ter alguém pra trocar minha lâmpada, matar os bichos voadores, carregar minhas malas e massagear meu ego.
Mulherzinha dependente boboca e desamparada.
Não combina nada comigo...
Não mais.

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