domingo, outubro 4

Vida de Adulta

...Passava uma coisa qualquer na televisão quando eu me senti sentindo saudades de uma alegria plena que, ou não me acomete há muito, muito tempo, ou que eu nunca senti...
...Senti saudade de ter inocência, da vida descomplicada onde a maior preocupação é a prova de matemática e, por falta de maior compromisso, existia sempre uma festa americana planejada em coisa de meia hora...
...Saudade de quando achar que uma coisa era eterna era sinônimo de felicidade e não o despertar de uma furiosa vontade de chorar...

Quando me batem essas saudades, batata: TPM ou é Dia de Conta Pra Pagar.

Coisas extremamente simbólicas que me lembram do quanto eu cresci, encaretei, acabei ficando esmigalhada de afazeres e responsabilidades e preocupações. As mesmas que eu via a minha mãe ter quando era criança e não conseguia entender.
Mesmo hoje, entendendo, não posso dizer que entenda.
Porque eu não entendo e não gosto do preço alto que se paga pelos afazeres, responsabilidades e preocupações, que a gente chama de "liberdade".
Quanto mais preso a gente se sente, mais liberto - independente - também. E isso tudo é muito louco demais pra mim.

Nesses momentos, eu saio empurrando minhas pedras, resolvendo meus problemas, desfiando meus novelos...
Empurro aqui, resolvo ali, desfio lá e, quanto mais adulta e resolvida eu fico, mais eu sinto saudades...

Nesse final de semana eu fui lá, venci meus medos, tive um momento "Fome Animal", com direito a pus, sangue e um belo buraco pra enfeitar minha perna direita. Resolvi sozinha. Ainda que tenha chorado por horas a fio, dado chilique e gasto minhas parcas economias em remédios.
Muito adulta.
Muito independente.
Um final de semana em que fiquei de perna pra cima, sem andar, fazendo curativo em mim mesma e completamente sozinha.
O antibiótico de ouro cumpre a sua função.
Dois dias depois eu já posso andar sem dor.
A perna vai ficar boa.
Eu penso se existe a possibilidade do remédio estar curando outras coisas que eu nem se existem dentro de mim - e penso nisso como uma coisa boa.
A única coisa que o remédio não cura - insiste em não curar - é a saudade.

...Saudade de uma vida mais leve, despreocupada, feliz...
Completamente utópica.
E sem cura.

Um comentário:

Carla ღ Erthal disse...

pqp mulé, tu até que escreve direitinhuuuuu, kkkkkkkk.... sacanagem
adoooooooro suas crônicas crônicas...
hoje uma autora preferida pra mim

bjux