quarta-feira, agosto 26

O problema de agosto

O problema de agosto é que eu virei pisciana.
Sabe aquele papo de que, em alguma hora da sua vida, você vai passar a ser "comandada" pelo seu signo ascendente?
Então.

Comecei a desconfiar quando percebi que a Olívia chegava todos os dias em casa, me pedia biscoito, e eu não ligava. Porque, geralmente, eu faço uma pressão por uma maçãzinha, uma bananinha, alguma coisinha mais saudável e maternal - o que nem tem tanta importância assim, visto que a criança passa o dia no colégio só comendo coisas saudáveis - e eu passei a não fazer.
Depois, meu liquidificador quebrou. Eu preciso do meu liquidificador porque eu gosto demais de chegar em casa e tomar uma sopinha. Mas ele quebrou. E até hoje ele está quebrado.
Então uma das lâmpadas da sala queimou. Bastaria que eu fosse ao mercado e comprasse uma nova. De fato, já fui ao mercado um sem número de vezes desde que ela queimou, mas ela continua lá, queimada.
E aí, nesse tempo todo, passei algumas noites, zapeando em frente à tv, em noites que seriam livres e eu não saí por preguiça de me arrumar, sentada na minha poltrona de balanço, com os pés pra cima, enrolada numa coberta - o verdadeiro retrato da decadência humana e que jamais será visto por alguma outra pessoa que não seja a minha filha, que é uma pessoa que me acha linda não importa meu estado - pensando como seria bom se eu não tivesse que me levantar para ir ao banheiro.

Comecei a ler notícias no jornal que fugiam à minha compreensão - tive que pedir ajuda à minha mãe. Meus textos de semiótica se transformaram em algo próximo ao grego arcaico. Livro, tem mais de uma semana que eu não leio - o que é grave. Resolvi mudar o tema da minha monografia, mas, por enquanto, não tenho nada melhor para apresentar de objetivo do que "preciso me formar" ou justificar além de "eu gosto de livro".

Fiquei lenta.
Desliguei da tomada.
A vida fica mais calma, bonita e menos sofrida, mas tudo isso tá me atrapalhando.

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