sexta-feira, março 13

De repente, o sol volta a brilhar!!!

Tudo começou numa manhã modorrenta em que a nossa brilhante protagonista, depois de deixar sua animada e bela filha no colégio, chegou em casa e reparou que ainda tinha algumas horas antes de ser obrigada a sair e enfrentar o mundo feio e malvado. Nada que valesse a pena o custo destas horas passava na televisão.
De repente, ela sentiu uma coisa que não sentia havia muitos e muitos meses. Foi até o quarto de hóspedes, que, ao invés de pessoas anda hospedando uma enorme e ameaçadora pilha de roupas limpas a guardar e passar (a pior parte do trabalho doméstico, segundo ela), pegou um punhado de folhas de papel em branco, pescou lá de um fundo bem fundo sua caixa de lápis de cor de estimação (ela a possui desde os 15 anos) e, na mesa da sala, se deu o milagre! Pôs para fora, em forma de desenhos, uma história que estava rodando a sua cabeça ha alguns dias. Ela desenhou, coloriu, apagou, rabiscou...
Era um milagre porque ela tinha costume de agir assim quando era uma adolescente - fazia uma boa soma de tempo, alguns namorados, uma filha, duas faculdades e uma casa que ela não coloria nada; muito menos botava pra fora alguma história absurda e fictícia. As histórias que ela faz, colore, guarda uns dois meses, depois rasga e joga fora e não deixa nunca ninguém ver, mas que lhe dão um prazer imenso e são uma coisa que é só dela - é bom que a gente tenha algo que seja só nosso na vida.
...E ela desenhou, coloriu, apagou, rabiscou, por horas a fio...
...Aí ela lembrou de um "livro para colorir para adultos" que ela tinha comprado quando nem adulta era e que nunca tinha colorido, mas tinha certeza que estava guardado em algum lugar. Bendita mania de não jogar as coisas fora e entulhar tudo o que possa vir a ter alguma utilidade! Achou.
E coloriu, rabiscou... Até que os olhos dela,que já não são mais os olhos que ela tinha, começaram a ver coisas duplicadas. Ela piscava os olhos, pingava gotinhas, fechava um e abria outro - tudo para enxergar mais um tempo e poder continuar - até não conseguir enxergar mais nada MESMO.
Resolveu se arrumar e sair para enfrentar o mundo sujo, feio e malvado que lhe esparava lá fora; grudada num livro. Não era um livro que ela de-ve-ria estar lendo - porque ela tem muitos livro que deve ler - era outro livro qualquer. E, mais uma vez, ela seguiu até a visão embolar.
Quando chegou aonde deveria estar, se animou, escreveu, questionou, debateu, sentou e trabalhou. Alguma coisa naquele dia estava diferente.
Ela sentia que depois de um longo período em que as coisas não andavam, de repente elas começavam a andar a novo. E com os passos, as cores. As letras. As idéias.
A alegria.

Nenhum comentário: