quinta-feira, maio 15

Gastando as sete vidas

No meio das minhas reclamações, ponderações e decisões que eu não levo a cabo, ontem entrei de novo num 434.
Toda vez que eu entro no ônibus com a Olívia, passo ela primeiro pela roleta, sento ela e então vou pagar a passagem. Pela primeira vez a menina voou do banco e deu uma pirueta.
Já nesse início eu soube que a viagem ia ser barra pesada, mas, como eu sou um poço de teimosia, continuei dentro do veículo.
E o motorista continuou correndo absolutamente insandecido.
A uma senhora que teve peito de reclamar, exclamou:
- Quê que é, hein?!

Quando chegamos na Pompeu Loureiro eu já estava nauseada, mas me convenci de que era pouco chão, que era uma besteira saltar do ônibus e que ônibus não viram e batem com a facilidade com que o meu medo me ataca.

Na curva da Lagoa - aquela curva que me dá enjôo todo santo dia há anos, onde eu sempre acho que o ônibus vai virar - o homem ao invés de ir mais devagar, acelerou como se estivesse numa corrida de Fórmula 1. Desculpa, eu não sei dirigir (opção própria por ter medo de porrar o carro por aí e, de repente, quem sabe, atropelar a sua mãe, coitada), mas não é para a pessoa diminuir quando tem uma curva pe-ri-go-sa?
E, de fato, o ônibus quase virou. Bambeou seriamente pro lado e não foi minha imaginação. E o sujeito a-ce-le-ran-do.
Eu, que durante a semana, todas as semanas, só penso cá comigo dentro da minha cabeça "mas precisa correr assim?", "tem necessidade de correr assim?", "que pressa é essa, meu amigo?"; não me agüentei dentro de mim e soltei aquele berro:
- Vai devagar, moço! Tá correndo demais!
Não gosto quando eu grito desse jeito porque a Olívia fica com medo e eu não sou muito fã de disseminar o medo na criança, mas gritei.
O sujeito riu e... acelerou!!!
Depois de me deixar no ponto, dando uma parada daquelas em que o passageiro é praticamente cuspido de dentro do veículo com ele ainda em movimento, ainda furou o sinal vermelho sem a menor preocupação com as pessoas que atravessavam.
De pernas bambas e quase fazendo xixi nas calças, prometi a mim mesma que nunca mais pego um 434 enquanto houver algum resquício de sanidade na minha mente.

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Só tinha visto um motorista tão possuído assim uma vez que fui à Niterói (sim, até eu já fui à Niterói) e estava lá suando dentro 996, que chacoalhava freneticamente, quando um velhinho vinha atravessar a rua e o motorista soltou uma gargalhada digna de vilão de filme (MUAHAHAHA) e acelerou pra ver se o velhinho escapava.
Escapou.

Que nem eu.

Amém!

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