quinta-feira, março 20

Altos!

...Mas isso tudo quer dizer, então, que eu vou pôr correndo TV a cabo ou internet no meu novo lar? Não.

Neste primeiro mês, tive acidentes domésticos traumatizantes a cada semana.

Logo no primeiro final de semana, domingo de chuva, dia de Oscar, estávamos nós dentro de casa quando eu levei minha filha ao banheiro, apertei a descarga e ela saltou em cima de mim! (A descarga, não a filha.).
De repente a água corria ininterruptamente e o botão não encaixava de volta. O registro de água do meu banheiro, assim como a casa toda, é muito velho e só fecha na base da chave inglesa, artefato que não existe na minha casa. Amos e convenhamos que chave de fenda eu até tenho, mas chave inglesa é super pedir demais que exista na casa de uma mulher solteira, certo?
Eu gritava de um lado, o namorado de outro, a criança ficava andando no meio que nem barata tonta e a água rolando... Como ainda era o meu primeiro final de semana no latifúndio, ainda não tinha aquela bossa de ter algum dinheiro escondido em casa - coisa que, agora eu sei ser essencial, mas ainda não cumpri – então não podia nem chamar um serviço urgente 24 horas de socorro.
Depois de muita luta, o homem da casa conseguiu descobrir uma trava lá qualquer que parou o fluxo de água furioso e no dia seguinte fez a gentileza de levar o bombeiro lá para consertar o estrago.
Eu perdi qualquer fio de humor que tinha e a transmissão do Oscar de tabela.

Na semana seguinte, eu fui estrear minha nova velha máquina de lavar e, logo depois da primeira lavagem (por dia de lavanderia são 3 lavagens), comecei a notar uma poça de água que aumentava e tomava a minha cozinha lentamente.
Minha primeira reação foi “fudeu, o casco da máquina abriu!”. Ela é velhinha, era da vovó, tinha soltado uma ferrugenzinha amiga... Mas a água que estava lá dentro não descia e a poça aumentava. Eu botava folhas e folhas de jornal, todos os meus poucos panos de chão e a água corria...
E nisso deu a hora de levar minha filha pro colégio. Forrei a cozinha toda e fui – à beira das lágrimas. Rezando pra que conseguisse encontrar a casa não inteiramente encharcada. Na volta, a água estava na porta da cozinha, mas não chegou a molhar meu precioso sinteco novo. E eu subi no tanque, e eu fechei registro, e eu secava, e nada da água parar de escorrer. Mais uma vez, apelei para o meu lado mulherzinha dependente e liguei pro namorado, que, dessa vez, não pode me socorrer. Então lembrei do meu querido faz-tudo. Pedi peloamordedeus e em 15 minutos ele me dizia todo feliz que meu problema era uma mangueira furada. De 9 da manhã às 4 da tarde, eu tentei ser uma mulher auto suficiente e resolvedora de problemas. Fui vencida por uma mangueira; que denunciou minha total inaptidão para esses assuntos e foi devidamente trocada enquanto o Seu José tomava um café com a outra mão.

(Na mesma semana aconteceu uma obra debaixo, no sentido literal, da minha janela envolvendo o meu cano, mas, como me foi dito que o problema era do prédio e a obra seria custeada pelo prédio, eu agüentei a batucada intermitente dos martelos pelos 3 dias que se seguiram numa boa e fingi que o problema não foi meu de fato.)

Então, na semana seguinte, estava eu de novo no banheiro com a minha adorada, venerada, salve, salve filha quando, novamente, fui dar a descarga e... ÁGUA!!!
Jorrava! Dessa vez jorrava, em grandes quantidades, tal qual uma cachoeira selvagem aquela água infecta de trás da minha privada! Foi um susto tremendo, eu gritava, Olívia corria, eu sacava um pano e... parou. Foi só o tempo da descarga mesmo.
Fui ver o que tinha acontecido, e uma peça que eu nem sabia que existia, que eu nunca tinha prestado atenção ou pensava em conhecer tinha resolvido ficar solta, frouxa, broxa, bem na porra da minha privada.
Mais uma vez eu tentei solucionar o problema sozinha e, aparentemente, com meio rolo de fita isolante isso foi possível. Acabei com as cataratas.

A essa altura, você também já teve um flash e já sacou que o meu problema da vez é água, né? Ou era. Espero.

Por conta de todas as que passei antes de mudar, e essas aventuras aquáticas, eu não quero mais ter que mexer em nada dentro da minha casa. Nem consertar nada por tempo indeterminado. Nada. Nada.
Quando o rapaz do telefone me disse que para instalar o Velox precisaria passar um fio da minha sala até o escritório, imediatamente saquei que eu ia demorar a autorizar este serviço e fazer usufruto dele.
Assim como a TV a cabo. Não vou quebrar, nem mexer, nem consertar, mas vou ter que me submeter ao “nós vamos estar indo...” e eu já estou de saco cheio disso também.

Quero terminar de desencaixotar minhas coisas, arrumar minha varanda e descansar. Nem festa eu quero dar! Minha mãe já quer comprar móveis novos quando eu nem arrumei os que já estão lá. Minhas paredes estão nuas, coitadas. Não tem nem uma fotinha pendurada em lugar nenhum.

Não troco, não conserto e não mexo.
To de altos.

Sacou?

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