segunda-feira, outubro 21

Já tive uma filha, já escrevi um livro e plantei uma árvore.
E metade da minha vida já passou.

Ainda assim, falta muita coisa.

Ando profundamente cansada.
A primeira crise de choro veio no meu aniversário.
Agora, tem vindo sempre.
Essa semana senti claramente o cansaço. Percebi que não quero mais um ano como esse.
A estória se repete há anos.

Renata está sempre sozinha, sai com os mesmos caras, quando se apaixona toma no cu. Carrega a grande mágoa de não ser o amor de ninguém.
Renata passa o ano lutando contra a balança. Emagrece um pouco, engorda um pouco e, no fim, acaba mais gorda que no ano anterior apesar de todos os esforços.
Renata estuda. Sempre procurando alguma forma de não ficar parada, usar sua inteligência e melhorar o currículo na tentativa de arrumar um emprego e ajeitar a vida.
Renata corre atrás de emprego, preenche formulários, faz entrevistas, mas, de alguma forma, nunca é chamada.
Renata faz malabarismos com dinheiro. Tenta fazer o dinheiro dar, é a Rainha da economia doméstica.
Renata limpa tudo sozinha, já que não tem dinheiro para chamar uma faxineira. Por ser pequena e a casa grande, nada fica tão limpo quanto ela gostaria.
Renata cuida da filha sozinha. Resolve coisas de escola, de médico, de vida, moral e bons costumes. Levanta a cabeça e encara todas as pedreiras.
Renata não pode ficar doente.
Renata não pode ficar deprimida.
Renata tem que dar conta ainda de uma mãe, uma tia, um outro braço de família todo que já está ficando velho e ela tem que agradar.
Renata não pode ficar cansada.

Mas está.

E não aguenta mais esse ciclo.
Acabou o saco, acabou a saúde pra isso.

Renata está muito cansada.

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