terça-feira, outubro 23

Tem chovido um pouco aqui e um pouco ali.
A essa altura eu já deveria ter comprado um guarda-chuva novo - o meu está moderadamente quebrado e o da criança sumiu no meio da bagunça que impera no nosso lar.
As semanas têm sido frenéticas.
Pequenas vitórias a serem comemoradas.
Uma passada de vassoura, dias de academia, um freela mixuruca que vai cobrir parte do rombo orçamental, uma meia dúzia de palavras de alguém que sequer me diz bom dia.
Lá fora raios e trovões se fazem presentes e anunciam a tempestade.
Acho bom que ela caia hoje.
Nos últimos meses a vigilância sobre a previsão do tempo é uma companheira constante.
Neste momento, um enjôo significativo toma conta do meu ser a cada avião que passa voando por cima da minha casa. Tudo que consigo pensar é como estaria eu, dentro do pássaro de ferro, se uma tempestade se fizesse anunciar.
A última viagem foi desconfortável.
Apesar de pouco balançar, do dia não estar feio, tudo o que eu queria era descer logo dali, sair de lá de dentro.
Se um trovão estourasse ao meu lado, com a força que estourou agora lá do lado de fora, talvez, provavelmente, nem os poderosos e milagrosos calmantes seriam capaz de me trazer paz de espírito.
Penso em cada uma das pessoas que têm medo como eu.
Que o que mais desejam é pisar em terra firme e ver os filhos, amantes, maridos e namorados.

Não tenho pensado em amantes, maridos e namorados.

Tenho pensado em contas correntes, trabalho e compras de mercado. Juros.

Todos subjugados pelo som ribombante que vem lá de fora e passa mais alto, cheio de outros sons, a cada vez ou outra.

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