segunda-feira, abril 28

Mudança

Tá. Mudança.
Toda mudança exige adaptação.
Por mais que eu já tome banho no banheiro achando que o banheiro já é meu há muito mais tempo do realmente é, por mais que eu já dê uma circuladinha ou outra despreocupada sem roupa pela casa, por mais que a minha cozinha seja meu santuário...Por mais que tudo isso, não posso dizer que já esteja 100% adaptada.
De vez em quando, coisas me fazem falta.
Não só as materiais. Acho que precisar me privar de certas coisas pode vir a ser muito pra mim.
Mas de pessoas.
Por um lado, eu me sinto tão feliz e tão bem na minha casa que eu simplesmente não tenho vontade de sair de lá. Mas, por outro, houve um tempo em que querendo ou não eu saía de casa para ver outras pessoas. Eu ainda não estou certa de se isso é velhice, se é normal, se faz parte do “ficar madura e responsável”.
De qualquer forma, tive um ataque esse final de semana.
(Final de semana sozinha, playground do diabo!)
Me deu uma saudade, mas uma saudade imensa de vários amigos, muito amigos, pouco amigos, só amigos que eu tenho nessa vida. Sexta à noite eu olhava pro celular e queria ligar pra todos, abraçar todos, saber de todos. Ontem ouvi várias músicas que me lembravam dessas pessoas e dos tempos em que a gente andava junto e era muito feliz mesmo quando estava triste.
Eu continuo feliz mesmo quando estou triste. Aprendi que tudo tem jeito nessa vida e que a gente tem super que acreditar naquele clichêzinho básico do “tudo vai dar certo”.
A pior mudança de se adaptar, não é a de espaço, a dos móveis, a de bairro, de responsabilidades; é a do tempo.
Eu sinto muito.
Sinto muito, mas hoje eu já não saio mais para as boates da moda porque, a meu ver, não existe nada que eu possa querer conversar gratuitamente com uma pessoa anos luz mais nova que eu e que não combine em nada comigo. Eu vou às boates hoje e me sinto a “tiazinha” do rock. Passou, sacumé?
Sinto muito, mas eu não tenho mais pique para ficar dançando ou zanzando por lugar nenhum até amanhecer, estou ficando bêbada com a terceira cerveja e voltando automaticamente pra casa depois da sexta porque passei a ter horror de ficar de ressaca (depois de uma certa idade, você esquece as coisas e a sua cabeça dói como se tivessem deixado aquela bigorna de desenho animado cair bem em cima do seu crânio).
Sinto muito, mas eu aprendi que amigo de bar é ótimo no bar, mas não presta para absolutamente nada fora do bar, que teve um tempo que eu deixei meus amigos de verdade de lado por eles e que nunca deveria ter feito isso.
Sinto muito, mas eu tenho contas a pagar e uma criança para criar, então não posso gastar rios de dinheiro em birita, nem fazer mais strip teases na rua ou pegar conduções sinistras para lugares longínquos e sinistros de bobeira.
Sinto muito, mas, na verdade, quando chega a noite eu quero silêncio. Ouço rádio baixinho, tv baixinho, essa coisa de som alto no cérebro é para pessoas jovens, as velhas ficam nervosas, não se amarram muito. Eu achava que era um mito, mas é real.
Sinto muito, mas multidão suada se espremendo, me espremendo, alegre e feliz no meio de uma densa cortina de fumaça não exerce mais o menor apelo junto a minha pessoa. Eu, que fumo, fico desesperada hoje em dia para jogar as minhas roupas fora depois que freqüento esses lugares.
Sinto muito, mas eu sou deveras educada para viver em sociedade.
Nunca achei que eu fosse ficar assim. Pelo menos não tão cedo. Nos últimos 3 anos, eu mudei de tal forma, que quem via por aí e conversava comigo na rua, hoje não pode mais dizer que conhece. Talvez tivesse que ser mais tarde, mas quer saber...? Eu não ligo.
Ligo pra muito pouca coisa hoje em dia.
Feliz ainda que triste.
Tudo vai dar certo.
Só tenho que correr atrás dos abraços que eu estou devendo por aí...

Um comentário:

Fabíola disse...

legal seu blog e você escreve bem!