terça-feira, janeiro 16

Promiscuidade cultural

Eu preciso escrever.
A gente pode até dizer que, o que eu preciso escrever, será meu primeiro trabalho por encomenda que não uma redação escolar.
E aí fiquei eu aqui pensando que assunto abordarei, que introdução farei...
Cheguei à conclusão de que, pessoas como eu, que vivem de cultura - e por isso não quero dizer que ganham dinheiro com ela, porque eu não ganho ainda, só gasto - são absurdamente promíscuas.
O que é viver de cultura?
É se alimentar, às vezes no sentido literal, de livros, discos, filmes; enfim, material cultural.
E porque somos promíscuos?
Porque quem vive assim, não tem um escritor favorito; tem uma dúzia.
Não tem um cantor/banda favoritos, não tem um filme, ator ou diretor favoritos.
Em uma semana, todos estes seus favoritos mudam.
Se combinam e se misturam conforme sua fase de vida, sua companhia, sua vontade.
Esta semana mesmo - mais precisamente no espaço dos últimos dois dias - passei de um Garcia-Roza (que eu gosto, é um bom escritor e pessoa interessantíssima, mas que sobre o último livro eu ainda não sei opinar lá muito bem) para um Neil Gaiman (que, para mim, é um ser iluminado, capaz de escrever contos de fadas modernos que eu gostaria de escrever, de pensar como ele). Semana passada estava deliciada aqui com as desventuras das moças solteiras na casa dos 30. Isso é de uma promiscuidade literária absurda!
E só posso, na verdade, me referir a este caso; meu dvd continua refém da Cinderela (que já anda me irritando um pouco porque eu estou começando a achar que falta culhão naquela garota) e meu aparelho de som também foi raptado por uma mãe.
Mas, pensando, pensando, quem vive de cultura não é nada fiel, vive aberto a novos "casos de amor"; novos escritos, novas histórias, novas coisas novas - até de seus casos mais antigos.
E essa falta de fidelidade é uma coisa maravilhosa!
Não vai me servir para o que eu preciso agora, esta reflexão toda, mas serve para aconselhar quem é de casa, que neste caso em específico, ser promíscuo é maravilhoso e não traz problemas futuros. Só ganhos.

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