Apesar de bem educada e fina para uma série de padrões, eu sei - e cultivo com carinho - que tenho uma alma cafona.
É mais uma das coisas que considero como um certo desvio de caráter meu.
Acho pobreza uma coisa deveras romântica quando é vivida em nome do amor - nessas horas eu não levo em conta as brigas futuras, ou o futuro propriamente dito; e isso, por si só, já explica bastante coisa. Acho pé sujo o que há em termos de comodidade e charme. Acho chiquérrimo renda de sutiã aparecendo no decote e sou fã ardorosa de tamancos bem altos. Meu sonho é ter uma casinha num subúrbio qualquer, porque eu acho lindo.
Mesmo assim, às vezes, eu me assusto um pouco comigo mesma.
Eu tive uma fase, há alguns atrás, em que a minha tara específica dizia respeito a anéis.
Muitos anéis. De cores e shapes variados. E então os anéis - até um então, um toque exótico no meu visual - foram crescendo de tamanho. Crescendo, crescendo... Até o dia em que eu esbarrei com a Elke Maravilha numa feira de moda (naquela época era moda e, sim, eu freqüentava) e percebi que, para que os meus anéis chegassem ao calibre dos dela faltava muito pouco. O susto foi tão grande que eu desisti dos anéis.
Até perdi vários.
Hoje, quase não uso.
Minha fase agora é de brincos.
Semana passada comprei um enorme, vermelho, que me deixa com uma certa pinta de pomba-gira excelente. Hoje, de repente, começou a me dar uma certa vontade de passar uma purpurina por cima do meu esmalte impecável; quando saí do metrô, voltando da terapia, me veio uma vontade enorme - tipo coisa de gente louca e compulsiva mesmo - de ir numa loja que tem aqui perto e comprar umas argolas inacreditáveis: cheias de pedras e sei lá mais que balangandãs pendurados.
Eu tentei lutar, comecei a perceber que eu comportamento está compulsivo no que diz respeito a aquisição de livros e balangandãs. Mesmo assim andei até a loja. A coisa tá tão séria pro meu lado que as meninas da loja já me conhecem, me cumprimentam na maior intimidade. Parei, olhei, analisei, olhei de novo. Resisti.
Fiquei me imaginando com aquelas coisas enormes e as unhas de purpurina.
Tá, ia ficar lindo.
Cafona, mas lindo.
Mas vai ser ainda melhor quando eu puder caber dentro de um shortinho de oncinha que eu vi na Atlântica para vender, não?
Eu me assuto um pouco comigo quando a cafonice fica over. Quando eu auto-denomino meu figurino de vestida de "Lili da Lapa".
Afinal de contas, eu sou uma moça fina!
Pôr freio na alma é uma coisa difícil...
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Enquanto isso, dois dias de retorno à dieta.
Morta de fome, me alimentando de coisinhas como cenouras, beterrabas, queijo minas - tudo muito saudável.
Ainda não estou certa se comemoro, por enquanto ainda é deprimente...
...Ainda que necessário.
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