terça-feira, janeiro 9

Mulher

Aí você, que obviamente está de conluio com a minha terapeuta, vai fazer a mesma pergunta que ela me fez hoje: tudo bem, Renata, muito bacana isso tudo, mas o que é que você está fazendo para você nestas férias?

Responderei com orgulho.

Estou me dando certos prazeres também.

O primeiro, é estar perto dos meus amigos.

Uma companhia constante é uma amiga que eu conheci no "colégio" (era segundo grau profissionalizante, logo, não era bem um colégio, além da nossa idade não ser mais tão tenra já nesse tempo), que descobri ser vizinha quase de porta e que se tornou uma amiga tão amiga que eu nem sabia há quanto tempo a conhecia! Ela se casou, mudou para Manaus, teve uma filha dois meses antes de mim e vem visitar os parentes que ficaram aqui nas férias de julho e dezembro. Eu fui ao casamento, estive perto quando a mãe dela faleceu, terminamos o "colégio", nossas filhas nas férias ficam as amigas mais grudadas e lá se vão 15 anos de amizade!
Fazer programas com as meninas têm sido uma ocupação prazerosa para ambas, sem contar as duas pequenas que dão berros da mais pura felicidade quando se vêem.

Depois de vários dias e vários bolos - segundo ele não oficias, já que não havíamos combinado nada oficialmente - consegui encontrar meu amigo aspirante a Glauber num almoço rápido, mas gostoso e cheio de saudades e outros bichos.

Depois de um mês de ausência sentida por conta das festas de fim de ano, também encontrei outro amigo, que tem sido um bom amigo e conselheiro desde que tornou a aparecer. Este é o amigo que me leva para sair, dançar, beber e me trata feito uma princesa; um amigo que anda cuidando de mim tanto o quanto pode. Que quando soube que meus homens nunca haviam me levado para jantar (fato) e que isto me deixava meio confusa quanto a um convite que andaram me fazendo, resolveu que em breve liquidará a questão. Que conseguiu me tirar da cama numa quinta à noite para uma noite deveras divertida me salvando, sem saber, de uma noite que eu não gostaria de ter.

Passei o ano novo cercada de amigos queridos.

Este final de semana migrarei para a casa do amigo que me faz mais falta nesta vida.

Passei o final de semana passado rodeada por familiares que me amam.

Estou me rodeando de pessoas que eu amo e que me amam também.

Depois, ando lendo.

Nenhuma novidade nisso, não?
Só este ano - ou seja, nos últimos 9 dias - já devorei a coletânea dos contos de "A vida como ela é" do Nelson Rodrigues (Amém!), tentei ler "Laranja mecânica" e me encontro atracada com a primeira dose literatura mulherzinha do ano ("Agora ou nunca").

Encontrar palavras para Nelson Rodrigues é quase sacrilégio.
Todos os contos são deliciosos; com a Copacabana que abriga todos os apartamentinhos mantidos para os casos extraconjugais; com o ideal de subúrbio onde todas as famílias respeitáveis e trabalhadoras moravam até que se dava alguma tragédia ou paixão alucinante; com as famílias em si, sempre cheias de perversões e segredos e defeitos tão maravilosamente humanos.
"Laranja mecânica" eu sinto muito. Na época deve ter sido um filme e tanto, um livro e tanto, para ter virado objeto de culto, que tem até uma ou outra coisa para pensar a respeito; eu, particularmente, achei uma grande bosta. Fico devendo essa.
Já a literatura de mulherzinha da vez está sendo deliciosa de novo. Rola uma identificação meio dolorosa com as duas personagens principais: uma que não consegue fazer e manter uma dieta e sofre com isso e outra que desistiu de se relacionar com os homens porque relacionamentos acabam em lágrimas e ela está melhor sozinha. Ambas com 31 anos. A história é em torno delas e de mais dois amigos delas, assim como das pessoas que entram e interferem e interagem com elas. Nada edificante, nada demais, só um romance gostosinho que eu tenho que terminar até quinta de madrugada para poder levar um livro novo e cabaçinho para a nova viagem - tenho medo do livro acabar no meio da viagem e eu ficar sem nada para ler.
O bom das férias é justamente poder me fartar de boas e gostosas leituras.
Tudo bem que elas acabaam de vez com a minha coluna, visto que nesta casa não existe um só lugar verdadeiramente confortável para se ler.

Precisa mais?

Tá bom. Ando me dando ao luxo de ir ao salão fazer as unhas toda a semana.
Vou fazer mais duas viagens - a deste final de semana que vem sozinha, inclusive.

Estão sendo boas férias.
Tranquilas.
Do jeito que eu ando querendo que a vida realmente seja.

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