quarta-feira, maio 5

Vem cá, dei licença?

Era uma pausa forçada.
De 20 minutinhos pra ler, dormir e descansar um pouquinho do já tão longo dia.
Cortesia do povo do escritório, que anda viciado numa piada que agora já virou velha e sem graça - toda vez que eu resolvo começar a trabalhar mais cedo para me adiantar e sair mais cedo para resolver outras coisas, eles me deixam de molho, ociosa, por algumas horas, avacalhando com os meus planos.
Enfim...
Toca o telefone.
Silêncio.
Depois do segundo "Alô", quando eu me toquei que era telemarketing...

- Alô, boa tarde!!!
- Boa tarde...
- A Dona Renata, por favor?
- É ela.
- Oi, Dona Renata, é a Marília da Editora Globo!!! Tudo bem?!? Está podendo falar ou está ocupada?!?
(E, não, eu não estou de sacanagem, Marília, minha amigona, exclamava a cada frase, contentíssima com seu emprego.)
- Tô ocupada.
- Ah, então eu ligo de noite, ok?!?

Eu desliguei o telefone estupefata.
Só faltou a mulher me chamar de Rê.
E eu pensando desde quando eu tinha essas intimidades com Marília, se eu tinha enviado um currículo, se ela tinha sido minha colega de jardim... Desde quando as pessoas têm essa intimidade comigo, caramba?

Semana passada, fiquei às turras com um livreiro muito mal educado que só foi me dizer que não tinha meu livro depois que eu efetuei o depósito. Foi uma animada troca de ofensas ao longo da semana.
Até que chegou um e-mail dizendo que eu não devia ficar preocupada que "ninguém ali queria meu dinheiro, não"!!!
Cara.
Pára.
Rebobina.
Que diabo de intimidade é essa com um potencial cliente?!?
Obviamente, descasquei o sujeito.
Que me pediu desculpas, mas, como é meu amigão, não depositou meu dinheiro de volta até agora - o que quer dizer que a gente ainda vai ter embates violentos pela frente.

Aí enquanto eu pensava nessas coisas, tinha um raio de um mosquitinho me voando.
E eu espantando.
E ele voando.
Escapando intrépido de todas as palmadas que eu dava no ar.
Aí eu fiz um filme novo pra Disney, imaginando aquele mosquitinho e sua mãe mosquitinha ensinando pra ele que se ele quisesse ser um mosquitão bonitão, ele ia ter que correr atrás daquele monumento de carne que circulava pela área deles e morder ela bastante. Claro que o mosquitinho sendo o herói do filme, conseguiu dar umas mordidas, enfrentou os perigos das mãos assassinas em voadas intrépidas e arriscadas. E não morreu!
Foi ovacionado pela Comunidade!
The end.
Aí eu pergunto: dei licença?
Que diabo de intimidade toda é essa, meu Deus...?

Nenhum comentário: