Quinta-feira é o dia em que todo o meu glamour acabou de ir pelo ralo.
As unhas gritam por uma manicure, as pernas desfilam com pontiagudos cabelos que insistem em sair pelos poros, por mais que eu os elimine religiosamente.
Já não uso mais sapatos.
Não existe mais pose nenhuma.
E então eu fui levar a criança ao seu último dia de escola antes das tão temidas férias.
O figurino era qualquer nota.
Um vestidinho bem básico, que deixa o "charminho de lavadeira" evidente, minhas havaianas que um dia já foram brancas e, exatamente por isso, são o paraíso na Terra em termos de conforto. Os cabelos, que também andam precisando de um bom corte, amarrados num coque porque eu tive preguiça de passar um pente e levar embora os nós da noite.
De quebra, a mochilinha de Hello Kitty pendurada displicentemente no ombro.
Eu ia fazendo planos.
Planos de me inscrever pela vigésima nona vez na academia e malhar feito uma louca assim que as férias da criança acabarem para queimar todas as besteiras que o fim de ano desfila na minha cara - de tentar, mais uma vez, chegar aos 40 com uma coxinha durinha, já que os 30 já passaram há dois e eu não consegui chegar lá ainda.
Planos de parar de fumar porque a criança anda me cobrando e eu quero ser uma velhinha que usa roupinhas de paetê dá docinhos coloridos para os netos antes de sair pro baile.
E aí passa um peão.
"Puxa, que pernas!"
Olhei pra baixo.
As varizes e os cabelos estavam lá.
As unhas hor-ro-sas.
O pernão.
Nessas horas, a humanidade ainda me espanta.
Muito.
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