terça-feira, dezembro 1

Essa Noite

Ao contrário do que eu esperava, essa noite eu dormi bem.
A filha longe, uma saudade que aperta o peito, o telefone que insiste em não tocar para que coisas não explicadas possam ser, outra prova de bambear as pernas, a preocupação com Natal vindouro...
Tudo isso me dizia que meu sono, que demorou bastante a vir, seria dos piores sonos que uma pessoa pode ter.
Mas eu dormi bem.
Tão bem, que levantei de estalo, achando que tinha perdido a hora da tal prova, para constatar que, mesmo tendo tido sonhos gostosos em apenas poucas horas, estava adianta ao relógio ainda em meia hora.
Assim como o sono, a manhã seguiu boa, tranquila.
Sem pernas bambas.
O horóscopo do jornal vem vindo horroroso nos últimos dias, o da internet elucida que estou com auto estima prejudicada e que deveria prestar mais atenção às minhas finanças do que ao maldito telefone.
Não deixa de ser um bom conselho - visto o Natal.
Joguei na Mega Sena de novo, e percebi o quanto até o padrão dos meus sonhos fez o favor de diminuir.
Nunca quis mansões, carrões... Uma casinha e muitos livros já bastava.
Hoje pensei que o que eu queria era só o suficiente para poder bancar duas coisinhas do dia a dia... Mixaria de sonho.
Percebo que meu corpo me pede algumas coisas.
Percebo que ando negando na maior parte do tempo.
Para cada coisa que eu dou a ele, são vários dias negando outras 3.
Percebo, não sem um pouco de dó, que ele vem se acostumando a isso.
Brinco de esconde esconde, bebo café demais, fumo demais, faço planos de ir ao cinema, penso que preciso começar a trabalhar, mas que queria mesmo era continuar a ler meu livro.
Às vezes leio coisas tão prazerosas que a vontade é continuar sentada dentro dos ônibus e ficar circulando a cidade por duas, três, quatro viagens...
Tudo isso porque essa noite eu dormi bem.

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