segunda-feira, fevereiro 16

O Carnaval Ruge!

Aí que outro dia eu tomei uma tremenda bronca de um amigo meu.

Ele é folião, sabe.
Folião daqueles que saem de casa na sexta-feira e só voltam pra casa às onze da noite da quarta-feira de cinzas.

Eu não sou uma foliã.
Quando eu era pequena pulava carnaval nos bailes da Associação Atlética Arealense e hoje vou a um bloco (pra ver se é nesse ano que eu consigo gostar) e um bailinho infantil por ano.
Há anos tenho um desejo não tão furioso de possuir e usar um daqueles sutiãs cheios de lantejolas que aqueles camelôes pebas vendem lá na frente da Help para usar durante a festança do povo e abalar Bangu. Também sonho, com saudades, em ter uma fantasia de melindrosa só minha para usar num baile qualquer. Os dois desejos esbarram sempre no fim da dieta eterna que não chega nunca e que se encontra em andamento - como em todos os anos.
Então, eu não me fantasio.
Minha ida ao bloco se resume a uma escalada da sobriedade a ebriedade ao longo de um quarteirão de um bairro qualquer e o bailinho... Até ano passado eu desconfiava que a minha filha não era lá muito fã dos bailinhos (apesar de ser usuária, em toda a glória do termo, de fantasias), mas ela anda aprendendo a história da Carmen Miranda e cantando as marchinhas, então eu já não sei como será este episódio esse ano.

Voltando ao assunto.
Estávamos eu e esse meu amigo comentando a proximidade do carnaval. Desde que eu passei a prestar mais atenção no mundo, quando eu me conecto a ele, posso orgulhosamente declarar que a minha vida já não é mais a mesma e eu virei uma pessoa muito mais escrota nas observações que faço.


- Fala sério, qual é a graça de sair andando espremido atrás de um bando de nêgo bêbado, suado, com o sovaco fedorento na sua cara, sem nem ouvir o que diabos tá sendo tocado lá na frente?
- Ah, é legal...
- Legal? Que que tem de legal nisso? Muvuca, sovaqueira...
- Você tem razão. Obrigada, Renata, você acabou de arruinar uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida...


Tadinho. Me senti malvada. Ainda argumentei que a intenção não era essa, que eu provavelmente também acabaria indo a algum bloco, que ele deveria aproveitar do mesmo jeito...
...Mas, sem entrar nos méritos antropológicos da coisa, eu tenho, ou não tenho razão?

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