Eu tinha uma presilha de cabelo.
Uma presilha de cabelo amiga.
Ela era daquela cor que as pessoas que sabem nome de cor chamam de "casco de tartaruga", seja lá o que for isso; prendia meus longos e parcos cabelos bem firme; tinha o tamanho perfeito - nem muito grande, nem muito pequena - e eu carregava para todos os cantos.
Se você é meu amigo, com certeza chegou a me ver com ela por aí.
Então essa presilha caiu.
Caiu, não. Praticamente se jogou da pia do banheiro. Como se eu me jogasse do alto de um prédio de...uhm...uns 6 andares, vamos dizer. Sem play e garagem, tá? Só 6 andares.
E nesse salto, a minha presilha perdeu um dente e um pedaço daquela paradinha do meio perto da mola que fazia ela ficar firme e retinha.
Ela já havia caído duas outras vezes.
Em uma, havia perdido um dente - no caso das piranhas, classe a qual a minha presilha muito fiel infelizmente pertencia, perder um dente é uma seqüela gravíssima. Em outra perdeu mais uma parada qualquer que fazia ela engasgar na hora de prender e me dar um certo trabalho para encaixar a bichinha no lugar.
Com esse tombo, eu percebi que, por mais que a gente ame as coisas loucamente e saiba o tamanho da falta que elas vão fazer na nossa vida, depois de um certo número de quedas, essa coisa que detém o seu afeto vai estar irremediavelmente quebrada. Primeiro vai estar doente, depois remendada, mas, em alguma hora, nenhum superbonder do mundo vai mais fazer efeito. Você vai ter que jogar o que está quebrado no lixo.
Vai sentir tristeza e passar meses procurando outra coisa que dê a liga que aquilo dava.
Hoje eu vou jogar ela no lixo.
Que nem eu fiz com tantas outras coisas antes que não podiam ser mais consertadas.
Não vou me importar com as frases bonitas, que chegam tão tarde; e vou procurar numa outra banca alguma outra coisa que possa enfeitar os meus cabelos, que hoje nem são mais pretos...
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