domingo, julho 22

E, de repente, 35.

O mau humor demorou a vir, mas veio.
O rewind de vida demorou a vir, mas veio.
Vieram os 35.

Foi um dia frio.

Tirando os abraços dos amigos de curso, foi um dia quase interminável, bastante triste.
Não estava na minha cidade, não estava com a minha família; estava só, longe, amargando a hora da volta.

No metrô algumas lágrimas teimaram em vir.

No aeroporto, porém, eu não era a única só.
Aeroportos sábado à noite são o perfeito retrato da solidão, da urgência e da angústia de voltar para casa.
Estava lá no rapaz que se despediu de seu rapaz aos prantos, na moça que passou uma hora dividindo a vida dela comigo, me fazendo companhia - uma companhia abençoada, um exemplo de vida - nos cantores famosos e seu entourage que atendiam passantes sem jeito para depois se sentarem de cabeça baixa, nos grupos familiares que bebiam chopps supervalorizados para matar o tempo.

O mundo é lindo iluminado lá de cima, mas mais lindo ainda foi voltar, chegar em casa, soprar uma vela e receber abraços de quem importa.

Os amigos guardaram tudo para hoje.
Ele avisou que não vai.
Melhor assim.

Pensei um pouco, reclamei um pouco, deprimi um pouco, mas é isso; 35.
Não deu para gastar muito tempo pensando em tudo que não deu certo até aqui.
Até aqui, pago o preço pelas minhas escolhas de vida e não me arrependo.
E nada na vida é de graça, sem preço.

Daqui pra frente, que venham mais 35.
Não vou lamentar a velhice, a falta de grana, a falta de amor, vou celebrar aquilo que tenho, que conquistei em 35 anos e me fazem ser quem e como eu sou.

Feliz Ano Novo pra mim.

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