domingo, janeiro 13

Sobre a Idade... (De novo) (Ainda)

(Ando meio aficcionada.)

O Grande Lance é você descobrir como você vai ser quando ficar velho.
É mole. Aprendi bem antes de ficar grávida, quando via aquelas mães cheias de sacolas, com crianças penduradas debaixo do braço e achava o máximo da falta de glamour. Não deu outra: fiquei igual, se não pior.

Aí eu fico vendo a minha mãe, que está chegando aos 60 e diz que agora pode fazer o escândalo que ela quiser no mercado porque ninguém vai prestar atenção numa velha louca, e que isso é libertador.

Aí, outro dia eu estava num ponto de ônibus. Devia ser o Dia Oficial de Cuidar das Dorzinhas de velhinhas no Rocha Maia porque eu nunca tinha visto aquele ponto de ônibus tão lotado numa manhã de sábado. Enfim, na primeira leva chegou uma velhinha daquelas que usa guarda-chuva de oncinha, que imediatamente abordou um pobre de um rapaz que com certeza estava indo pro trabalho e começou a fazer um discurso anti-tabagista daqueles que começam a me dar coceira no pulmão - como todo tabagista que se preze, diga-se de passagem. No meio do "eu fumava não sei quantos cigarros por dia", chega um casalzinho, daqueles que vivem a vida toda juntos, sabe? Ele, com um tapa olho, ela, conduzindo ele e... fumando um cigarro! Eis que a primeira senhorinha se vira pra outra e diz: "Á, lá! Outra fumando! Larga isso, minha filha, que faz mal!". Tipo uns três minutos depois, quando o casalzinho já estava do meu lado eu ouço o senhorzinho esbravejando do meu lado: "Ela disse isso??? Quem é ela? Ela te conhece? Que intimidade ela tem com você com você para dizer isso? É ela que paga o seu cigarro?". Revolta profunda. Eu estava só me divertindo e quase acendendo um cigarro também pra pôr mais lenha na fogueira quando o ônibus chegou e eu fiquei sem saber pra sempre se o senhorzinho de tapa-olho sentou o cacete na senhorinha do guarda-chuva de oncinha.

O lance é: guarda-chuva de oncinha é cafona, mas eu só não uso desde já porque ainda não comprei, não consegui romper esta barreira minha comigo, mas aceito de presente de bom grado e, certamente, quando chegar à idade dela, vou usar.
Hoje, acho de um tremendo mau gosto se meter na conversa e na vida alheias sem ser convidada (excetuando-se quando a conversa é entre pessoas conhecidas, claro), mas, vai saber... Minha filha vai crescer, vai sair de casa e ter a casa dela, vai cagar apara aa velha mãe, que vai ter que se ocupar dos vizinhos e de se meter na vida alheia, certamente.

De repente, cada vez que eu me deparo com algum tributo medonho à cafonice e ao mau gosto - e isso me incomoda - passei a pressentir que o meu futuro, que a minha velhice, será de um negrume sem igual. Eu já tenho um pé na coisa. Com 20 anos era muito hype ser cafona, dos 30 aos 40, predomina o cafona de luxo; mas depois dos 50 a tendência é ladeira abaixo.

Tem meses que eu ando com uma vontade quase incontrolável de comprar um argolão com contas coloridas penduradas, bem estilo "Caixa do Mundial" (estereotipando e sendo preconceituosa, sim), mas aos 30 isso ainda é controlável. Se eu tivesse 50 provavelmente já tinha comprado uns 3 pares.
E andaria de lenço com bobs na rua.
E tamanco 7 de salto de madeira.

Vai me dizer que a velhice não é assustadora?
Vai me dizer que eu não tenho motivos para me preocupar?

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