...E já fazem 12 dias que O Ano Novo começou.
Ao mesmo tempo, parece que tem muito mais que 12 dias.
É senso comum pela Cidade do Rio de Janeiro, que o ano só começa "de verdade" depois do carnaval - este, por sua vez, já se aproxima a passos tão largos que eu fico um pouco assustada quando ando na rua e começo a começar a perceber as fantasias penduradas nas portas das lojas - além do mais, teoricamente, é tempo de férias.
Mas, isso, colega, é na casa dos outros. Na minha e nas casas das pessoas do meu círculo de amizades, tudo isso é ba-le-la. A gente nunca correu tanto.
Esse ano não tem viagem de férias; também não tem colônia de férias, que ela bem já pode, mas quem não pode pagar sou eu, que cada vez que piso na casa nova gasto uma fortuna com pequenos detalhes dispensáveis, absolutamente indispensáveis.
A mudança vai a passos pequenos. Perdi meu único ajudante (ainda que por uma boa causa) e descobri que o Maior Mistério da Humanidade pra mim, no momento, é: Como as Pessoas Conseguem se Mudar e Eu não???
Porque eu não consigo terminar!
Tudo bem que eu fui entrar numas de pintar a casa inteira, encorajada por aquelas comédias românticas xexelentas de hollywood e alguns amigos intrépidos, por assim dizer. Tudo bem que existem lugares que eu, de fato, não alcanço e preciso de ajuda - além de tudo, esta casa está fazendo maravilhas com a minha auto estima: nunca na minha vida me senti uma pessoa tão baixa. (Sem trocadilho.) Tudo bem que eu estou com a filha em casa de férias, que foi proibida pelo pediatra de ir me acompanhar às seções de pintura, o que me deixa dependendo de quem e quando alguém pode ficar com ela pra mim.
Aprendi a minha lição.
Da próxima vez, vou contratar peões. Dois de uma vez. Não! Quatro!
E vou ganhar bastante dinheiro processando os estúdios de hollywood pra poder pagar a colônia de férias.
Na verdade, eu acho que deveria fazer parte de alguma aula no colégio isso. "Como se Mudar em 10 lições". "Como conseguir ajeitar uma casa". "Como usar o faça-você-mesmo e sobreviver".
Pra mim, é um Mistério.
Cada vez que eu paro e penso, vejo que tem mais coisa pra ajeitar antes de ir.
Mistério...
Então eu me dedico a isso. Da melhor maneira que posso e quando posso.
Afora isso, ainda existe uma criança de férias em casa.
Uma criança que quase me fez empacotar de desgosto pessoal comigo mesma (é pra ficar bem claro) quando acordou um dia semana passada e me perguntou: "Mãe, pra casa de quem que eu vou hoje?"; mas, que, mesmo assim, hoje, com o sol senegalês que fez, foi absolutamente incapaz de me tirar de casa, coisa que, a esta altura, já está me fazendo retorcer de culpa e deverá ser muito bem recompensada amanhã, se eu bem me conheço.
E haja criatividade para os dias em que eu tento compensar!
Afora isso, um namorado lindo que merece um monte de atenção, um jeito, uma brecha, qualquer coisa.
Afora isso, eu, né?
Eu que fiquei a Mais Esquecida no meio dessa história toda.
A sobrancelha está uma coisa de medonha, mas não tem me sobrado nem ouro, nem tempo para dar um jeito nela; as unhas, cobertas de esmalte de parede e nem adiantam ser pintadas porque eu ainda preciso pintar mais; os cabelos: grisalhos -ainda não decidi o que vou fazer com eles.
Ou seja, em Estado de Calamidade Pública.
Resolvi me dar de presente essa semana uma saída com os amigos.
Claro está, que o Universo está conspirando e três dos que eu mais queria ver não apareceram, mas tudo bem. Eu precisava ver gente, precisava encher a cara, precisava dançar.
Fiz tudo isso e...
...E aí a idade é uma merda.
Você se pega conversando com a filha do seu namorado dizendo que "ela ainda é novinha", resolve dar trepadas violentas e depois precisa tomar uma dúzia de comprimidos porque ficou com uma dor escrota na coluna, e; sai de noite, e em vez de relaxar, cair de beber e chegar em casa com o dia nascendo, como quando você tinha 15 anos, resolve olhar no relógio sem parar e chega à conclusão de que a hora tal já é tarde demais e você precisa ir porque tem que levar sua filha ao médico na manhã seguinte - coisa que você faz, com o maior bafo de cerveja de ontem, mas cheia da responsabilidade - e ainda passa um dia inteiro amargando uma ressaca violenta por 6 horas de saída.
A idade me trouxe uma certa (eu disse "uma certa", hein) sabedoria, me deixou mais bonita (salvo esta semana), está me dando coisas e prazeres supimpas, mas também é a Mestra em estragar toda a diversão da coisa, viu?
E, em dias como hoje, eu fico meio saudosa daquela idéia de uma viagem de férias pro Caribe, que tem anos que não é Caribe, é Araruama; e este ano nem isso vai ser.
2008, hein...
Começou.
Assim, entende?
Simplesmente começou.
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