domingo, fevereiro 12

Agora a pouco estávamos eu, minha mãe, minha tia (duas idosas) e Olívia (uma criança) jogando peteca na Praça do Bairro Peixoto. Nos divertíamos tanto que as lágrimas caíam dos nossos olhos de tanto rir. De repente, a peteca caiu no chão. Antes que alguma de nós tivesse a oportunidade de pegar, uma senhora com duas vezes a minha largura e duas vezes a minha altura – “maluca” notória da região, segundo a minha tia – se levantou como um raio, pisou em cima da peteca e ficou nos olhando com uma raiva inacreditável.
Ela deu uma cuspida no chão, tirou lentamente o pé de cima e seguiu chutando a peteca até debaixo de um carro que estava estacionado a uma certa distância de nós. Feito isso, sem tirar os olhos de nós por um segundo, entrou no seu carro e foi embora.

Tanto pelo tamanho da pessoa, como pela fama, ficamos engessadas de bocas abertas só olhando. Olívia começou a chorar um choro de cortar em 40 qualquer o coração de qualquer pessoa que possua um. Ninguém na Praça – lotada no momento – sequer esboçou reação.

Como mãe, fiquei morta de raiva – após a perplexidade – mas não pude incorporar o chiuaua que existe em mim na certeza de que terminaria mal. Como pessoa, percebi como a vida pode ensinar coisas cruéis às pessoas quando elas menos esperam. Por que foi isso: crueldade, maldade pura; vinda do simples fato de nós estarmos mostrando abertamente uma coisa chamada felicidade.
Eu tenho pena de gente assim.



No fim, o choro parou, após promessas de uma nova peteca. Pra mim, a certeza de que podem esmagar 40 petecas, por que é pouco pra matar felicidade.

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