"Renata, você é linda."
Em meio a todo o furacão emocional que já estava instalado, positivo e operante, num momento em que tudo eu me acho é nada parecido com isso; essa frase teve mais poder de desestabilizar o que já estava caótico do que se o próprio objeto de afeição a tivesse pronunciado.
Foi uma das frases mais importantes ouvidas por estes ouvidos ao longo de todo este ano.
Vinda de uma boca que já foi todo o foco do meu desejo, da minha vida, em uma outra vida há muito esquecida... Uma boca que já foi todo meu tesão, minha tristeza, tantas e tantas coisas. Uma boca que eu acredito procurar até hoje.
O resto do que a boca disse eu não guardei.
Beijei avidamente a boca, me enlacei nela e no resto dela, mas não guardei mais nenhuma sílaba, e, ao invés de me sentir deslumbrada, feliz, enfim, linda no dia seguinte, o que pairava era tristeza.
Como é importante pra mim ainda hoje que essa boca me ache linda!
Como é possível palavras que cheguem tão tarde na vida?
Como é possível que elas tenham saído dessa boca e não da boca agora desejada?
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