quarta-feira, novembro 5

Fim de Ano - A Saga Recomeça ou Sofrimento Parental

Ano.
Período de 12 meses.
Assim que você se acostuma a ele, ele chega ao fim.
E fim de ano é foda.

Principalmente para quem tem filhos.

Primeiro vem o Dia das Crianças.
Data comercial; mas mãe nenhuma vai negar presente pra criança só por causa disso, certo? No meu caso, que tento ensinar que brinquedos caros são presentes feitos para ocasiões especiais, significa uma grande despesa.
Despesa que eu faço quase 100% feliz, porque eu tenho certeza de que a minha filha super merece acordar ou chegar no dia 12 de outubro e encontrar um dos brinquedos que ela tanto cobiça durante o ano embrulhado, para ela, dela.
Agora, 15 dias depois desta alegre data, nasceu a minha criança.
E aniversários devem ser sempre comemorados – ainda mais quando são da minha fabulosa e amada filha!
Agradeço cada dia de vida dela, mas a virada de mais um ano é literalmente uma coisa emblemática.
Ainda porque eu sou completamente apaixonada por ela e tenho certeza de que ela merece, procuro fazer tudo que eu posso para que a data seja inesquecível e deliciosa para ela. Festa, só de dois em dois anos porque a aporrinhação é imensa, depois porque um festão custa uma fortuna da qual eu não disponho.
Mesmo assim, qualquer festinha para meia dúzia de três ou quatro da família e alguns amigos, significa trabalho e novas despesas. Fora que nessa ela super se deu bem, já que, 15 dias depois de ter ganho um presentão, vai ganhar outros tantos.
Depois que tudo isso passou este ano – e eu digo tudo isso porque o planejamento, a pesquisa de preços, as compras, a poupança; tudo; começa bem antes dos eventos propriamente ditos e cansam bastante – eu suspirei e achei que ia ter algum tempo de descanso. Que poderia desopilar o corpo e a mente por algum tempo.
Ledo engano.
A mente anda muito ocupada com leituras nada intelectuais enquanto deveria estar construindo grandes paradoxos psicológicos para duas matérias que estão firmemente empacadas devido ao estado quase catastrófico em que ficaram os neurônios depois de tantas aventuras e preocupações.
O corpo anda recebendo passadas generosas de gel para pernas cansadas, porque eu não tenho mais 16 anos e fazer tudo que eu faço não é mole.
A mente anda tentando convencer o corpo de que açúcar é malvado, açúcar é ruim, chocolates são coisa do demônio, mas o corpo ainda não se convenceu disso, para minha infelicidade.
E ainda tem a carência, a crise de abstinência... Mas, não vou entrar nesse campo.
O tempo que eu tive, foi de uma semana para ficar dando voltas atrás do meu próprio rabo, que passou rápido demais, e, quando me dei conta, já é novembro.
Além dos lojistas me fazerem a grande contribuição de arrumar as lojas, os shoppings, a vida, para o Natal – a fantástica data simbólica do nascimento de Jesus Cristo lá em tempos distantes, em um lugar muito, muito distante, que hoje é comemorada em reuniões absolutamente excitantes em família; reuniões estas que, aviso, é de meu costume reclamar sobre freneticamente, mas depois adorar cada minuto delas, por mais qualquer nota que elas possam ser – que não só ainda demora mais de um mês para acontecer, como faz com que a minha pequena volte à carga dos pedidos de presentes como se não houvesse amanhã e ela não tivesse acabado de ganhar mais uma porrada de brinquedos novos. Assim, já sou eu uma mãe preocupada em guardar dinheiro para comprar símbolos do natal cristão para enfeitar a nossa casa, presentes não só para a pequena ambiciosa, como para o resto da família e um ou dois amigos mais sortudos.
A simples visão de um Papai Noel já está me deixando com torcicolo.

Como se não bastasse tudo isso, já é novembro.
O que também significa que eu estou em cima do laço para escolher uma nova escola para a estrela do meu lar.

Quando eu escolhi a primeira escola, existia tempo livre e hábil.
Pude percorrer coisa de quase 10 até me decidir pela que melhor cuidaria do meu bebezinho – que é o que ela era naquela época.
E foram 3 anos muito felizes.
Ela fez amizades, eu fiz amizades, senti muito carinho da escola em geral com ela, que é uma criança ,até aqui, muito bem orientada e feliz.

Mas, os anos passaram; nós nos mudamos, meu tempo – nosso tempo – é, cada vez mais, um artigo de luxo, a faculdade está quase no fim e um emprego é mais do que prioridade já há algum tempo, o colégio antigo é caro, fica longe de casa, a minha coluna está ficando em frangalhos e eu estou sempre exausta, e então, um novo colégio é necessário.
Cai por terra o meu desejo de não ficar mudando de colégio demais como foi comigo, me dá dói a possibilidade de pegar gosto pela coisa e fazer dela uma pessoa incapaz de estabelecer vínculos duradouros nas pessoas, mas a coluna ainda dói mais.

O primeiro passo é a apelação lógica da coisa: precisamos de algo que seja mais perto de casa e não deixe a desejar no conjunto de coisas que a escola atual oferece a ela.
E foi com esta idéia na cabeça que eu fui visitar a primeira escola esta semana.
Fiz questão de levar Madame Florzinha comigo para que ela também visse o ambiente e eu pudesse observar como ela ia se comportar dentro dele. E esta primeira nova escola me encantou!
Acabou sendo muito mais do que eu esperava, mesmo tendo ouvindo boas recomendações e tudo mais. O único problema é que mesmo o horário integral não cobre todas as horas que preciso e imagino que precisarei ficar fora de casa.

Para tirar a prova e poder ter um contraponto qualquer, ontem fui visitar a segunda escola que fica praticamente na porta da minha casa.
Dessa, que tem várias unidades e um nome bastante conhecido, eu esperava mais. Achei o espaço pequeno, ruim mesmo. Impliquei até com o atendimento que recebi por lá. Mas, esta tem um horário que cobre todos os meus supostos horários.

A questão é que, se eu puser ela na escola maravilha, muito provavelmente vou precisar pôr alguém dentro da minha casa, nem que seja só para buscar ela no colégio e dar o jantar. Sempre torci muito o meu nariz para empregadas e babás. O trabalho é meu. Eu que faço. Eu que sou a mãe. Não só é muito difícil arrumar alguém em que você possa confiar a guarda momentânea da sua criança, como eu também, quando criança, passei maus bocados com empregadas e afins. E ainda tem o detalhe que esta pessoa vai precisar ser paga por isso – o que significa mais uma despesa – e ainda vai ter que comer, usar a minha luz, meu telefone – o que também significam mais despesas. Uma pessoa dentro de casa pode muito facilmente passar de um luxo ou uma ajuda a uma coisa muito dispendiosa e difícil.
Fora o estrago que algumas horas por dia com a pessoa errada podem vir a fazer na edução suíça que eu tento dar à criança. Lavagem cerebral é uma coisa que super dá certo.
E aí, existe um colégio cujo o espaço não é uma grande maravilha, mas que tem um bom nome e a esperança de que, se ela continuar, uma casa maior e mais arejada que esta no futuro. Que o horário integral, puxado, cobre todas as horas que eu teoricamente precisarei – visto que a intenção é arrumar um emprego no próximo ano – o que significa que as minhas despesas fixas, que já não são pequenas e felizes, não aumentem tanto e eu não tenha que conviver com uma outra pessoa dentro da minha casa, pra comer, gastar, cuidar da minha filha e, ainda por cima, sem sexo!

E isso tudo sem falar naquela coisa que se chama matrícula, que é uma fortuna, que obviamente eu não disponho porque todas as contas são feitas na ponta do lápis e nunca sobra. Em quase 10 meses comandando um lar, é com muito pesar que observo que não consegui juntar um mísero centavo para despesas bisonhas feito esta. Já antevejo a compra de material e uniforme e o tempo que ainda vai levar para ajeitar algumas coisas de casa que eu queria e precisava.

De repente, ontem, me vi numa encruzilhada.
Sem saber o que fazer pela primeira vez em anos.
Tive que pedir ajuda pra mamãe, porque a criança diz que gostou dos dois lugares e nem tem a bondade de escolher para que eu possa dizer que foi ela que quis.
É muito difícil e doído escolher a quens você vai entregar a sua filha enquanto você termina de estudar porque não foi esperta o suficiente para fazer isso no tempo devido e agora precisa muito para poder arrumar um emprego maneiro que dê alguma grana e tenta começar a exercitar o binômio estuda&trabalha – ao qual você não tem lá muita certeza se vai sobreviver e já desencadeia uma enxurrada de sentimentos de culpa e saudade que só as mães têm quando precisam escolher e fazer coisas como essas. Uma solução vai ter.
Foda vai ser chegar nela.

E, quando o torcicolo atacar sem piedade, eu sempre posso pensar no Natal.
Hehe

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